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segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

"A ordem natural das coisas"


"A ordem natural das coisas"  é, um modo como Aristóteles entendeu que elas devem existir, dado que é da sua natureza que elas devam viver assim, pelo que, contrariar ou esquecer isto é atropelar o que nelas é de mais válido para a construção do Presente e do Futuro.
Por isso, talvez valha a pena ler o texto ipsis-verbis que se segue.

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A anarquia espiritual é mais perigosa que a anarquia temporal.  

Não se iludam os que supõem que, restabelecida a ordem temporal, está atido o "desideratum", e resolvido o problema. Há, pois, primeiro que tudo, que resolver problema da ordem espiritual, e a única maneira de o resolver encontra-se na consolidação do sentimento da tolerância mutua, e no aproveitamento inteligente e oportuno das fontes tradicionais de um povo. 

Tudo quanto seja revigorarmos elementos de vida do passado ; tudo quanto seja tornar conscientes as bases do passado nacional, ligando a inteligência das gerações do Presente ao que constituiu a vitalidade e a razão de ser do Passado, é bom, é opimo. E tudo quanto seja quebrar o fio das tradições, e abrir entre o Passado e presente uma solução de continuidade, é perigoso e é péssimo. 

Assim, quem quiser dar-se ao trabalho de resolver o problema da ordem espiritual de um povo, tem, antes de mais nada, de dedicar-se pacientemente, sem paixões e propósitos preconcebidos, a estudar a historia das instituições sociais desse povo, na parte que diz respeito á sua influencia moral. 

E uma vez de posse dos conhecimentos que esse estudo lhe der, pode consagrar-se então a reatar os fios partidos, para ver como começa a despertar na alma narcisada desse povo o sentimento da ordem e da disciplina. As nações devem caminhar para o Futuro, cada vez mais se servindo do Passado. 

O Futuro dos povos não deve ser uma incógnita insolúvel: deve ser uma incógnita previsível. E a melhor maneira de se prever o Futuro é conhecer bem o Passado. E por outro lado futuro de um povo para ser progressivo, solido e benéfico não deve ser outra coisa que não seja a conclusão logica, determinada e certa do Passado. 

Todo o Futuro que ou não se firma no Passado, ou lhe é antagónico, é efémero fictício. (...)

in, artigo de Filosofia Política de Lord Heney. publicado na revista "Ideia Nacional" de Homem Cristo Filho, em 17 de Março de 1915

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Não desconheço quem foi Homem Cristo Filho, como um intelectual brilhante dos tempos pós implantação da República e como se bateu pelas suas ideias nacionalistas exacerbadas, assim como não desconheço que ajudou a implantar o novo regime de 1910, para depois o abandonar, mercê do desnorte republicano, assim como não desconheço o embaciar da sua memória, onde muitos viram laivos fascisantes.

Contudo, ao deparar-me com este texto, tenho de concordar com ele, porquanto sem ordem qualquer País caminha a passos largos para a anarquia e não posso deixar de constatar que no tempo actual se vive uma anarquia espiritual que tende a não dar o devido relevo ao Passado histórico de Portugal, para lhe opor, as ideias de um modernismo balofo que por não assentar naqueles valores ancestrais, que deviam ser - e não são - o cerne mais firme das nossas atitudes cívicas e, logo, políticas.

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