Pintura de Pieter Paul Rubens
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V. Ex.* diz que eu protesto, em
nome da razão, contra o procedimento dos bispos que se submeteram ás decisões
do concilio do Vaticano ou as sustentaram. Não, Ex.mo Senhor. Sirvo-me da razão
para protestar, em nome da tradição, contra dogmas de nova fabrica. Protesto,
porque me lembro do preceito do apostolo S. Pedro, segundo o qual devo estar habilitado
para expor os motivos da minha crença, e eu não o estou para dizer em que ela
se fundaria se admitisse o imaculatismo e o infallibilismo ; protesto contra
doutrinas que eram erros enquanto não passaram das discussões dos teólogos,
mas que se converteram em heresias formais desde que se proclamaram como
artigos de fé.
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Neste dia em que a Igreja cristã católica honra a Mãe de Deus na sua Imaculada Conceição, e tendo sido Alexandre Herculano um alto defensor de um cristianismo da era apostólica, a que acrescentou uma razão que nunca deixou de beber na Fonte daquela era - mas parecendo ter omitido que a Virgem que pressupunha "a cheia de graça" já assim era considerada em Isaías e Miqueias - o que nos faz alguma impressão o "dogmatismo" de Herculano, que sendo um profundo historiador, parece ter-se nublado no seu espírito o sentido que Nossa Senhora exerceu na alma crente do povo quanto ao enraizamento da sua espiritualidade e no que ela representava na História de Portugal de que ele foi um erudito escritor.
Atentemos nos três parágrafos que se seguem - tomando como fonte inspiradora que muito agradecemos - um texto do Rev. Padre Francisco Couto, publicado pela "Agência Ecclesia" no passado dia 6 de Dezembro:
D. João IV, conhecedor de que a Igreja de Nossa Senhora do Castelo em Vila Viçosa havia sido fundada por D. Nuno Àlvares Pereira e à qual ofereceu a Imagem da Virgem Padroeira, com aquele gesto reconheceu a mística que desde a fundação do Reino sempre havia levado Portugal à vitória - e a ver-se livre dos seus inimigos exteriores - tendo como força espiritual Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa a quem deu o título de Rainha de Portugal - e à qual ofereceu a sua coroa de Rei que nunca mais foi usada até ao fim da Monrquia - e cuja espiritualidade foi assim assumida pelos intelectuais que na Universidade de Coimbra defenderam o dogma da Imaculada Conceição.
Muito longe de ser um capricho religioso este dogma é o resultado de tudo quanto a Igreja viveu até àquela data - incluindo a de hoje - apoiado nos Doutores da Igreja e na sua forma de intérpretes da Sagrada Escritura.
Uma das provas lemo-la hoje, no Livro do Génesis, Cap. 3, versículo 15: "Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua
descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça" , bastando , apenas um pouco de bom entendimento para aquilatarmos de que mulher se fala aqui, para concluirmos que se trata de Nossa Senhora, aquela que desde a primeira aurora dos tempos fazia parte do planos do Deus Eterno: Aquela mulher era já ali "a cheia de graça", "a bendita entre todas as mulheres", a nova Eva, cuja descendência - Jesus Cristo - incarnava o Bem, tendo na serpente o lado oposto. o demónio e a certeza que a vitória estaria do primeiro lado contra o segundo.
Se aquela mulher que um dia havia de nascer não fosse IMACULADA o anjo Gabriel não teria dito: "Ave, cheia de graça. O Senhor é convosco", porque não havia nela a plenitude como Deus lha deu e, logo, com esta salvação o que o Anjo deixou claro é que nela estava excluído o pecado original, porquanto, na voz do Anjo está a verdade luminosa de Deus se exaltar com a Virgem antes desta ter concebido, pois Jesus Cristo - Filho de Deus - não podia nascer se nela estivesse o pecado original, donde podemos concluir que Nossa Senhora foi concebida IMACULADA, livre da mancha de Eva e de todos os seres humanos que lhe são posteriores.
A concluir, dir-se-á que o diferendo que opôs Alexandre Herculano ao Padre Barros Gomes - sobre o imaculatismo e o infabilismo - poderia ter levado um caminho diferente se não fora o abandono que ele fez do Concílio Vaticano I, mantendo-se fiel aos ensinamentos da sua juventude católica, onde parece, ter faltado a Luz do Antigo Testamento, logo no primeiro dos seus Livros.
Deus Omnipotente e Misericordioso entendeu, certamente - as "certezas" do grande vulto das Letras Portuguesas - e tê-lo-á acolhido no seu seio, porquanto, ele foi um interrogador fiel aos seus princípios religiosos de que nunca abdicou.
Se aquela mulher que um dia havia de nascer não fosse IMACULADA o anjo Gabriel não teria dito: "Ave, cheia de graça. O Senhor é convosco", porque não havia nela a plenitude como Deus lha deu e, logo, com esta salvação o que o Anjo deixou claro é que nela estava excluído o pecado original, porquanto, na voz do Anjo está a verdade luminosa de Deus se exaltar com a Virgem antes desta ter concebido, pois Jesus Cristo - Filho de Deus - não podia nascer se nela estivesse o pecado original, donde podemos concluir que Nossa Senhora foi concebida IMACULADA, livre da mancha de Eva e de todos os seres humanos que lhe são posteriores.
A concluir, dir-se-á que o diferendo que opôs Alexandre Herculano ao Padre Barros Gomes - sobre o imaculatismo e o infabilismo - poderia ter levado um caminho diferente se não fora o abandono que ele fez do Concílio Vaticano I, mantendo-se fiel aos ensinamentos da sua juventude católica, onde parece, ter faltado a Luz do Antigo Testamento, logo no primeiro dos seus Livros.
Deus Omnipotente e Misericordioso entendeu, certamente - as "certezas" do grande vulto das Letras Portuguesas - e tê-lo-á acolhido no seu seio, porquanto, ele foi um interrogador fiel aos seus princípios religiosos de que nunca abdicou.
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