DÍPTICO DO NATAL
nº II
Nem cântico, nem lágrima, nem
prece…
Pois que diria eu de original
De válido ou sublime, se
dissesse
Um cântico, uma lágrima, uma
prece
Ao Teu Natal?
Nem cântico, nem lágrima, nem
prece…
Nada diria, sim.
Por isso, a pena pára e emudece.
(Nem cântico, nem lágrima, nem
prece…)
……………………………………
Menino, fala Tu dentro de mim…
Arnaldo Saraiva
Nem cântico, nem lágrima, nem prece - assim se dirige o poeta, ao Menino - como se, posto perante tão grande acontecimento o que lhe apetecia fazer para o exaltar em tempo de Natal, era parar e emudecer em acto de contemplação perante o Mistério que, por fim, Deus, no momento exacto fez surgir em todos os horizontes do Mundo, simbolizando, segundo a tradição, a caminhada dos Reis Magos guiados por uma Estrela singular a caminhada da Humanidade ao encontro espiritual que urge fazer, num dia sem data marcada, mas que devia ser feita por todas as criaturas, num momento que fosse, da sua existência.
Quando o poeta pede:
Menino, fala Tu dentro de mim - e assim acaba a parte daquela poema - dá-nos a entender que neste momento o que de mais válido ou sublime temos para oferecer ao Menino é parar e emudecer e pedir-lhe que Ele, no silêncio oblativo que lhe dedicamos entre dentro de nós para nos dizer que nasceu para ser para cada pessoa o Rei Eterno nascido do mais Fundo dos Tempos, tendo para cada um que tem a graça de O ouvir dentro de si a Mensagem que trouxe do Céu.
É esse o Mistério!
E foi por o saber e sentir que Arnaldo Saraiva emudeceu e pediu:
Menino, fala Tu dentro de mim...
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