Pesquisar neste blogue

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

A verdade...


De vez em quando os homens tropeçam na verdade, mas a maioria deles levanta-se rapidamente e continua o seu caminho como se nada tivesse acontecido.
 (Winston Churchill)
...................................................................

O que é a verdade?

Eis uma pergunta que tem acompanhado os homens de todos os tempos sem que para ela – pesem embora todos os estudos e ciências – se haja encontrado uma resposta comum e que pelo facto da evidência real da sua natureza, o homem se tenha deixado ficar de tal modo preso à verdade indefectível que existe em qualquer dos campos da realização humana, que tenha passado a segui-la para sempre, quando o que acontece, como avisadamente nos diz o grande homem que foi o antigo Primeiro Ministro britânico é que, a maioria, esquece-a e rapidamente e continua o seu caminho como se nada tivesse acontecido.

É a tragédia que temos presente por cima da nossa fragilidade desde os primórdios da sabedoria humana, tal como nos diz – para citar um exemplo –  Samuel, o derradeiro juiz de Israel:  Na verdade, em vão tenho guardado tudo quanto este tem no deserto, e nada lhe faltou de tudo quanto tem, e ele me pagou mal por bem. (1Sa 25, 21) – apresentando assim o queixume do rei David sobre Nabal - um insensato como a Bíblia refere - que esqueceu a verdade que havia no sentimento da amizade e passou adiante pagando mal por bem.

Diz a cultura da velha Grécia – no tempo actual tão maltratada pela hodierna economia selvagem que esquece os créditos de tão velha Nação – que na sua sabedoria a verdade se chama aletheia, significando: nada escondido ou dissimulado, porquanto o verdadeiro é o que se manifesta aos olhos do corpo e do espírito, sendo a verdade a manifestação daquilo que é ou existe tal como é, opondo-se o verdadeiro ao falso, ao encoberto, ao escondido ou dissimulado, àquilo que parece ser e não é como parece.

O verdadeiro é o evidente ou o plenamente visível para a razão.

Na cultura latina, onde se enraíza a língua portuguesa a verdade diz-se veritas, referindo-se à precisão, ao rigor e à exactidão onde é dito com detalhes, pormenores e fidelidade aquilo que aconteceu. Verdadeiro, refere-se, portanto, à linguagem enquanto narrativa de factos acontecidos, dizendo fielmente as coisas tal como aconteceram.
Temos assim, que o relato de Samuel apresenta a verdade de um acto acontecido sem as distorções que, quantas vezes fazemos das coisas que acontecem, que não só se apresentam como falhas à realidade, como se deixam ficar na sombra do disfarce.

Se voltarmos ao brilhante axioma de Winston Churchill, constamos que ele usa o verbo “tropeçar” para nos dizer, que  – de vez em quando – o homem tropeça na verdade, ou seja, por não fazer dela uma conduta, cai ao que parece com algum espanto, porque logo que dá conta do “tropeção” levanta-se, sacode a vergonha de ter caído na verdade – como se fosse uma armadilha – olha em redor e com medo de ter sido visto segue o caminho como se nada tivesse acontecido.

Na leitura bíblica de que falamos, Nabal fez o mesmo.

Esquecido da verdade que devia assumir perante o rei David passou adiante deixando para a esposa Abigail o pedido de desculpa que era preciso fazer em face do mau procedimento do marido que havia mandado a verdade para o lixo da esterqueira moral dos seus sentimentos.

Nabal caiu um dia, por acaso, em cima da verdade.
Não raro é o que fazemos, pois desde o mais fundo da História temos passado séculos à sua procura… e, no entanto, há dois milénios, já nos foi dito o que é a Verdade.
Fonte inexaurível que é o cadinho onde se formam as verdades correctas para todos os actos que praticamos… mas muitos de nós não acreditamos!

Sem comentários:

Enviar um comentário