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quinta-feira, 24 de abril de 2014

Os aguadeiros





O aguadeiro chegou a ser uma profissão em Lisboa, devidamente credenciado pela edilidade a quem pagava uma taxa.

Tinham por missão a venda de água de porta em porta, anunciando-a com o costumado pregão
. Á... a...úú!
Ou, então, por este:
- À...á...áuga!

A maioria dos aguadeiros de Lisboa eram galegos, normalmente associados em corporações, que segundo um testemunho se vangloriavam da profissão, dizendo em ar de troça: "a água é deles e nós é que lha vendemos!"

Sendo o chafariz público o local de abastecimento, as rivalidades e rixas eram vulgares, partindo sempre dos preços díspares que os aguadeiros cobravam aos fregueses, pelo que o Senado da Câmara em 11 de Julho de 1780, com o intuito de estabelecer alguma ordem pública publicou um edital para o pagamento da água levada a casa, consoante esta fosse transportada em quartas ou barris, estabelecendo preços diferenciados para Verão e Inverno.

Quando findava o dia de trabalho eram forçados a transportar para suas casas os pipos ou barris cheios de água como precaução, na eventualidade da existência de algum incêndio a que tinham de acorrer.

Diz-se que em meados do século XVIII, havia cerca de 200 aguadeiros e depois da conclusão da obra do Aqueduto das Àguas Livres, com a profusão de chafarizes distribuídos pela cidade, este número chegou a cerca dos 3.000.

Ainda em pleno século XX, antes da água canalizada ter entrado nas habitações, esta profissão era exercida em Lisboa, com grande incidência no Bairro de Alfama, servindo como toma de água o Chafariz de Dentro e o Chafariz del-Rei, onde se reuniam as comunidades de homens e mulheres,

O transporte era feito à cabeça, por mulheres com o pipo apoiado na rodilha ou ao ombro, pelo homem.


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