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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

IX Estação - Jesus cai pela terceira vez




Custava subir a ladeira, Senhor.
Sobre os Teus ombros os teus inimigos
haviam posto uma Cruz bem pesada... pesada demais
para quem já havia caído duas vezes!

Houve,no entanto, no percurso ignominioso
a que Te condenaram,
 mais este momento de paragem
para gáudio e galhofa de uma multidão ululante.

Foi o momento da Tua terceira queda,
quando já se avistava, a duzentos passos
a lareira do Gólgota, onde alguns soldados
esperavam ansiosamente a Tua chegada
e Te viram cair, vergado ao peso do madeiro
e contigo a Cruz que carregavas e se havia de tornar
o instrumento maior da Salvação.

Ao ver-Te extenuado, os soldados puseram-se a fazer contas
sobre o tempo que ainda irias gastar
nos tais duzentos passos... tal o cansaço que mostravas!

Era, então, meio-dia e nas mentes dos teus verdugos
perpassou, até, o medo de não chegares ao fim...
e, como era hábito, tudo teria de ficar resolvido
antes do por do sol.

Foi, quando, mais uma vez, raivosamente,
veio o incentivo cruel: Anda, levanta-Te... rei dos judeus...
está o dia já a meio!
E Tu, Senhor, num esforço colossal ergueste os ombros
e a Cruz desprendeu-se do chão,
e avançaste devagar, mas decidido a caminho do Calvário.

Tu bem sabias que era um cálice que terias de beber
e que tudo teria de ser cumprido escrupulosamente...
estava escrito, Senhor... e Tu sabias!

Por isso Te ergueste e de olhos bem abertos
começaste a caminhar, contando os passos
a encurtar a distância, por entre os risos de todos aqueles
que já viam bem perto o momento de desmistificar
a crença que havias espalhado entre o povo
que quem Te via, via em Ti o próprio Deus...
o Deus, que afinal, ia morrer entre dois ladrões!




Senhor:
Ao meditar nesta Tua terceira queda, nas dores que sofrias
e no modo com Te ergueste,
penso nas vezes em que fico parado no meio do caminho
sem me apetecer ir mais à frente,
sentindo-me morto de cansaço...
e me deixo vencer daquele sentimento 
que retarda a vontade de prosseguir.

É nesses momentos que penso em Ti.
Na Tua força, vendo a duzentos passos a morte
e, no entanto, caminhaste.

Ajuda-me, Senhor, a seguir sempre em frente
e, sempre contigo no pensamento...
mesmo naquele momento
em que sinta perto de mim
o fim da vida!



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