Lembrando a data que hoje se comemora e é de novo feriado nacional - 5 de Outubro - em honra à implantação da República em 1910, dir-se-à que esta data teve a sua génese numa frase mortífera proclamada no dia 20 de Novembro de 1906, pelo deputado republicano Afonso Costa, na então chamada Câmara onde se reunia o Parlamento.
Naquele tempo havia uma "Monarquia sem monárquicos" . como o Rei D. Carlos havia dito, estando à rédea solta o ódio dos republicanos contra o regime.
Naquele dia, Afonso Costa que estivera doente regressou ao Parlamento para proferir aquele que ficou conhecido como o mais contundente dos seus discursos contra a realeza e num dado momento em que verberava com ímpeto o seu desacordo contra os adiantamentos monetários que o Ministro da Fazenda dava à Família Real, no meio de uma acesa polémica, deixou cair esta frase mortifera:
"Por muitos menos crimes do que os
cometidos por D. Carlos I rolou no cadafalso, em França, a cabeça de Luis
XVI".
D. Carlos I não morreu guilhotinado, mas não pode escapar às balas assassinas que a Carbonária desfechou sobre ele no dia 1 de Fevereiro de 1908, pelo que "há palavras que matam" -como diz um rifão popular - e as palavras que haviam sido ditas por Afonso Costa 14 meses antes já levavam as "balas" que mataram o Rei e o Príncipe Luis Filipe, pelo que, muito embora Afonso Costa, ainda hoje é um símbolo republicano - para alguns - ele que bem sabia que a pena de morte tinha sido abolida em Portugal, não devia ter dito o que disse.
Historicamente, é sabido que o rei francês Luis XVI foi preso no dia seguinte ao da sua saíde de Paris, em 21 de Junho de 1791, na localidade de Varennes quando fugia com a família real dos revoltosos, ao passo que o rei D, Carlos e sua família vinham a chegar de uma estadia em Vila Viçosa, pelo que a frase de Afonso Costa foi uma enormidade por ser desconforme com as situações vividas.
Esta é a razão que me leva a não honrar a memória de Afonso Costa.
Neste dia comemorativo do 5 de Outubro de 1910, fica aqui estampada a frase exaltada de Afonso Costa, como prova que, como diz o povo "o ódio não é bom conselheiro"... e há "palavras que matam" - como diz, ainda, o mesmo povo, que infelizmente não costuma ser ouvido como merece... porque, hoje como ontem, o povo só é mais válido quando se lhe pede o voto em tempo de eleições.
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