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sábado, 23 de maio de 2015

Um hino de amor à mulher - Um poema de Marcelino Mesquita


Caricatura publicada pelo jornal extinto "Sátira" 
de 1 de Março de 1911


Ele há tanta mulher! mas por que fantasia
Entre tantas, só uma a nossa simpatia
Distingue, escolhe e quer! Uma só avassala,
Nos dulcifica o olhar e nos perturba a fala!

Quando ela passa, o ar tem um perfume casto,
Embriaga o sorrir! Quando nos olha, o vasto
Campo negro do céu, cheio de tanta estrela,
Nenhuma tem, com luz,que imite os olhos dela!

Em tudo nos parece extraordinário ser:
Na graça do andar, no mimo do dizer;
Tudo nela é tão bom, tão engraçado, ilude,
Que a própria imperfeição transforma-se em virtude!

Quando aparece, a alma alegra-se, tão cheia
De luz,como ao domingo o adro duma aldeia!

Quando foge, se afasta, o nosso pensamento
Vai atrás dela louco e carinhoso e atento,
A recordar-lhe o ar, a graça, o todo belo,
O som da sua voz, a cor do seu cabelo,
O que empresta à saudade essa doce tortura...
Quando ela chora, ó céus! que hórrida amargura!
É como se o mar todo, em lágrimas desfeito,
Caísse,sem cessar,dentro do nosso peito!

Ele há tanta mulher! mas por que fantasia
Entre tantas só uma a nossa simpatia
Distingue, escolhe e quer!

Marcelino Mesquita


Neste tempo, onde alguns querem fazer imperar a obtusa "igualdade do género" este belo poema de Marcelino Mesquita dedicado à mulher é, a todos os títulos, um ar fresco que tem de merecer todo o nosso aplauso, porque há realidades humanas, que pelo facto de trazerem consigo a sobrenaturalidade da condição em que homem e mulher foram criados, um como o complemento do outro, levou Marcelino Mesquita a escrever com sabedoria e acerto este texto belíssimo.

Não é o texto de um peralta.

É-o de um homem que no seu tempo, viu na mulher escolhida, no meio de tantas mulheres aquela que, 

Quando aparece, a alma alegra-se, tão cheia
De luz,como ao domingo o adro duma aldeia!


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