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quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Olhar o Céu para entender o Mundo! - Um soneto de Antero de Quental

in, um diaporama recebido, de mão amiga.


Ao contrário do que se possa pensar, olhando a imagem, este jovem casal não virou as costas ao Mundo, porque, às vezes para o entender em toda a sua complexidade é preciso olhar o Céu na busca das mensagens que ele nos dá.

O Poeta, sensível a isto, ainda que algo descrente dele existir, escreveu assim:


No céu, se existe um céu para quem chora.
Céu, para as mágoas de quem sofre tanto...
Se é lá do amor o foco, puro e santo,
Chama que brilha, mas que não devora...

No céu, se uma alma nesse espaço mora.
Que a prece escuta e encharga o nosso pranto...
Se há Pai, que estenda sobre nós o manto
Do amor piedoso... que eu não sinto agora...

No céu, ó virgem! findarão meus males:
Hei-de lá renascer, eu que pareço
Aqui ter só nascido para dores.

Ali, ó lírio dos celestes vales!
Tendo seu fim, terão o seu começo.
Para não mais findar, nossos amores.

Antero de Quental, in 'Sonetos' 

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No céu, se existe um céu... é assim que começa o soneto, Antero de Quental e, porque a sua dúvida continuou, disse: Se há Pai - ou seja se existe Deus - que Ele estenda sobre nós o manto, como a desafiar o Céu e Deus... mas para, no fim, prometer que há-de ser ali - no Céu - que hei-de lá renascer, ou seja, tendo a certeza no meio da sua duvida, que a vida tem no Céu a sua continuidade, para, no fim das dores que o Mundo tem para todos as criaturas, declarar que não mais findarão nossos amores...

É por isso, que aquele par de jovens da foto que ilustra este apontamento não estão a olhar o Céu, apenas por simplesmente o olhar e só aparentemente é que voltam as costas ao Mundo, pois, na interrogação que fazem - sem se saber ao certo qual é o mais duvidoso do Céu existir - o que os dois sabem é que o Mundo os espera e o Céu também...

Para não mais findar, nossos amores.

Tudo o mais é Mistério e o que há a fazer é olhar o Céu para entender o Mundo, pois é de lá, do grande Mistério, e das nossas interrogações genuínas que é possível trazer para a vida que passa a força necessária para a viver... vencer... e conquistar o Céu!

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