A ÁGUA É MAIS FORTE QUE A ROCHA
Sê tu mesmo, e o mundo será mais rico e mais belo. Mas se
não fores capaz disso, se fores mentiroso e cobarde, o mundo será pobre, e
então necessitará de uma melhoria. (Hermann Hesse)
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Desafio os leitores deste "blog" a debruçarem-se
sobre o perfil do homem que foi Hermann Hesse, prémio Nobel da Literatura de
1946, porque há-de ser sempre o pensamento dos mestres que nos ajudam a
construir um mundo melhor e este autor alemão com a sua escrita procurou que ele o
fosse, para bem da colectividade.
Sê tu mesmo - diz ele a abrir o pensamento que
se publica - o quer dizer que devemos ser íntegros no
cumprimento dos bens naturais que recebemos à partida nesta aventura de viver a
que fomos chamados, na certeza que esses bens são pródigos de rendimentos
profícuos quanto á condução da vida, se não formos mentirosos e cobardes.
Sê tu mesmo, quer ainda dizer que nem sempre estamos
obrigados e viver dentro das normas comportamentais de benevolência para com
uma parte do mundo nem sempre correcta – sobretudo, quando esta se posiciona
influente mercê do seu domínio sobre o dinheiro, em obediência a um comportamento espúrio – tomando, desse modo, uma atitude mentirosa quanto aos meios que usa e
cobarde perante a força que desencadeia contra os mais fracos.
Sem me fazer acusador de ninguém – porque a tal me obriga a
contenção da ortodoxia moral - penso que nos cumpre no tempo que
passa, de tanto génio exaltado e tanta violência de palavras, chamar a atenção
para outro conceito de Hermann Hesse, quando nos diz que a água é mais
forte que a rocha e ser, por isso, importante para o
colectivo chamar à colação o sentido espiritual que deve unir a frágil água dos
fracos contra a rocha que os poderosos dizem ser e fazendo
gáudio disso mesmo.
Portugal não é um País violento mas está desperto – e muito
bem – para as injustiças de um mundo em que é a regra passou a ser o domínio do
dinheiro que em grande parte justifica que: Certamente há situações,
cuja injustiça brada aos céus. Quando populações inteiras, desprovidas do
necessário, vivem numa dependência que lhes corta toda a iniciativa e
responsabilidade, e também toda a possibilidade de formação cultural e de
acesso à carreira social e política, é grande a tentação de repelir pela
violência tais injúrias à dignidade humana. (Populorum Progressio n º
30.)
Eis, porque, em determinadas situações no pensamento da
própria Igreja romana, pode ser grande a tentação de repelir pela
violência os maus tratos, mas sem esquecer que devemos uns aos outros
o respeito que a nossa condição humana nos pede sem abdicarmos de fazer sentir
a razão que temos: Sê tu mesmo, e o mundo será mais rico e mais
belo, ou seja, sejamos nós mesmos, reagindo, mas não insultando ou
violentando, porque a insurreição dos espíritos não conduz à paz, pois nunca
se pode combater um mal real à custa de uma desgraça maior (Populorum
Progressio nº 31)
A água é mais forte que a rocha, diz Hermann
Hesse, uma razão suficiente que pode e deve levar os mais fracos a fazerem
sentir, na linha do que propõe o documento da Igreja romana nº 30, acima
referido, a sua determinação em combater dependências materiais ou morais, que
são de todo inadmissíveis à luz do tempo que passa.
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