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domingo, 27 de dezembro de 2015

Todo o homem é um barco em cima do mar da vida!

Embarca, ainda que seja só com um ramo.
A vida ensina, que o outro que falta se consegue na luta que é preciso travar em cima do mar da vida.


Todo o homem é um barco que saiu do cais, aparelhado como pode por si mesmo ou como o ajudaram a partir, para se fazer ao largo e enfrentar o mar da vida, tendo como condição o não ter medo de se afastar, mesmo quando - e muitas vezes isto acontece - ao olhar de longe o cais da partida, ele pode parecer uma realidade esquecida, nas só aparentemente, porque ninguém esquece as suas origens, que são afinal, o porto seguro aonde, um dia, se deseja voltar, depois de se ter andado por outras paragens por onde andou o destino

Reli, há dias, o livro de poemas SEARA DE PALAVRAS do meu ilustre amigo, Américo Gonçalves e fixei-me na composição "O Barco que me Leva" onde o Poeta se sente embarcado e como tantas vezes acontece, sem se saber ao certo o rumo da vida que é feita de surpresas, tantas vezes, e das quais só o próprio é que sabe.

Diz, assim, Américo Gonçalves, no "Barco do Destino":

O barco que me leva a céu aberto
dá ideia que segue em debandada
sem recordar o cais onde morava
e sem rumo que o leve a porto certo.

Corta ao ondas, verdade, e o mar alto
mas não sabe se eu vivo em sobressalto
e não me diz se o fim é longe ou perto.

É este o drama.
O homem não sabe se o fim é longe ou perto, mas o que sabe, é que há o dever de navegar no mar da vida a céu aberto para ver melhor a cor do céu, mesmo quando o seu azul normal cedeu a uma qualquer tempestade que o escureceu, mas é nesses momentos, pesem embora, o surgimento de cores com que se não sonhava, mas é preciso continuar de vela ao vento, seja ele qual seja.

E é por isso, que o Poeta não desarma:

O barco que saiu aparelhado,
afasta-se, mais se afasta, sempre avança,
como se esquecesse o porto da partida,
feito emigrante, parente desgarrado.

Vem aí um Novo Ano.

E o que eu sinto e desejo a todos os meus amigos e a todos os homens, é que, ainda que possamos parecer "emigrantes" na nossa própria terra e cada um se possa sentir um parente desgarrado, o que há a fazer é continuar sem desânimo, avançando sempre, como se se esquecesse o porto da partida - que nunca se esquece - pois é, voltando a ele nos momentos em que se pode nublar o azul do céu, que neste Novo Ano é preciso continuar a cortar as ondas da vida.

Sem desânimo!

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