Pesquisar neste blogue

terça-feira, 18 de outubro de 2016

O perdão é...



Foi em cima deste pensamento de Gandhi, ao pensar na sua vida e no modo como ele lhe deu os atributos humanos que fez dele um santo contemporâneo, que num assomo de clareza espiritual comecei por dizer que o perdão é a esmola do esquecimento quando pomos a render a virtude da caridade.

Assim, o perdão que damos ganha aos olhos de Deus a dimensão divina de que ele quis que fosse feito o barro que somos, o que nem sempre acontece porque ficamos muitas vezes presos à matéria e nos esquecemos da vertente espiritual que nos eleva e nos transporta acima das coisas banais da vida, que temos o dever de tornar diferente e mais sublime em cada um dos momentos que somos chamados a viver.

Amanhã, querido companheiro, que porventura estejas a ouvir esta reflexão e por ela te sintas espicaçado, usa o teu perdão esquecendo as ofensas que te fizeram, mas usa-o com o sentido da esmola da caridade que te é pedida.

Se o fizeres deste modo e o teu esquecimento for um acto profundo da tua vontade, podes crer que subiste um degrau para cima e passarás a ver os outros homens não com o olhar sobranceiro daquele que vê de mais alto, mas antes, com o olhar daquele que vê mais de cima - mais perto de Deus - mas estando no mundo à altura dos seus iguais.

Que o Senhor, que tem capacidades de nos fazer olhar assim, mais de cima com os olhos que nos deu semelhantes aos seus, nos dê uma santa noite e nos dê, amanhã a capacidade do perdão que hoje não tivemos.

E foi, por tudo isto que servindo-me da "Introdução à Sabedoria" de Juan Luis Vives, retirei do texto esta pequena migalha que completa sabiamente - a par das palavras de Gandhi - tudo quanto me sugeriu por em prática o acto de perdoar a quem nos ofendeu.

Sem comparação, é muito menor mal receber agravo que agravar alguém; ser injuriado que injuriar; e é melhor que outros te enganem do que enganes alguém, como, por sabedoria humana, chegaram a compreender gentios como Sócrates, Platão e Séneca. Lembra-te que é coisa de homens e conforme à fraqueza da nossa humana natureza sofrer engano ou errar. Por isso não leves tão a mal os pecados cometidos pelos outros, nem te sintas tão agravado pelo erro que cometeram contra ti.
Perdoar é próprio dos ânimos generosos, mas guardar rancor é coisa de homens ásperos e cruéis, baixos e de casta ruim; isto a mesma natureza o mostra nos animais mudos.

Sem comentários:

Enviar um comentário