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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

X Estação - Jesus é despido das suas vestes





O cortejo havia parado no local exacto.

Era o cimo duma corcova do terreno, perto dum local
onde se cruzavam as estradas de Jafa e de Damasco,
local de passagem obrigatória, estrategicamente escolhido
para nele se implantarem as cruzes dos condenados,
para que servissem de exemplo ao povo.

Os Teus olhos, Senhor,
que eram os olhos humanos de Deus, olhavam e viam tudo...
e a Tua face por onde escorria empapada em pó
 a última gota de sangue que um espinho mais fundo causara
não mostrou medo do espectáculo triste
que se ia desenrolar, como se fosse um fim de tudo...
quando, afinal, era somente o princípio!

A uma ordem do Centurião, dois soldados num gesto rude
como se não lhes bastasse a Tua morte inocente
despiram-Te furiosamente as vestes que trazias.

Os Sacerdotes, os Escribas e os Fariseus
cruéis na sua vingança, olharam-Te naquela postura
e soltaram risos e graçolas de mau gosto:
Vê como estás nú, ó rei dos judeus... olha bem para ti!

A túnica suja das quedas e do pó do caminho
era tudo o que restava... era o Teu último bem.
Dado – quem sabe? – pela Mãe sofredora que tudo acompanhava.
Mesmo isso te tiraram para que se cumprisse a lei romana
que dava em sorte aos soldados de serviço às crucifixões
as roupas dos justiçados.

E assim se fez.
Olhando-a e porque não podia ser repartida
deitaram os dados para ver a quem calhava...
e mais uma vez se cumpriu o que estava escrito pelo salmista:
Repartiram entre si os meus vestidos
e sortearam a minha túnica.

Até neste pormenor, tudo foi cumprido até ao fim,
escrupulosamente.




Pobre de todos os bens do mundo, que nunca tiveste,
os soldados aprestaram-se para erguer na Cruz
um Deus despido.

Senhor Jesus:
Peço-Te que me dês sempre o dom de Te vestir
com todo o meu amor
em reparação de todo o ultraje que sofreste
por culpas que não tinhas
e assumiste por inteiro
para a minha Salvação!

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