COISAS ALDEÃS
Ah! A claridade do Céu da minha
terra!
O azul sem mancha...
Belo e transparente!
O ar sereno que nos afaga o
rosto
Mansamente...
A luz do Alto, cortada pela
serra!
O ar pachorrento dos bois do
lavrador
E o seu olhar doce, sereno e
bom
Puxando de manso o carro -
rom...rom...
É uma alegria
Que fecha o dia, no Sol-por!
As gentes da minha terra são
sadias!
Crêem em Deus
E rezam com fervor.
Têm a fé dos Santos
E é cheios de amor
Que se descobrem às Avé-Marias
Numa pureza doce...
É sempre assim, no ocaso dos
dias!
Erguem-se cedo... ainda horas
mortas.
São robustos...
Corados como rosas!
Andam serenos
E têm maneiras carinhosas
Na salvação que trocam pelas
hortas!
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De um livro a publicar sob o título
VELA AO VENTO
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Eis um poema recordatório da minha juventude nascido da análise que então fiz da vida quotidiana da aldeia que me viu nascer. Cenas encantadoras cheias de um sentido humano que ia beber nos costumes aprendidos à lareira, nos velhos serões da catequese familiar que não dispensava ir buscar à espiritualidade dos ensinamentos eclesiais este hábitos que pouco a pouco se têm perdido na voragem inclemente dos dias.
Recordo-me bem de tudo isto: do passar lento dos bois do lavrador ao fim do dia... do toque dos sinos nas Ave-Marias, quando homens e mulheres se descobriam e inclinando o corpo rezavam a oração breve... na troca das saudações do encontro quando se cruzavam pelos caminhos ou por entre as caneiras do milheiral...
Costumes que mal - ou nada - se vêem, hoje.
E cabe perguntar:
- Serão as pessoas melhores, mais alegres, mais carinhosas, tendo abandonado estes costumes simples?
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