Caricatura publicada pelo jornal extinto "Sátira"
de 1 de Março de 1911
Ele há tanta mulher! mas por que
fantasia
Entre tantas, só uma a nossa
simpatia
Distingue, escolhe e quer! Uma
só avassala,
Nos dulcifica o olhar e nos
perturba a fala!
Quando ela passa, o ar tem um
perfume casto,
Embriaga o sorrir! Quando nos
olha, o vasto
Campo negro do céu, cheio de
tanta estrela,
Nenhuma tem, com luz,que imite
os olhos dela!
Em tudo nos parece extraordinário
ser:
Na graça do andar, no mimo do
dizer;
Tudo nela é tão bom, tão
engraçado, ilude,
Que a própria imperfeição
transforma-se em virtude!
Quando aparece, a alma
alegra-se, tão cheia
De luz,como ao domingo o adro
duma aldeia!
Quando foge, se afasta, o nosso
pensamento
Vai atrás dela louco e carinhoso
e atento,
A recordar-lhe o ar, a graça, o
todo belo,
O som da sua voz, a cor do seu
cabelo,
O que empresta à saudade essa
doce tortura...
Quando ela chora, ó céus! que
hórrida amargura!
É como se o mar todo, em
lágrimas desfeito,
Caísse,sem cessar,dentro do
nosso peito!
Ele há tanta mulher! mas por que
fantasia
Entre tantas só uma a nossa
simpatia
Distingue, escolhe e quer!
Marcelino Mesquita
Neste tempo, onde alguns querem fazer imperar a obtusa "igualdade do género" este belo poema de Marcelino Mesquita dedicado à mulher é, a todos os títulos, um ar fresco que tem de merecer todo o nosso aplauso, porque há realidades humanas, que pelo facto de trazerem consigo a sobrenaturalidade da condição em que homem e mulher foram criados, um como o complemento do outro, levou Marcelino Mesquita a escrever com sabedoria e acerto este texto belíssimo.
Não é o texto de um peralta.
É-o de um homem que no seu tempo, viu na mulher escolhida, no meio de tantas mulheres aquela que,
Quando aparece, a alma
alegra-se, tão cheia
De luz,como ao domingo o adro
duma aldeia!
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