Pesquisar neste blogue

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Com dinheiro, "sereis como Deus"... diz o Tentador, mas esta é a "raiz de qualquer pecado".


No nº 3 da Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma de 2016, no parágrafo anterior ao que se reproduz, o Papa fala do mistério inaudito e escandaloso do prolongamento, na história, do sofrimento de Jesus Cristo, para concluir assim, no parágrafo seguinte, que bem merece ser lido e meditado:


Diante deste amor forte como a morte fica patente como o pobre mais miserável seja aquele que não aceita reconhecer-se como tal. Pensa que é rico, mas na realidade é o mais pobre dos pobres. E isto porque é escravo do pecado, que o leva a utilizar riqueza e poder, não para servir a Deus e aos outros, mas para sufocar em si mesmo a consciência profunda de ser, ele também, nada mais que um pobre mendigo. E quanto maior for o poder e a riqueza à sua disposição, tanto maior pode tornar-se esta cegueira mentirosa. Chega ao ponto de não querer ver sequer o pobre Lázaro que mendiga à porta da sua casa sendo este figura de Cristo que, nos pobres, mendiga a nossa conversão. Lázaro é a possibilidade de conversão que Deus nos oferece e talvez não vejamos. E esta cegueira está acompanhada por um soberbo delírio de omnipotência, no qual ressoa sinistramente aquele demoníaco «sereis como Deus» que é a raiz de qualquer pecado. Tal delírio pode assumir também formas sociais e políticas, como mostraram os totalitarismos do século XX e mostram hoje as ideologias do pensamento único e da tecnociência que pretendem tornar Deus irrelevante e reduzir o homem a massa possível de instrumentalizar. E podem atualmente mostrá-lo também as estruturas de pecado ligadas a um modelo de falso desenvolvimento fundado na idolatria do dinheiro, que torna indiferentes ao destino dos pobres as pessoas e as sociedades mais ricas, que lhes fecham as portas recusando-se até mesmo a vê-los.


Em Ano da Misericórdia esta chamada de atenção aos ricos (Paises, Organizaçõs colectivas ou os próprios indivíduos)  sem terem misericórdia para com os mais fracos e pobres, vivendo um modelo de falso desenvolvimento fundado na idolatria do dinheiro, faz ressoar a tentação antiga, ou seja, se viverdes segundo a minha lei, sereis como Deus (Gn 3,5) e que o Papa não deixa de referir, para chamar a atenção dos homens, porquanto, nesta sociedade que não vê Lázaros à porta a pedir - ao menos, que seja - as migalhas que sobram das mesas dos ricos, estão a fazer falta os Obras de Misericórdia, a começar pelas três primeiras corporais, de cujo cumprimentos surgem todas as outras.

Sem comentários:

Enviar um comentário