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segunda-feira, 2 de maio de 2016

Pela Pátria - Um soneto de António Correia de Oliveira



PELA PÁTRIA

Ouve, meu filho: cheio de carinho,
Ama as Árvores, ama. E, se puderes,
(E poderás: tu podes quanto queres!)
Vai-as plantando è beira do caminho.

Hoje uma, outra amanhã, devagarinho.
Serão em fruto e em flor, quando cresceres.
Façam os outros como tu fizeres:
Aves em Abril que vão compondo o ninho.

Torne fecunda e bela, cada qual,
A terra em que nascer: e Portugal
Será fecundo e belo, e o mundo inteiro.

Fortes e unidos, trabalhai assim...
- A Pátria não é mais que um jardim
Onde nós todos temos um canteiro.

in, A Criação (Vida e História das Árvores) - 1913

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Eu não desconheço o motivo que tem motivado o esquecimento do Poeta António Correia de Oliveira pela in(cultura) literária que se instalou em Portugal com a Revolução de 1974, onde só têm valor os literatos que de algum modo, nunca apareceram conotados com o Estado Novo.

António Correia de Oliveira, gostem ou não, foi proposto em 1933 para o Prémio Nobel da Literatura, não tendo sido escolhido, precisamente, porque este prémio literário desde muito cedo passou a ser politizado com uma dada corrente que levou até ele José Saramago.

O Poeta de S. Pedro do Sul, filho adoptivo de Esposende, onde casou, foi um grande português que amou Portugal e se as suas poesias, aqui e ali, reflectem o grande patriota que ele foi, o que não restam dúvidas, é que este soneto patriótico que convida os seus concidadãos a trabalhar fortes e unidos, só para quem tem o sentido malévolo de não ver no artista-poeta o desejo sincero de se trabalhar assim para a Pátria ser respeitada, é que em vez disso, o passou a denegrir, alinhando-o com o pensamento político instalado no seu tempo, o que sendo verdade, não foi um crime.

Crime, será o daqueles que nos pós 25 de Abril, na Pátria, que não é mais que um jardim / onde todos nós temos um canteiro, não tivessem sido capazes de estancar a emigração que já havia e que tem continuado até hoje, na contínua procura de achar lá fora o tal canteiro que António Correia de Oliveira desejava que todos tivéssemos em Portugal, pelo que, esquecer este insigne homem das Letras Portuguesas para por em seu lugar uns certos "baladeiros" é obra que não devia honrar o poder actual... porque eles cantam em cima da desventura em que caímos, quando deviam cantar à honra e à glória da Pátria que somos e em que, só unidos é que a podemos resgatar.

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