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segunda-feira, 4 de maio de 2015

"Um sentido para a Vida" (14)


O Padre compositor, poeta e cantor que dá vida a esta postagem é mais um dos casos a reter - entre outros - que, hodiernamente, na Igreja renovada pela aragem do Concílio Vaticano II, juntam numa feliz prenda de Amor e Doação a sua vocação sacerdotal numa contínua Acção de Graças ao anúncio e proclamação da Palavra de Deus, servindo o Altar da Palavra, ao mesmo tempo que nos surpreedem quando a esta doação maior e única, juntam o facto de serem poetas, músicos e - como é o caso presente - o Padre que me cumpre exaltar alia a estes dois atributos a arte de ser um cantor de Deus.

Ouvindo-o, este é um dos tais momentos para dar graças, deixando embalar a alma ao som da melodia e da sua voz, quando ele nos diz, cantando: 

Vive em mim a semente
Que um dia Deus plantou
Por entre noites e dias
O Sol da vida raiou.

Vive em mim a semente - é assim que começa este hino -  o que significa que o Padre ao ter respondido a um chamamento divino para seguir as peugadas d'Aquele que o chamou, a semente de que ele nos fala foi lançada num sulco especial aberto pelo arado do Lavrador Eterno - para dar fruto - porque, por entre a noites e dias/o Sol da vida raiou.

Assim termina a primeira estrofe do hino com esta exclamação de louvor a um Sol de calor transcendente, que como diz o Padre-cantor até de noite não deixou de incidir o seu calor à semente que havia no seu coração, até ter tido vida própria num dado momento em que a afirmação do seu SIM fez que sobre ele baixassem, aquietando-se num doce afago as asas da Pomba Branca igual à que trouxe boas novas a Noé no tempo do dilúvio com um ramo de oliveira no bico e sendo a mesma que no rio Jordão selou com Jesus Cristo o Abraço da Trindade.



Confesso que tenho um profundo carinho pelos Padres que num acto único de renúncia a projectos aflorados - ou até experimentados - os deixaram para servir de pastores de todas as ovelhas, porque todas, mesmo as desgarradas pertencem ao redil do "Bom Pastor", como Ele diz na Parábola respectiva.

E assim, ao ouvir este Padre-cantor que deixou para trás tudo aquilo que era um empecilho à sua vocação não pude passar adiante sem ouvir várias vezes estes versos:

O sonho ficou para trás
Com ele o que não pertence
Ao projecto que o Pai
Guardou p'ra mim
O seu amor me conquistou
E fez crescer
Um sentido para a vida (...)

Um sentido para a vida.
Eis o mais importante: dar sentido à vida, tendo-se a certeza que isto só se consegue fazendo silêncio no nosso coração. 

Ouvimos esta verdade neste belíssimo hino a Deus e este facto, não como paga pelo belo momento que a arte melómana do Padre-cantor -  me deu -  mas como prova da minha estima pelo seu sacerdócio, fui buscar ao baú das minhas memórias arquivadas este antigo poema que tem o condão de ser sempre novo.

SER PADRE
                                                                                    
Ser Padre
É mostrar na Terra o Céu
E, é - quando a vida se encerra -
Fazer com que o Céu desça
Sobre a imensidão da Terra!

Ser Padre
É ser como Jesus.
É dar as sandálias e o perdão
E é dar o leito aos nús
E o próprio pão!

Ser Padre
É ser maior e mais alto.
É ser torre de vigia
E, é, ter na alma o sobressalto
De ser a luz que alumia!

Ser Padre
É ser arrimo
Da alma peregrina
Que caminha para o cimo
Da Casa Divina!

Ser Padre
É ser profundo...
É duplamente viver:
Não estar onde peca o mundo
E estar lá... para sofrer!

Ser Padre
É ter o Mistério que o encaminha
E lhe dirige os passos
Porque ele é quem guarda a vinha
Por entre frios e cansaços!

Ser Padre,
É ser um companheiro
Saído do meio de nós.
É estar partido e ser inteiro...
E ser em Deus a nossa voz!


1 comentário:

  1. Não conheço o autor deste blog Tamen Mendes mas desde já acredite que o artigo está colocado e feito com muito profissionalismo e com o rigor que o assunto envolve. Por isso os meus parabéns.
    Gostava de lhe dizer que conheço o Padre Nino Fernandes desde muito novo quando com um gravador debaixo do braço ia entrevistar alguém nos tempos do começo da rádio no Bombarral.
    É uma pessoa que eu admiro pelo seu poder de trabalho, de pároco de uma comunidade, director do jornal Voz da verdade, como jornalista, cantor, compositor e naturalmente como qualquer ser humano tem que ter a sua vida particular.
    Arrumar isto tudo não lhe deve sobrar muito tempo para outras coisas incluindo a família.
    Luís Patriarca

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