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domingo, 31 de maio de 2015

Maio florido - Um poema de António Correia de Oliveira




in. Jornal já extinto "O Zé" de 23 de Novembro de 2015


Neste último dia do mês de Maio - mês das flores - fui buscar ao meu baú de tesouros literários arquivados, como o é este soneto de António Correia de Oliveira, para me perfumar com as rosas daquele jardim de que ele fala e, também, perfumar com ele o tempo que passa neste desejo intimista de ver o mundo mais concertado.

O soneto é um quadro idílico em que, por fim, o Poeta num arroubo romanesco - hoje arredio da moderna poesia portuguesa - sente que aquele ramo de rosas de vária cor não precisavam de água, porque não iam murchar, dizendo com a suavidade própria daquele momento: Deixa-as estar assim na tua mão - e no embalo dizer amorosamente:

Hão-de julgar-se ainda na roseira...

Esta é a razão porque a poesia é uma arte maior em que o Poeta se transcende para dar à vida uma nova razão de ser vivida pelo humano que somos, pois como disse um outro Poeta - Teixeira de Pascoes - sem poesia não há humanidade, o que se sente no passo final deste soneto é o fervor como o Poeta põe a sua humanidade inteira e resplendente numa simples asserção que ele sabia, vista do ponto de vista natural não ser verdade - porque o ramo ia sofrer por ter sido retirado da matriz - mas era como se lá estivesse no seu dizer amoroso, pensando nas rosas, mas sobretudo, na sua amada:

Deixa-as estar, assim, na tua mão.

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