Finalmente, Senhor, para contentamento dos teus inimigos
estavas preso aos braços da Cruz!
Um
dos soldados passa em revista os cravos que te atavam
os
pés e a mãos e vê que o trabalho está perfeito
e olha
para Ti, num gesto de vitória e do dever cumprido.
Repara, entretanto, que o letreiro que anunciava
o
motivo da Tua condenação e havias transportado
durante
todo o caminho, desde o Pretório,
não
estava no sítio onde deveria ficar.
Num
gesto brusco coloca a escada e sobe por ela
até
à altura do Teu rosto.
E com
duas tachas e com o ar feliz de quem faz obra meritória
coloca-o
bem por cima da Tua testa coroada de espinhos,
para
que todos vissem bem o que dizia:
Este é o rei dos judeus.
Desce...
atira com o martelo e olha de novo a sua obra...
Tudo
está acabado!
E
logo de seguida, de todos os lados surgem injúrias:
Tu que destróis o Templo e o reedificas em três dias
salva-te a ti mesmo!
Se és filho de Deus, desce da cruz!
E
até Gestas, o ladrão rancoroso, crucificado a teu lado
encontrou
forças para Te insultar:
Não és tu o Messias? Salva-Te a Ti mesmo
e a nós (1)
E
tu, Senhor, impassível a todos os sarcasmos...
enquanto
das Tuas mãos que abençoaram, dois fios de sangue
gotejavam
sobre o pó do chão.
Foi
nesse momento, que Tu ergueste para o Céu
o
pedido mais belo que algum dia se fez:
Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que
fazem. (2)
E
contra a expectativa de todos não soltaste um grito
nem
uma palavra de censura contra aqueles
que
haviam pregado o Teu Corpo na Cruz!
Os
gritos vieram dos outros.
Daqueles
que haviam jurado a Tua morte.
e
agora olhavam para as tuas mãos abertas
e
que há pouco tempo haviam amassado a lama
que
dera vista aos cegos e haviam curado os leprosos.
Em
face de tanta maldade, não se conteve Dimas,
o
ladrão arrependido e que sofria ao Teu lado:
Jesus, lembra-te de mim quando vieres na
auréola da Tua realeza. (3)
e
Tu, Senhor, compassivo, perdoaste-lhe todos os pecados:
Em verdade te digo: hoje estarás comigo
no paraíso. (4)
Senhor:
Cumpriste
o Teu martírio
sem
um azedume,
sem
uma queixa,
sem
uma ofensa... e com tantos motivos!
Do
mesmo modo como calaste as Tuas dores
calaste
palavras de censura.
É que
dos Teus lábios divinos só podiam sair palavras de perdão.
Ajuda-me,
Senhor.
Faz
que nem sempre responda com ofensas
às
ofensas que recebo.
Dá-me
a força de guardar para mim mesmo
certas
palavras que não devem ser ditas...
e
dá-me sempre gestos de perdão!
(1) -
Lc. 23,39
(2) -
Lc. 23,34
(3) -
Lc. 23,42
(4) - Lc. 23, 43
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