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quinta-feira, 14 de maio de 2015

O Acto da Criação: Um Poema das Origens!




Jamais algum ser humano explicará, porque nunca o compreenderá - o grande Mistério do Acto Criador do do Universo, onde o homem assume pela sua importância vital a obra-prima de Deus - e isto acontece, porque o Acto da Criação não é uma equação científica onde o erro se explica, mas uma realidade em que os termos resultam sempre num resultado certo, mas cuja certeza por não ter explicação humana, o homem, na finitude das suas capacidades nunca há-de encontrar maneira de ver tal acerto.

Diremos, pois, que estamos perante um insondável Mistério.

Sabemos, efectivamente, muito pouco, mas o pouco que sabemos o que nos diz é que no Princípio quando Deus criou os céus e a terra, a terra era informe e vazia, as trevas cobriam o abismo e o espírito de Deus movia-se sobre a superfície das águas, e  que este Alto Espírito ao ver-se envolto numa imensa escuridão criou a luz e ao ver como ela era boa separou-a da escuridão e a esta chamou "noite" e à luz deu-lhe o nome de "dia".

E a Obra continuou até se unir o Criador à criatura, havendo-se escrito nisto o primeiro Poema das Origens, trazendo com ele o grande Mistério e para o qual o homem na procura que faz de Deus, ora se afasta - como aconteceu com Miguel Torga - ora se une a Ele, na tentativa de O entender - como aconteceu com Johanh von Goethe - que com o seu poema "Proémio" fez honestamente essa tentativa de que resultou este profundo acto de amor ao Pai da Criação:

 Proémio

 Em nome daquele que a Si mesmo se criou!
 De toda eternidade em ofício criador;
 Em nome daquele que toda a fé formou,
 Confiança, actividade, amor, vigor;
 Em nome daquele que, tantas vezes nomeado,
 Ficou sempre em essência imperscrutado:

 Até onde o ouvido e o olhar alcançam,
 A Ele se assemelha tudo o que conheces,
 E ao mais alto e ardente voo do teu 'spírito
 Já basta esta parábola, esta imagem;
 Sentes-te atraído, arrastado alegremente,
 E, onde quer que vás, tudo se enfeita em flor;
 Já nada contas, nem calculas já o tempo,
 E cada passo teu é já imensidade.

 Que Deus seria esse então que só de fora impelisse,
 E o mundo preso ao dedo em volta conduzisse!
 Que Ele, dentro do mundo, faça o mundo mover-se,
 Manter Natureza em Si, e em Natureza manter-Se,
 De modo que ao que nele viva e teça e exista
 A Sua força e o Seu génio assista.

 Dentro de nós há também um Universo;
 Daqui nasceu nos povos o louvável costume
 De cada qual chamar Deus, mesmo o seu Deus,
 A tudo aquilo que ele de melhor em si conhece,
 Deixar à Sua guarda céu e terra.
 Ter-Lhe temor, e talvez mesmo — amor.

in "Últimos Poemas do Amor, de Deus e do Mundo"


Leio este poema de Goethe e se nele me revejo por ver na sua escrita um sinal de encontro e de aceitação do Mistério, de modo algum satirizo a procura de Deus que não deu certezas a Miguel Torga, porquanto Deus não é um problema de Matemática, mas é-o e com toda a profundidade, um problema humano, onde até aos confins dos tempos a figura do homem prefigurada em Jacob na luta que travou com o Anjo - tendo-se na devida conta a cena bíblica -  este Anjo, que é Deus, ao deixar-se vencer nada perdeu de Si mesmo.

Deus é assim. 

Deixa-se perder, mas é um ganhador, pois só  aparentemente é que perde a batalha que trava com o homem e este, julgando-se vencedor é um vencido - mas por amor a Deus que o venceu - razão que O leva a andar por aí a "desafiar " amorosamente todos os Jacob's, que Ele sabe, são filhos dilectos da sua Obra da Criação. 


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