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Pertence a Carlos Queirós este poema, onde o poeta parece, estranhar o modo como a poesia o tomou de assalto - como se fosses necessária - como escreve, mas sendo-o e de tal forma que ela constituiu na sua vida um modo estar presente no meio literário que fez dele um poeta de muito valor pela veia artística como modelou a arte difícil de fazer poesia, que muito longe de saber rimar palavras,tem a sua mais valia na mensagem que transmite e que nele, tem um sabor singular.
Fernando Pessoa ficou a dever-lhe o conhecimento de Ofélia Queirós - a Ofélia - a quem ele escreveu as suas 48 cartas de amor.
O "Apelo à Poesia" se começa por uma pergunta - Por que vieste? - acaba por ser uma aceitação pelo facto dela ter vindo... como algo que chegava de longe, presa ao coração de Carlos Queirós por um elo invisível, como são, afinal todos os elos da corrente criativa dos que têm o dom de somar nas palavras que escrevem importantes "quantias" da imaterialidade de que é feita a poesia,
Apelo à Poesia
Por que vieste? - Não chamei por
ti!
Era tão natural o que eu
pensava,
(Nem triste, nem alegre, de
maneira
Que pudesse sentir a tua
falta...)
E tu vieste,
Como se fosses necessária!
Poesia! nunca mais venhas assim:
Pé ante pé, covardemente oculta
Nas ideias mais simples,
Nos mais ingénuos sentimentos:
Um sorriso, um olhar, uma
lembrança...
- Não sejas como o Amor!
É verdade que vens, como se
fosses
Uma parte de mim que vive longe,
Presa ao meu coração
Por um elo invisível;
Mas não regresses mais sem que
eu te chame,
- Não sejas como a Saudade!
De súbito, arrebatas-me, através
De zonas espectrais, de ignotos
climas;
E, quando desço à vida, já não
sei
Onde era o meu lugar...
Poesia! nunca mais venhas assim,
- Não sejas como a Loucura!
Embora a dor me fira, de tal
modo
Que só as tuas mãos saibam
curar-me,
Ou ninguém, se não tu, possa
entender
O meu contentamento,
Não venhas nunca mais sem que eu
te chame,
- Não sejas como a Morte!
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