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sábado, 14 de fevereiro de 2015

A caridade segundo S. Paulo, presente na elevação a Cardeal de D. Manuel Clemente





No "Consistório Ordinário Público 2015", deste sábado, dia 14 de Fevereiro, o Patriarca de Lisboa D. Manuel Clemente foi criado Cardeal-presbítero com o título da igreja de Santo António (dos portugueses), em Roma.
A Liturgia da Palavra, que antecedeu a cerimónia recaíu na 1ª Carta de S, Paulo aos Coríntios 13, 4-13)

A caridade é paciente, a caridade é benigna; não é invejosa, não é altiva nem orgulhosa; não é inconveniente, não procura o próprio interesse; não se irrita, não guarda ressentimento; não se alegra com a injustiça, mas alegra-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O dom da profecia acabará, o dom das línguas há-de cessar, a ciência desaparecerá; mas a caridade não acaba nunca. De maneira imperfeita conhecemos, de maneira imperfeita profetizamos. Mas quando vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, sentia como criança e pensava como criança. Mas quando me fiz homem, deixei o que era infantil. No presente, nós vemos como num espelho e de maneira confusa; então, veremos face a face. No presente, conheço de maneira imperfeita; então, conhecerei como sou conhecido. Agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e a caridade; mas a maior de todas é a caridade.




O Papa Francisco, comentando o hino à Caridade da 1ª Carta de S. Paulo aos Coríntios (cap. 13), explicou antes de tudo o significado e a missão da dignidade cardinalícia. Porque de dignidade se trata, disse o Papa, mas não honorífica:
“Não se trata de algo acessório, decorativo que faça pensar a uma honorificência, mas de um eixo, um ponto de apoio e movimento essencial para a vida da comunidade. Vós sois junções cardinais e estais incardinados na Igreja de Roma, que «preside à universal assembleia da caridade”

Em seguida o Papa disse que na Igreja, toda a presidência provém da caridade, deve ser exercida na caridade e tem como fim a caridade. E por isso o «hino à caridade» da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios – continuou o Papa - constitui a palavra-orientadora para o ministério cardinalício quando o apóstolo descreve as características da caridade.
A propósito da caridade magnânima e benévola o Papa sublinhou que quanto mais se amplia a responsabilidade no serviço à Igreja, tanto mais se deve ampliar o coração, dilatando-se de acordo com a medida do coração de Cristo:

“Magnanimidade é, em certo sentido, sinónimo de catolicidade: é saber amar sem limites, mas ao mesmo tempo fiéis às situações particulares e com gestos concretos. Amar o que é grande, sem negligenciar o que é pequeno; amar as coisas pequenas no horizonte das grandes …”
Depois, continuou o Papa, a caridade «não é invejosa, não é arrogante nem orgulhosa», e isto é na verdade um milagre da caridade, pois nós todos e em todas as idades da vida sentimo-nos inclinados à inveja e ao orgulho, e as dignidades eclesiásticas não estão imunes desta tentação, advertiu o Papa

O Papa Francisco falou também da caridade que «não falta ao respeito, não procura o seu próprio interesse», o que convida o servidor da Igreja a descentralizar-se e a situar-se no único verdadeiro centro que é Cristo; da caridade que «não se irrita, não leva em conta o mal recebido» e que nos liberta do perigo de reagir impulsivamente, dizer e fazer coisas erradas; e sobretudo do risco mortal da ira retida, «aninhada» no interior, que nos leva a ter em conta os malefícios recebidos; da caridade que «não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade», sublinhando:

“Quem é chamado na Igreja ao serviço da governação deve ter um sentido tão forte da justiça que veja toda e qualquer injustiça como inaceitável, incluindo aquela que possa ser vantajosa para si mesmo ou para a Igreja e, ao mesmo tempo, deve rejubilar na verdade. Portanto, denúncia firme da injustiça e o serviço jubiloso da verdade”.

E por último o Papa falou da caridade que «tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta», em quatro palavras, disse, um programa de vida espiritual e pastoral, para sermos pessoas capazes de perdoar sempre; de dar sempre confiança, porque cheias de fé em Deus; capazes de infundir sempre esperança, porque cheias de esperança em Deus; pessoas que sabem suportar com paciência todas as situações e cada irmão e irmã, em união com Jesus, que suportou com amor o peso de todos os nossos pecados.
E o Papa terminou com um convite aos novos purpurados a serem dóceis à acção do Espírito Santo, pois quanto mais  incardinados na Igreja que está em Roma, tanto mais se devem tornar dóceis ao Espírito, para que a caridade possa dar forma e sentido a tudo o que são e fazem.(...)
in, Rádio Vaticano


Merecem uma leitura atenta estas palavras por representarem uma nova forma de se "ser Igreja" em que, ou pomos a render evangelicamente o tema da caridade ou, então, perdemos o que de melhor se nos podia aproveitar, tendo presente que tudo isto se resume no amor que deve ser dado ao próximo - que, como disse, um dia, o Papa Francisco, quando o nosso coração encontra lugar o menor dos nossos irmãos, é o próprio Deus que aí encontra lugar (...) e este aviso serve para qualquer criatura, porque se a fé, a esperança e a caridade são três virtudes importantes - teologais como as denomina a Igreja - a maior de todas é a CARIDADE, assim designada por S. Paulo.


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