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sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Sete Poemas de Natal



O Sonho de Maria

Eu tive um sonho, José, que não pude decifrar…
Celebravam o Natal, sem nosso filho chamar.
Uma grande e linda festa, as pessoas preparavam,
Mas do nosso menininho, elas nem mesmo lembravam.

Decoraram e iluminaram, a casa, com grande pompa!
Gastaram muito dinheiro, fazendo uma enorme compra!
Engraçado, mas não vi, presentes pro nosso filho,
Entre todos os pacotes, enfeitados com fitilho…

Muitas bolas coloridas, na árvore penduradas,
- Coitadinho do pinheiro, teve a raíz arrancada! -
Um anjo, bem lá no alto – esse sim, gostei de ver,
Lembrei da anunciação, antes de Jesus nascer!

Ao trocarem os presentes – melhor mesmo que eu não visse
Nem falaram em Jesus, como se não existisse!
Celebrar aniversário de alguém que não está presente…
Você entende, José? Não é pra ficar doente?

Acho mesmo que meu filho, ficaria tão confuso…
Se aparecesse na festa, o achariam “um intruso”!
Não ser desejado, é triste, depois do grande calvário…
Dando a vida pelo irmão, num triste e cruél cenário!

Ainda bem que foi sonho… pois muito triste seria,
Ele voltar para a Terra, sentir que ninguém queria!
Mais um Natal, este, agora, em que eu iria dar à luz,
Sem saber se o povo entende, a grandeza de Jesus!

Mirian Warttusch


LITANIA DO NATAL

A noite fora longa, escura, fria.
Ai noites de Natal que dáveis luz,
Que sombra dessa luz nos alumia?
Vim a mim dum mau sono, e disse: «Meu Jesus…»
Sem bem saber, sequer, porque o dizia.

E o Anjo do Senhor: «Ave, Maria!»

Na cama em que jazia,
De joelhos me pus
E as mãos erguia.
Comigo repetia: «Meu Jesus…»
Que então me recordei do santo dia.

E o Anjo do Senhor: «Ave, Maria!»

Ai dias de Natal a transbordar de luz,
Onde a vossa alegria?
Todo o dia eu gemia: «Meu Jesus…»
E a tarde descaiu, lenta e sombria.

E o Anjo do Senhor: «Ave, Maria!»

De novo a noite, longa, escura, fria,
Sobre a terra caiu, como um capuz
Que a engolia.
Deitando-me de novo, eu disse: «Meu Jesus…»

E assim, mais uma vez, Jesus nascia.

José Régio


Poema de Natal:
Jesus, de Puro Amor

Já nasceste como Deus,
Sacrossanto Pequenino,
Trazendo a fraternidade,
Astro de pura bondade,
Um Ser de luz…
Deus-menino!

Foram Teus ensinamentos,
Quando Homem peregrino,
Mostras do Amor em essência,
Porta-voz da Providência,
Lume de nosso destino…

Hoje, em horas incertas,
Na alegria ou desatino,
Eu Te encontro em minhas preces,
Pois sei que nunca me esqueces,
Jesus, meu Mestre Divino!

És o raio da esperança,
És consolo dos aflitos,
A estrela da manhã,
Os clarões do arrebol…
À noite estás comigo
Nos meus sonhos mais bonitos
E me alimento em Teu Amor
Da aurora ao pôr-do-sol…

Diante de Ti, Senhor,
O meu coração inflama,
És alegria e bonança,
Sublime e divinal…
Ao servir-me do Amor
Que Tua presença emana,
Eu me sinto imergir
Numa paz celestial!

Oriza Martins


Poema de Natal: Meu Melhor Presente

Jesus foi o melhor presente, que tive neste Natal.
Sem Ele que graça teria, festa, presente, afinal?
Tudo de melhor que tenho, Ele me deu com carinho.
Meus filhos, meu alimento, minha casa, o pão e o vinho.

Foi Dele, sim, que lembrei, à meia noite de ontem.
E vocês, como passaram? Me digam logo, me contem!
Ele entregou pra vocês, o carinho que mandei?
Derramou Suas mil bênçãos, do jeito que eu lhe falei?

Ele chegou nessa noite? Ficou no seu coração?
Eu pedi tudo isso a Ele, com a maior devoção.
Eu tenho sim a certeza, de que Jesus me atendeu
E a todos os meus amigos, um presente eu sei que deu.

Vocês verão que o Ano Novo, será sim, maravilhoso!
Do jeitinho que eu pedi, muito alegre e venturoso!
Jesus nos dá mesmo tudo, basta sabermos pedir.
Peçam tudo sempre a Ele, não esqueçam de repartir.

De verdade, está com a gente, estendendo a Sua mão.
Mesmo que não o vejamos, está no nosso coração!
A estrela mostra o caminho, no céu a sinalizar;
É só seguir essa estrela, para Jesus encontrar!

                                      Mirian Warttusch


NATAL

Turvou-se de penumbra o dia cedo;
Nem o sol apertou no meu beiral!
Que longas horas de Jesus! Natal…
E o cepo a arder nas cinzas do brasedo…

E o lar da casa, os corações aos dobres,
É um painel a fogo em seu costume!
Que lindos versos bíblicos, ao lume,
P'lo doce Príncipe cristão dos pobres!

Fulvas figuras pra esculpir em barro:
À luz da lenha, em rubro tom bizarro,
Sou em Presépio com meus pais e irmãos

E junto às brasas, os meus olhos postos
Nesta evangélica expressão de rostos,
Ergo em graças a Deus as minhas mãos.

Afonso Duarte


Natal

É noite.
Pelas ruas, vago sem destino.
Luzes, vitrines coloridas, bolas multicores…
Em cada canto, um Papai Noel vende ilusão.
Ansiosa procuro o aniversariante:
Nas lojas, nas árvores iluminadas,
Nos sinos que cantam sem cessar:
“Noite Feliz, Noite Feliz…”
Tudo em vão.
Já cansada, encontro, num cantinho,
Um pobre menino,
Triste, solitário, mal vestido,
A cada um lançando seu olhar,
A cada qual implorando seu presente:
Nem carrinhos comandados,
Nem robôs, nem celulares.
Apenas, tão somente, pede amor.
Só então vejo Jesus que nele habita.

Celina Figueiredo


OS PASTORES

                                                   Guardavam certos pastores
seus rebanhos, ao relento,
sobre os céus consoladores
pondo a vista e o pensamento.

Quando viram que descia,
cheio de glória fulgente,
um anjo do céu do Oriente,
que era mais claro que o dia.

Jamais os cegara assim
luz do meio-dia ou manhã.
Dir-se-ia o audaz Serafim,
que um dia venceu Satã.

Cheios de assombro e terror,
rolaram na erva rasteira.
– Mas ele, com voz fagueira,
lhes diz, com suave amor:

«Erguei-vos, simples, daí,
humildes peitos da aldeia!
Nasceu o vosso Rabi,
que é Cristo – na Galileia!

Num berço, o filho real,
não o vereis reclinado.
Vê-lo-eis pobre e enfaixado,
sobre as palhas de um curral!

Segui dos astros a esteira.
Levai pombas, ramos, palmas,
ao que traz uma joeira
das estrelas e das almas!»

Foi-se o anjo: e nas neblinas,
então celestes legiões
soltam místicas canções,
sobre violas divinas.

Erguem-se, enfim, os pastores
e vão caminhos dalém,
com palmas, rolas, e flores,
cordeiros, até Belém.

E exclamavam indo a andar:
– «Vamos ver o vinhateiro!
Ver o que sabe lavrar
nas nuvens, ver o Ceifeiro!

Vamos beijar os pés nus
do que semeia nos céus.
Ver esse pastor que é Deus
– e traz cajado de luz!»

Chegando ao presépio, enfim,
caem, de rojo, os pastores,
vendo o herdeiro d’Eloim
que veste os lírios e as flores.

Dão-lhe pombas gloriosas,
meigos, tenros animais.
– Mas, vendo coisas radiosas,
casos vindouros, fatais…

Abria o deus das crianças
uns olhos profundos, graves,
no meio das pombas mansas
– nas palpitações das aves.

Gomes Leal

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