Pesquisar neste blogue

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Belém tão longe... e já à vista!



Gravura do Jornal "O Zé" de 21 de Setembro de 1915


O caricaturista daquele tempo com eleições presidenciais marcadas para 5 de Outubro de 1915, viu assim, não sei qual dos dois candidatos à Presidência da República.
O breve perfil da Torre de Belém que aparece representado serviu para assinalar de que eleição se tratava e sem ter descurando o pormenor dos olhos bem abertos no barco que o conduz o candidato, apresentou este com o binóculo bem assestado a olhar, cobiçoso, a cadeira do poder que vê colocada no devido trono... ainda que no tempo já não houvesse Monarquia.


Cem anos depois, vai voltar a haver eleições para o mesmo cargo, com a diferença que em 1915 houve dois candidatos e, agora, os dedos de uma das mãos não chegam para os contar e, ainda, com outra diferença - com Belém tão longe... e já à vista - o que não deixa de ser mais uma das nossas singularidades.

Qual será o candidato com a visão mais apurada, como a teve em 1915 aquele, que na gravura aparece, estando quase a desembarcar em Belém?
Diz a História que foi Bernardino Machado.

Outra singularidade - é que com a excepção de Ramalho Eanes, embora tenha cometido o "pecadilho" de ter fomentado o aparecimento fugaz do Partido Renovador Democrático (PRN) - nunca tivemos Presidentes que não tenham sido conotados com os seus partidos políticos de origem.
  • Mário Soares, com as suas "Presidências Abertas" abriu demais o jogo em desfavor do PSD.
  • Jorge Sampaio, quando pressentiu que o voto maioritário do povo era favorável ao PS não hesitou em deitar abaixo um governo com maioria parlamentar adverso à sua tendência política.
  • Cavaco Silva, não desmente a sua tendência social-democrata.
Pessoalmente, compreendo a situação. 
É humana e dum momento para o outro não se pode fugir a este gesto tendencial, no seio do qual se viveram momentos políticos marcantes.

Mas... se agora, acabássemos com mais esta singularidade e elegêssemos em 2015 um Presidente da República que fosse, efectivamente, "Presidente de todos os portugueses" e acabasse de uma vez para sempre esta figura de estilo que os Presidentes eleitos costumam declarar?
Não o creio, porém. 
Olhando o horizonte político e as figuras que nele se vão perfilando em Portugal não vai ser tão cedo que tal vai a acontecer, a menos que esteja enganado.
Oxalá, o esteja!


Sem comentários:

Enviar um comentário