O Sonho de Maria
Eu tive um sonho, José, que não
pude decifrar…
Celebravam o Natal, sem nosso
filho chamar.
Uma grande e linda festa, as
pessoas preparavam,
Mas do nosso menininho, elas nem
mesmo lembravam.
Decoraram e iluminaram, a casa,
com grande pompa!
Gastaram muito dinheiro, fazendo
uma enorme compra!
Engraçado, mas não vi, presentes
pro nosso filho,
Entre todos os pacotes, enfeitados
com fitilho…
Muitas bolas coloridas, na árvore
penduradas,
- Coitadinho do pinheiro, teve a
raíz arrancada! -
Um anjo, bem lá no alto – esse
sim, gostei de ver,
Lembrei da anunciação, antes de
Jesus nascer!
Ao trocarem os presentes – melhor
mesmo que eu não visse
Nem falaram em Jesus, como se não
existisse!
Celebrar aniversário de alguém que
não está presente…
Você entende, José? Não é pra
ficar doente?
Acho mesmo que meu filho, ficaria
tão confuso…
Se aparecesse na festa, o achariam
“um intruso”!
Não ser desejado, é triste, depois
do grande calvário…
Dando a vida pelo irmão, num
triste e cruél cenário!
Ainda bem que foi sonho… pois
muito triste seria,
Ele voltar para a Terra, sentir
que ninguém queria!
Mais um Natal, este, agora, em que
eu iria dar à luz,
Sem saber se o povo entende, a
grandeza de Jesus!
Mirian Warttusch
LITANIA DO NATAL
A noite fora longa, escura,
fria.
Ai noites de Natal que dáveis
luz,
Que sombra dessa luz nos
alumia?
Vim a mim dum mau sono, e
disse: «Meu Jesus…»
Sem bem saber, sequer, porque o
dizia.
E o Anjo do Senhor: «Ave,
Maria!»
Na cama em que jazia,
De joelhos me pus
E as mãos erguia.
Comigo repetia: «Meu Jesus…»
Que então me recordei do santo
dia.
E o Anjo do Senhor: «Ave,
Maria!»
Ai dias de Natal a transbordar
de luz,
Onde a vossa alegria?
Todo o dia eu gemia: «Meu
Jesus…»
E a tarde descaiu, lenta e sombria.
E o Anjo do Senhor: «Ave,
Maria!»
De novo a noite, longa, escura,
fria,
Sobre a terra caiu, como um
capuz
Que a engolia.
Deitando-me de novo, eu disse:
«Meu Jesus…»
E assim, mais uma vez, Jesus
nascia.
José Régio
Poema de Natal:
Jesus, de Puro Amor
Já nasceste como Deus,
Sacrossanto Pequenino,
Trazendo a fraternidade,
Astro de pura bondade,
Um Ser de luz…
Deus-menino!
Foram Teus ensinamentos,
Quando Homem peregrino,
Mostras do Amor em essência,
Porta-voz da Providência,
Lume de nosso destino…
Hoje, em horas incertas,
Na alegria ou desatino,
Eu Te encontro em minhas
preces,
Pois sei que nunca me esqueces,
Jesus, meu Mestre Divino!
És o raio da esperança,
És consolo dos aflitos,
A estrela da manhã,
Os clarões do arrebol…
À noite estás comigo
Nos meus sonhos mais bonitos
E me alimento em Teu Amor
Da aurora ao pôr-do-sol…
Diante de Ti, Senhor,
O meu coração inflama,
És alegria e bonança,
Sublime e divinal…
Ao servir-me do Amor
Que Tua presença emana,
Eu me sinto imergir
Numa paz celestial!
Oriza Martins
Poema de Natal: Meu Melhor Presente
Jesus foi o melhor presente, que
tive neste Natal.
Sem Ele que graça teria, festa,
presente, afinal?
Tudo de melhor que tenho, Ele me
deu com carinho.
Meus filhos, meu alimento, minha
casa, o pão e o vinho.
Foi Dele, sim, que lembrei, à meia
noite de ontem.
E vocês, como passaram? Me digam
logo, me contem!
Ele entregou pra vocês, o carinho
que mandei?
Derramou Suas mil bênçãos, do
jeito que eu lhe falei?
Ele chegou nessa noite? Ficou no
seu coração?
Eu pedi tudo isso a Ele, com a
maior devoção.
Eu tenho sim a certeza, de que
Jesus me atendeu
E a todos os meus amigos, um
presente eu sei que deu.
Vocês verão que o Ano Novo, será
sim, maravilhoso!
Do jeitinho que eu pedi, muito
alegre e venturoso!
Jesus nos dá mesmo tudo, basta
sabermos pedir.
Peçam tudo sempre a Ele, não
esqueçam de repartir.
De verdade, está com a gente,
estendendo a Sua mão.
Mesmo que não o vejamos, está no
nosso coração!
A estrela mostra o caminho, no céu
a sinalizar;
É só seguir essa estrela, para
Jesus encontrar!
Mirian Warttusch
Mirian Warttusch
NATAL
Turvou-se de penumbra o dia cedo;
Nem o sol apertou no meu beiral!
Que longas horas de Jesus! Natal…
E o cepo a arder nas cinzas do
brasedo…
E o lar da casa, os corações aos
dobres,
É um painel a fogo em seu costume!
Que lindos versos bíblicos, ao
lume,
P'lo doce Príncipe cristão dos
pobres!
Fulvas figuras pra esculpir em
barro:
À luz da lenha, em rubro tom
bizarro,
Sou em Presépio com meus pais e
irmãos
E junto às brasas, os meus olhos
postos
Nesta evangélica expressão de
rostos,
Ergo em graças a Deus as minhas
mãos.
Afonso Duarte
Natal
É noite.
Pelas ruas, vago sem destino.
Luzes, vitrines coloridas,
bolas multicores…
Em cada canto, um Papai Noel
vende ilusão.
Ansiosa procuro o
aniversariante:
Nas lojas, nas árvores
iluminadas,
Nos sinos que cantam sem
cessar:
“Noite Feliz, Noite Feliz…”
Tudo em vão.
Já cansada, encontro, num
cantinho,
Um pobre menino,
Triste, solitário, mal vestido,
A cada um lançando seu olhar,
A cada qual implorando seu
presente:
Nem carrinhos comandados,
Nem robôs, nem celulares.
Apenas, tão somente, pede amor.
Só então vejo Jesus que nele
habita.
Celina Figueiredo
OS PASTORES
Guardavam certos pastores
seus rebanhos, ao relento,
sobre os céus consoladores
pondo a vista e o pensamento.
Quando viram que descia,
cheio de glória fulgente,
um anjo do céu do Oriente,
que era mais claro que o dia.
Jamais os cegara assim
luz do meio-dia ou manhã.
Dir-se-ia o audaz Serafim,
que um dia venceu Satã.
Cheios de assombro e terror,
rolaram na erva rasteira.
– Mas ele, com voz fagueira,
lhes diz, com suave amor:
«Erguei-vos, simples, daí,
humildes peitos da aldeia!
Nasceu o vosso Rabi,
que é Cristo – na Galileia!
Num berço, o filho real,
não o vereis reclinado.
Vê-lo-eis pobre e enfaixado,
sobre as palhas de um curral!
Segui dos astros a esteira.
Levai pombas, ramos, palmas,
ao que traz uma joeira
das estrelas e das almas!»
Foi-se o anjo: e nas neblinas,
então celestes legiões
soltam místicas canções,
sobre violas divinas.
Erguem-se, enfim, os pastores
e vão caminhos dalém,
com palmas, rolas, e flores,
cordeiros, até Belém.
E exclamavam indo a andar:
– «Vamos ver o vinhateiro!
Ver o que sabe lavrar
nas nuvens, ver o Ceifeiro!
Vamos beijar os pés nus
do que semeia nos céus.
Ver esse pastor que é Deus
– e traz cajado de luz!»
Chegando ao presépio, enfim,
caem, de rojo, os pastores,
vendo o herdeiro d’Eloim
que veste os lírios e as flores.
Dão-lhe pombas gloriosas,
meigos, tenros animais.
– Mas, vendo coisas radiosas,
casos vindouros, fatais…
Abria o deus das crianças
uns olhos profundos, graves,
no meio das pombas mansas
– nas palpitações das aves.
Gomes Leal
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