O cortejo havia parado no local
exacto.
Era o cimo duma corcova do
terreno, perto dum local
onde se cruzavam as estradas de
Jafa e de Damasco,
local de passagem obrigatória,
estrategicamente escolhido
para nele se implantarem as
cruzes dos condenados,
para que servissem de exemplo ao
povo.
Os Teus olhos, Senhor,
que eram os olhos humanos de
Deus, olhavam e viam tudo...
e a Tua face por onde escorria
empapada em pó
a última gota de sangue que um espinho mais
fundo causara
não mostrou medo do espectáculo
triste
que se ia desenrolar, como se
fosse um fim de tudo...
quando, afinal, era somente o
princípio!
A uma ordem do Centurião, dois
soldados num gesto rude
como se não lhes bastasse a Tua
morte inocente
despiram-Te furiosamente as
vestes que trazias.
Os Sacerdotes, os Escribas e os
Fariseus
cruéis na sua vingança,
olharam-Te naquela postura
e soltaram risos e graçolas de
mau gosto:
Vê como estás nú, ó rei dos
judeus... olha bem para ti!
A túnica suja das quedas e do pó
do caminho
era tudo o que restava... era o
Teu último bem.
Dado – quem sabe? – pela Mãe
sofredora que tudo acompanhava.
Mesmo isso te tiraram para que
se cumprisse a lei romana
que dava em sorte aos soldados
de serviço às crucifixões
as roupas dos justiçados.
E assim se fez.
Olhando-a e porque não podia ser
repartida
deitaram os dados para ver a
quem calhava...
e mais uma vez se cumpriu o que
estava escrito pelo salmista:
Repartiram entre si os meus
vestidos
e sortearam a minha túnica.
Até neste pormenor, tudo foi
cumprido até ao fim,
escrupulosamente.
Pobre de todos os bens do mundo,
que nunca tiveste,
os soldados aprestaram-se para
erguer na Cruz
um Deus despido.
Senhor Jesus:
Peço-Te que me dês sempre o dom
de Te vestir
com todo o meu amor
em reparação de todo o ultraje
que sofreste
por culpas que não tinhas
e assumiste por inteiro
para a minha Salvação!
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