Último Natal
Menino Jesus, que nasces
Quando eu morro,
E trazes a paz
Que não levo,
O poema que te devo
Desde que te aninhei
No entendimento,
E nunca te paguei
A contento
Da devoção,
Mal entoado,
Aqui te fica mais uma vez
Aos pés,
Como um tição
Apagado,
Sem calor que os aqueça.
Como ele me desobrigo e
desengano:
És divino, e eu sou humano,
Não há poesia em mim que te
mereça.
Que grande e sublime Poeta foi Miguel Torga!
Depois de o ler - neste seu "Último Natal" - apetece não dizer nada e ficar a beber da frescura desta água de Amor que ele dedicou ao Menino Jesus e, depois, ler de novo, e sentir a humildade do homem que foi uma águia que voou, como poucos nos ares da Poesia Portuguesa e, por fim, agradecer-lhe o facto incontroverso que ele chamou para si, de não haver nele poesia que pudesse merecer a exaltação do Menino Jesus, que não tarda vamos celebrar em mais um Natal, que para ele foi o "Último Natal!
Que grande e sublime Poeta foi Miguel Torga!
Sem comentários:
Enviar um comentário