COISAS ALDEÃS
Ah! A claridade do Céu da minha
terra!
O azul sem mancha...
Belo e transparente!
O ar sereno que nos afaga o
rosto
Mansamente...
A luz do Alto, cortada pela
serra!
O ar pachorrento dos bois do
lavrador
E o seu olhar doce, sereno e
bom
Puxando de manso o carro -
rom...rom...
É uma alegria
Que fecha o dia, no Sol-por!
As gentes da minha terra são
sadias!
Crêem em Deus
E rezam com fervor.
Têm a fé dos Santos
E é cheias de amor
Que se descobrem às Avé-Marias
Numa pureza doce...
É sempre assim, no ocaso dos
dias!
Erguem-se cedo... ainda horas
mortas.
São robustos...
Corados como rosas!
Andam serenos
E têm maneiras carinhosas
Na salvação que trocam pelas
hortas!
1956
De um livro a publicar sob o título "Vela ao Vento"
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Este poema é muito antigo.
Na minha terra - ao tempo e que ele foi escrito, era tudo assim "sem por nem tirar" - pelo que o poema é um retrato que hoje não existe, mas dizer que era assim o bulício dos tempos em que a visitava pelas "férias grandes", é uma homenagem de amor que eu faço à minha aldeia serrana, escondida no fundo de um vale ameno.
A imagem que escolhi para "enfeitar" o poema retrata aquilo que era uma cena habitual no tempo outoniço em que se arrecadavam nas lojas do quinteiro as palhas dos cereais para sustento no Inverno dos animais e são, para mim, hoje, uma grande saudade, como são os bois de que digo: "O ar pachorrento dos bois do lavrador"...
Era assim mesmo.
Era assim mesmo.
Um ar de paz. que me dava muita paz!
É essa paz que eu desejo neste NATAL a todos os que me lerem neste apontamento de alguma saudade, mas de uma verdade bucólica que se perdeu e jamais voltará!
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