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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Do engenho e arte nasce a obra!



Alçado Principal da Estação do Rossio (Lisboa) 
da autoria do Arquitecto José Luis Monteiro
in, Revista "O Occidente" de 1 de Julho de 1888

Em toda a obra de criação há um fio condutor, nem sempre facilmente discernível, que lhe dá unidade, um fio discreto ou evidente, da maior importância, pois é um dos sinais da sua autenticidade. (Eugénio de Andrade)


Que fio condutor é aquele de que nos fala Eugénio de Andrade?

Acrescenta, ainda, que ele é discreto e evidente, ou seja, é algo que existe como estando despercebido, sem contudo deixar de estar patente, constituindo assim um misto de um escurecimento que se deixa aclarar, como se fosse intenção do autor deixar o cunho da sua modéstia e não o ter conseguido, pelo facto da sua obra se ter sobreposto e viesse à tona para falar da beleza dela ao mundo, que mesmo distraído, não pode deixar de a admirar porque na sua criação o fio condutor fala pelo autor e pela autenticidade das linhas que são, no caso concreto da fachada da Estação do Rossio, da maior importância, por nos mostrarem o engenho e a arte que presidiu à elaboração do projecto no silêncio frutuoso do gabinete do seu autor.

Voltando, ainda, ao tal fio condutor, dir-se-.á  que ele existe como uma realidade dentro do homem, embora constituindo a parte que se não vê, porque não é discernível, no dizer de Eugénio de Andrade, mas é por ter essa qualidade que ousa fazer - e tem feito ao longo dos milénos - todas as obras que ficam a marcar no tempo a força da sua acção criativa, por ter na sua imaterialidade o sopro divino existente no mundo desde a primeira aurora da Criação.


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