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sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Coisas aldeãs...


COISAS ALDEÃS
  
Ah! A claridade do Céu da minha terra!
O azul sem mancha...
Belo e transparente!
O ar sereno que nos afaga o rosto
Mansamente...
A luz do Alto, cortada pela serra!

O ar pachorrento dos bois do lavrador
E o seu olhar doce, sereno e bom
Puxando de manso o carro - rom...rom...
É uma alegria
Que fecha o dia, no Sol-por!

As gentes da minha terra são sadias!
Crêem em Deus
E rezam com fervor.
Têm a fé dos Santos
E é cheias de amor
Que se descobrem às Avé-Marias
Numa pureza doce...
É sempre assim, no ocaso dos dias!

Erguem-se cedo... ainda horas mortas.
São robustos...
Corados como rosas!
Andam serenos
E têm maneiras carinhosas
Na salvação que trocam pelas hortas!

1956
De um livro a publicar sob o título "Vela ao Vento"
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Este poema é muito antigo.

Na minha terra - ao tempo e que ele foi escrito, era tudo assim "sem  por nem tirar" - pelo que o poema é um retrato que hoje não existe, mas dizer que era assim o bulício dos tempos em que a visitava pelas "férias grandes", é uma homenagem de amor que eu faço à minha aldeia serrana, escondida no fundo de um vale ameno.

A imagem que escolhi para "enfeitar" o poema retrata aquilo que era uma cena habitual no tempo outoniço em que se arrecadavam nas lojas do quinteiro as palhas dos cereais para sustento no Inverno dos animais e são, para mim, hoje, uma grande saudade, como são os bois de que digo: "O ar pachorrento dos bois do lavrador"...

Era assim mesmo.
Um ar de paz. que me dava muita paz!

É essa paz que eu desejo neste NATAL a todos os que me lerem neste apontamento de alguma saudade, mas de uma verdade bucólica que se perdeu e jamais voltará!

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