No passado dia 13 de Março de 2015, na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco anunciou a celebração de um Ano santo especial com a abertura da Porta Santa, na solenidade da Imaculada Conceição, a 8 de Dezembro e como o seu fim marcado para o dia 20 de Novembro de 2016, Festa de Cristo-Rei.
Disse o Papa: “estamos vivendo o tempo
da misericórdia. Este é o tempo da misericórdia. Existe tanta necessidade de
misericórdia, e é importante que os fieis leigos a vivam e a levem aos
diferentes ambientes sociais. Adiante!”
Existiu na génese deste acontecimento um significado especial, já
que acontecerá no quinquagésimo aniversário do encerramento do Concílio
Vaticano II, que ocorreu em 1965 e, foi, em todos os aspectos um chamamento da Igreja à misericórdia que deve assistir a todos os homens, ao centrar a Humanidade na pastoral "Gaudium et Spes", aprovada no dia 8 de Dezembro de 1965, dia de encerramento do Concílio, na qual, não só são enaltecidos os aspectos da Pastoral, como os temas não dogmáticos da Igreja nos seus diversos problemas com o mundo actual, em que a vivência de um tempo da misericórdia, passou a ser uma necessidade existencial, como sublinhou o Papa Francisco ao fazer o anúncio do !Ano Santo da Misericórdia".
MISERICORDIOSOS COMO O PAI
No passado dia 30 de Janeiro o Papa
Francisco realizou a primeira audiência do Ano Santo da Misericórdia e
recebeu os cristãos que se deslocaram ao Vaticano em peregrinação jubilar para
lhes dizer que, pelo batismo, têm um nome novo: "Cristóforo".
"Poderíamos dizer que, no Batismo, recebemos outro
nome, além daquele que nossos pais nos dão. O novo nome é ‘Cristóforo’, que
significa ‘portador de Cristo. Todo cristão é portador de Cristo!",
afirmou o Papa na Praça de São Pedro.
Para Francisco, cada cristão tem a "responsabilidade de
ser missionários do Evangelho" e deve anunciar o Evangelho com a alegria
de quem guarda uma" boa notícia".
"O sinal concreto de que encontrámos Jesus
verdadeiramente, é a alegria que experimentamos a comunicá-lo aos outros",
referiu o Papa acrescentando que "esta atitude não é proselitismo, é
transmitir um dom que nos foi dado".
"A misericórdia que recebemos do Pai não nos foi dada
como uma consolação pessoal, mas torna-nos instrumentos para que outros possam
receber o mesmo dom", sublinhou.
O Papa concluiu a primeira catequese sobre a misericórdia,
numa audiência pública por mês, a um sábado, na Praça de São Pedro, apelando os
crentes para que levem a sério a sua identidade cristã.
"Só assim o Evangelho pode tocar o coração das pessoas
e abri-lo a receber a graça do amor", sustentou.
No final do encontro, Francisco convidou o presentes a
concretizarem duas obras de misericórdia, rezar pelos defuntos e consolar os
aflitos.
Ao ler este texto, sobretudo na sua parte final, de imediato o velho Catecismo que me ensinou a ser "Cristóforo", como nos diz o Papa Francisco, fez-me recordar as 14 Obras de Misericórdia alinhadas em duas partes de sete números cada uma delas, chamadas respectivamente, Corporais e Espirituais.
Deixo-as aqui, juntamente com este célebre quadro do séc. XVII: "O Retorno do Filho Pródigo" de Rembrandt, que faz parte do acervo do Museu Hermitage, em São Petesburgo, e que pela sua terna simbologia assinala, como nenhum outro, o influxo espiritual da Misericórdia de Deus.
Obras de Misericórdia Corporais
1ª - Dar de comer a quem tem fome.
2ª - Dar de beber a quem tem sede.
3ª - Vestir os nus.
4ª - Dar pousada aos peregrinos.
5ª - Assistir aos enfermos.
6ª - Visitar os presos.
7ª - Enterrar os mortos.
Ao passar uma a uma e ao fixar o meu entendimento sobre o que cada uma delas requer da nossa solicitude, dei-me conta, que se no tempo apostólico o cumprimento de cada "Obra de Misericórdia" era um empenho individual, quando o Papa Francisco nos diz que cada cristão tem a responsabilidade de ser missionário do Evangelho, da substância sócio.caritativa, nada mudou, e é obrigação da Igreja e dos seus fiéis organizados ou não em movimentos da sociedade civil, sentirem.se seus executantes activos com o peso do nome que lhes dá o Papa.
E, se isto é uma evidência cristã, esta, não deixa de estar presente no próprio Estado - laical como agora quer ser tratado - que ao ajudar o cumprimento destas sete "Obras de Misericórdia", nas IPSS e congéneres, age, imbuído do espírito cristão.
Obras de Misericórdia Espirituais
1ª - Dar bom conselho.
2ª - Ensinar os ignorantes.
3ª - Corrigir os que erram.
4ª - Consolar os tristes.
5ª - Perdoar as injúrias.
6ª - Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo.
7ª - Rogar a Deus pelos vivos e defuntos.
Pelo seu próprio nome estas "Obras de Misericórdia", ao contrário do que possamos pensar, como as corporais, não são apenas dirigidas aos crentes, mas a todos os homens, porquanto, se qualquer delas é um apelo à espiritualidade da pessoa humana, esta ao estar presente - pela Graça de Deus - em todos os homens, obriga-os na ajuda mútua que não pode ser negada aos seus semelhantes.
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