É de pequenino que se aprende a arte do compromisso.
Quer queiramos ou não, dando ou não conta do que está a acontecer, cada homem está sempre em alguma posição ou em algum lugar, ocupando por isso, um espaço, seja ele de ordem espiritual ou de ordem física.
Quer queiramos ou não, dando ou não conta do que está a acontecer, cada homem está sempre em alguma posição ou em algum lugar, ocupando por isso, um espaço, seja ele de ordem espiritual ou de ordem física.
Um e outro
condicionam a atitude, a luta, e até, os seus caminhos.
Importa, por isso
que façamos a nós mesmos duas perguntas fundamentais:
- Será que sabemos em profundidade o motivo da condição humana que nos leva a um comprometimento consciente com os outros, dentro da cidade, ou agindo descomprometidamente com ela, refugiamo-nos na nossa própria ilha, auto-suficientes e arredados do mundo, longe de sermos – como devíamos ser - solidários com um mundo de que somos ínfimas partes, mas partes importantes?
- Será que temos consciência disto? De sermos de tal modo importantes que ninguém pode ocupar o nosso lugar?
Atentemos nisto:
quer queiramos, quer não, consciente ou inconscientemente, somos algo que
existe para além da nós mesmos e de tal modo mergulhados neste mistério de
existir, que não podemos escapar a um comprometimento com a vida que em cada
dia nos interpela sobre aquilo que somos
e representamos na esfera de uma sobrenaturalidade que nos rege sem darmos por
isso, mas que exige o comprometimento sadio com a sorte do outro.
Conscientes ou
não desta realidade, somos chamados a acreditar em alguma coisa ou em alguém. É
uma das leis da vida com a raiz mais profunda metida no amor que faz do homem
uma criatura superior.
Ninguém se livra
disto, o que sugere, desde logo, um compromisso da nossa vontade, seja com Deus
ou com o homem, um facto que se não existir em cada um de nós como uma
naturalidade, é como se nós mesmos
existíssemos sem vontade própria, acéfalos e amorfos.
Comprometer-se
com a vida e com as outras criaturas é um sinal de fé, que pode não ter o
sentido como normalmente é entendida do ponto de vista escatológico, mas não
deixa de ter as ressonâncias teológicas que fazem de todo o homem alguém capaz
de se comprometer com o amor que é preciso dar ao outro, que caminha por um
capricho da sorte ao seu lado num dado tempo e lugar, no mundo, na convicção
que é sempre, a partir de um dado tempo ou de um lugar qualquer que imerge a
lei suprema que faz de tudo aquilo em que acreditamos – pelo nosso compromisso consciente – uma verdade que
torna possível a realização dos acontecimentos que dão
sentido à vida e faz de tudo quanto fazemos, uma imagem do nosso
comprometimento com a vida ou com o outro.
Mas, há que
atender que o comprometimento consciente exige conhecimento, sabedoria e
atenção às coisas e ao caminho a percorrer, pois é sempre do esforço exigente
que resulta ou não, a certeza daquilo que fazemos, sabendo-se que a construção
do mundo ou a sua destruição começa sempre pelo compromisso consciente ou não
que o homem dá ao projecto da sua própria existência, pois é, pela acção
isolada de cada um que se começam a construir
os edifícios colectivos das Nações, tão mais acertadamente, quando
melhor e mais consciente for o compromisso de cada homem consigo mesmo e com a
sociedade.
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