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terça-feira, 11 de outubro de 2016

Uma reflexão sobre ser livre e independente.


Ser livre e ser independente.

Ser livre pressupõe que o homem não está sujeito a uma causa ou a um obstáculo que o possa coagir ou impedir de fazer o que quiser.
Ser independente, pressupõe que se é autónomo,  logo não dependente dos outros, podendo ou não, o homem de sua livre vontade fazer ou não alguma coisa.

Temos, assim, que ser livre é uma atitude que recai sobre a acção que se pratica, ou não, ao passo que a independência recai sobre a vontade ou não de a fazer, donde se infere que ser livre é ter o poder completo de usar da vontade sem que esta condicione o seu uso, enquanto o ser independente é ter o desapego e a não sujeição ao exterior que possa ter influência na sua vontade,

Por outras palavras, dir-se-á, que o homem é livre para poder gastar toda a sua fortuna, mas se é coagido pelo temor do que dirá a sua família ou os seus amigos, tal facto, torna-o dependente para exercer em pleno a sua liberdade porque o ambiente exterior o coage ou, em última instância, o pode proibir, donde - se tomarmos como exemplo um povo livre - diremos que pode fazer tudo o que quiser, mas no tempo actual é obrigado a cumprir leis próprias e internacionais, donde resulta que é livre mas sem ser na verdadeira acepção da palavra, independente.

Temos assim, que em política e em moral não há liberdade sem dependência, porque é ela que põe limites à liberdade ao fixar a sua extensão e o seu usufruto, e que a independência de uma Pátria se radica em não estar sujeita a outra ou, na "linguagem" económica de hoje não lhe dever dinheiro, tendo o seu conceito de ser livre em poder governar-se por leis próprias não as recebendo de outrem, tendo em si mesma a força de repelir quem a queira sujeitar, algo que levou Luís de Camões a dizer nos dois últimos versos da estrofe 37 do Canto IV, o seguinte:

"Corre raivosa, e freme, e com bramidos
Os montes Sete Irmãos atroa e abala:
Tal Joane, com outros escolhidos
Dos seus, correndo acode à primeira ala:
—"Ó fortes companheiros, ó subidos
Cavaleiros, a quem nenhum se iguala,
Defendei vossas terras, que a esperança
Da liberdade está na vossa lança.

 in, Lusíadas – Canto IV – estrofe 37

O nosso épico assim falou no seu imorredoiro Livro, incentivando os fortes companheiros e subidos cavaleiros à defesa da Liberdade para a Pátria Lusa, longe de suspeitar que não haveriam de tardar os tempos do endividamento exterior, acentuado dolorosamente no final do século XIX, como hoje acontece, donde a noção de sermos uma Pátria livre se perdeu, de todo, e de igual modo, independente... porque o conceito de liberdade não o podemos usar por estarmos sujeitos a causas que nos impedem o seu usufruto pleno pela dependência a que estamos sujeitos e da independência, muito menos, por não dependerem de nós as próprias acções que fazemos, estando sujeitas a regras internacionais de cumprimento de Tratados que fomos coagidos a assinar.

Temos, assim, que somos livres, mas vigiados e independentes, mas controlados.

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