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quinta-feira, 7 de maio de 2015

As minhas pedradas a Cristo!



Aconteceu um dia, junto ao Templo de Jerusalém.

Jesus Cristo, ante uma multidão de judeus e, ainda, que alguns o ouvissem - parecendo interessados - desconfiavam da sua personalidade, mormente quando perceberam que Ele falava como se fosse Deus, dizendo d'Ele - aquele que me enviou está comigo. Ele não me deixou só, porque faço sempre aquilo que lhe agrada, acalorou os seus ouvintes ao declarar que eles, verdadeiramente, não conheciam Deus, mas eu conheço-o e observo a sua palavra.

E tudo se complicou quando Ele acrescentou que Abraão - que eles reconheciam como pai - exultou pensando em ver o meu dia; viu-o e ficou feliz. Esta afirmação concludente de Jesus, ao afirmar que Abraão se tinha alegrado em ter visto o seu - dia - e do qual falava com tanta segurança, e que ele - viu-o e ficou feliz - extravasou a paciência dos seus ouvintes, acirrando-lhe os ânimos a ponto de terem ficado perplexos, pensando que Ele ao dizer estas coisas tinha perdido o bom senso, ou então, estava a fazer troça deles.

Perguntavam-se entre eles:

- Em que se baseava Jesus para falar daquele modo, como se fosse contemporâneo do mais remoto antepassado do povo hebreu que havia morrido havia dois milénios?

 - Como podia ser isso, senão uma brincadeira de mau gosto e de todo inaceitável?

Vai daí, e já de cabeça perdida, com as vozes alteradas - deixando prever o pior - abeiraram-se mais perto de Jesus e desferiram uma pergunta que lhes pareceu de tal modo evidente que Ele não teria capacidade de responder.


- Então tu, ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão?

Jesus, calmo, condoído daqueles seus irmãos judeus, respondeu-lhes com toda a serenidade, mas sem cuidar do que ia acontecer.

- Em verdade, em verdade vos digo: antes de Abraão existir, Eu sou!

Esta resposta foi algo que eles não puderam aceitar, até porque lhes pareceu cheia de uma verdade que lhes escapava de todo por não saberem que trocavam um diálogo com Alguém que incarnava o Pai Eterno na sua aparência humana, pelo que, alguns deles mais irritados agarraram em pedras para lhe atirarem... o que levou Jesus a esconder-se.

(Composição inspirada no Cap. 8 do Evangelho de S. João ( 21-59)




Lido atentamente este trecho do Apóstolo S. João, no fim, dei comigo a pensar nas vezes em que me tenho parecido com aqueles antigos compatriotas de Jesus Cristo que viviam presos a crenças passadas que Ele ultrapassou com modos e linguagem diferentes onde expunha a Nova Mensagem, que eu aceito e tento viver.

Porém, a dúvida que me fica - é que, sem imitar os seus antigos ouvintes que num dado momento resolveram apedrejá-lo - se eu mesmo não tento atirar-lhe pedras nos seguintes casos:
  • Quando ignoro a Nova Mensagem e me esqueço que ela devia ser o meu texto fundamental e me deixo perder em leituras frívolas que discuto ou comento com os meus amigos - como se aquelas leituras me pertencessem pela defesa que ponho na sua defesa - e me esqueço de defender aquilo que efectivamente, me pertence -  A Bíblia - e nem sequer a apresento aos meus amigos, sobretudo aos que andam longe do seu conhecimento.
  • Quando critico o tempo que se vive e desligo dele as Palavras de Jesus - que sendo certo, não agiu como político - nos deixou por aquilo que disse e ensinou e os Apóstolos registaram, um modo de compreender, hoje, as potencialidades morais e sociais que postas em prática segundo a Luz em que Ele viveu e agiu, bem poderia ser para os homens do nosso tempo o discernimento que lhes falta, porque vivem por demais agarrados aos seus princípios, muito sábios e muito académicos, esquecendo-se, contudo, que verdadeiramente não vivemos o nosso tempo se desligamos dele o Evangelho.
  • Quando atraiçoo a Verdade de Jesus, especialmente, quando por um instinto de defesa ajo dentro daquilo que um certo mundo aceita como correcto - mas bem longe de o ser perante a própria dignidade humana - e me refugio ou, quando faço uma coisa ainda mais abjecta: quando entro no jogo como se fizesse parte desse tal mundo que devia merecer a minha censura e chego ao ponto de lhe bater palmas.
Entre outras, as minhas pedradas a Cristo são estas.

Outras poderia acrescentar, mas estas bastam para demonstrar a mim mesmo que nos momentos em que vivo assim, me pareço com aqueles judeus que encheram as mãos de pedras para as atirar Àquele que lhe dizia verdades que eles não queriam ouvir.

Pareço-me, ainda, com eles, quando não defendo a sua Verdade que traz com ela a marca dos pregos da Cruz e não a aceitação triunfal de uma qualquer assembleia que o tivesse eleito, porque Ele morreu desprezado de todos, a começar por alguns que O seguiram e tiveram medo dos homens das pedras.

Efectivamente, não há volta a dar a este assunto.
Ou aceitamos o Evangelho com todas as suas Verdades, ou, ao invés, o Mundo vai continuar a apanhar pedras para as lançar contra os que - sem medo - O defendem ou se deixam morrer em defesa d'Ele, como aconteceu com Estêvão que foi apedrejado até à morte.

Não esqueçamos isto: os homens das pedras continuam activos.

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