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sexta-feira, 8 de maio de 2015

Parábola dos Espíritos Imundos



Sobre a recusa de Israel 
em receber Jesus como Messias

Texto do Evangelho de S. Mateus 12, 38-45 (O sinal de Jonas)

Intervieram, então, alguns doutores da Lei e fariseus, que lhe disseram: «Mestre, queremos ver um sinal feito por ti.» Ele respondeu-lhes: «Geração má e adúltera! Reclama um sinal, mas não lhe será dado outro sinal, a não ser o do profeta Jonas. Assim como Jonas esteve no ventre do monstro marinho, três dias e três noites, assim o Filho do Homem estará no seio da terra, três dias e três noites. No dia do juízo, os habitantes de Nínive hão-de levantar-se contra esta geração para a condenar, porque fizeram penitência quando ouviram a pregação de Jonas. Ora, aqui está quem é maior do que Jonas! No dia do juízo, a rainha do Sul há-de levantar-se contra esta geração para a condenar, porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. Ora, aqui está alguém que é maior do que Salomão!» «Quando o espírito maligno sai de um homem, vagueia por sítios áridos, em busca de repouso, e não o encontra. Diz então: ‘Voltarei para a minha casa, donde saí.’ E, ao chegar, encontra-a livre, varrida e arrumada. Vai, toma outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, instalam-se nela. E o estado final daquele homem torna-se pior do que o primeiro. Assim acontecerá também a esta geração má.» 




Esta parábola tem como tema principal o anúncio do messianismo de Jesus que haveria de ser glorificado na sua Paixão, Morte e Ressurreição - culminando os últimos três dias e noites da sua vida terrena, tantos como os dias e noites que o profeta Jonas esteve engolido pelo peixe - e começa com uma invectiva de Jesus contra os fariseus a propósito dum pedido destes que queriam, para O crer, um sinal da Sua divindade.
Conhecendo-lhe os propósitos, sem se intimidar e sem desejar dar-lhes um sinal na hora por eles assente, respondeu-lhes com a bem conhecida pergunta cáustica: Raça de víboras, como podeis dizer coisas boas, sendo maus? (Mt 12, 34)

Se à boca chega tudo aquilo de que o coração está cheio, Jesus sabia que as palavras desta seita judaica eram os frutos malsãos da malícia que empregavam em tudo quando diziam e faziam em desfavor da Sua missão.

Foi deste modo, que no momento em que estes conjuntamente com alguns escribas lhe pediram um sinal prodigioso - usando neste pedido todo o embuste de que eram capazes - Jesus, num assomo, lhes respondeu: Uma geração má e adúltera pede um prodígio; nenhum prodígio, porém, lhes será dado ver, senão o do profeta Jonas. (Mt 12, 39)

Este profeta natural da Galileia, oito séculos antes teve como missão o anúncio iminente da destruição de Ninive, a grande e poderosa capital da Assíria, que vivia dissolutamente, mas por ter duvidado e temendo o insucesso da profecia subtraiu-se à ordem de Deus, fugindo para Jafa e dali para Társis, no limite extremo da navegação do Mar Mediterrâneo.

Durante o percurso sobreveio uma tremenda tempestade, de tal ímpeto que a marinhagem se viu obrigada a alijar a carga. Tendo o chefe da equipagem dado com Jonas escondido no fundo do navio, invectivou-o: Levanta-te, invoca o teu Deus! Talvez esse Deus queira pensar em nós e não pereceremos. (cf. Jn 1, 6) 
Por fim, julgado como o causador da tempestade, após se ter declarado como hebreu e amigo de Javé e depois de terem perguntado: que havemos de fazer de ti para que o mar se acalme? , Jonas ao ver que o mar recrudescia de furor e vendo nisso um sinal de Deus contra ele, cheio de remorsos, pediu aos marinheiros: Pegai-me e lançai-me ao mar, que ele se acalmará para vós. (Jn 1, 12).

Jonas quis pagar com a vida a salvação dos seus companheiros de viagem, mas Deus misericordioso não aceitou o seu sacrifício voluntário. Usando da sua bondade fez que um peixe enorme o engolisse, salvando-o de um afogamento certo, tendo o profeta nas suas entranhas proferido palavras arrependidas e de amor a Deus, que por fim o vomitou na areia seca de uma das praias.

Ao sinal que os fariseus pediram e tendo Jesus respondido com esta passagem do Antigo Testamento, testemunhou que nunca poderia submeter-se à sua vontade fazendo um prodígio num momento por eles estabelecido, chamando de má aquela geração por ter rompido o pacto com Deus, e ao fazer valer o facto de Jonas ter estado três dias e três noites nas entranhas do peixe, tal acontecimento seria o sinal que iriam receber - quando Deus o quisesse - relativamente à Sua Paixão, Morte e Ressurreição, de duração igual ao do salvamento de Jonas.

Nesta parábola, Jesus dá mais um passo no sentido de se apresentar aos homens como o Messias, contra as condições impostas por Israel, que obstinadamente se recusa a aceitá-l’O, sem cuidar que tudo ficaria bem pior, porque Satanás voltaria à antiga morada que encontraria desocupada, varrida e adornada, e não satisfeito de ter conseguido tal feito, chamaria para a habitar outros sete espíritos piores do que ele, com o sentido de reforçar a posse da morada de onde havia sido expulso.

Mestre que era e conhecedor do mundo, Jesus não deixa sem reparo o facto comum do homem mau se juntar a outros do mesmo jaez de que resulta, que em vez de reformar e emendar o rumo da vida, faz que esta continue como estava ou se degrade muito mais.
Assim iria acontecer com Israel, como Jesus predisse: Assim acontecerá também a esta geração tão perversa, deixando ficar um recado eloquente a todos quantos se esqueciam ou não queriam entender as Suas palavras.

Hoje, continua a haver os que continuam a pedir a Jesus um feito espectacular para crerem n’Ele, sem contudo meditarem que o sinal do profeta Jonas está dado e é preciso meditar nele e naquilo que ele simboliza.
Começa todos os anos na quinta-feira santa e finda com a Ressureição do Senhor.
Este é o grande Sinal.
Velhinho, já passa de dois milénios mas sempre actual e prodigioso.

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