Anunciação do Anjo - Leonardo da Vinci
in, "O Astrolábio" nº 111 de 10 de Dezembro de 2017
Natividade - Gerard van Honthorst
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Não tarda aí o Natal.
Um tempo em que se recorda, exalta e se homenageia o grande Mistério que Miqueias - 700 anos antes - havia profetizado do seguinte modo no capítulo 5, versículos 1 e2 : "Mas tu, Belém-Efrata, tão pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá para mim aquele que é chamado a governar Israel, Suas origens remontam aos tempos antigos, aos dias do longínquo passado. Por isso (Deus) os deixará até ao tempo em que der à luz aquela que há-de dar à luz. Então o resto de seus irmãos voltará para junto dos filhos de Israel".
O profeta Miqueias não podia ter sido mais explícito no anúncio do nascimento futuro de Jesus Cristo, que havia de nascer em Belém "de ti sairá para mim aquele que é chamado a governar Israel" - entendido este governo de Israel como espiritual, porque o reino de Jesus nunca seria, como não foi, "deste Mundo" - para concluir que aquele de que ele falava, seria filho daquela "que há-de dar à luz", a Virgem "cheia de graça".
E tudo isto aconteceu no dia aprazado que vamos festejar!
E tudo isto aconteceu, porque foi do SIM dado por Maria ao anjo Gabriel: "Faça-se em mim segundo a tua palavra" que tudo foi possível, desde a Anunciação a que Leonardo da Vinci não ficou indiferente à Natividade que, de igual modo levou Gerard van Honthorst, a enaltecê-la.
Este Mistério para o qual jamais chegará o entendimento humano, racional e finito, só pode ser entendido à luz da Fé que fez nascer a Oração do Ângelus - ou Anjo - que honra a Encarnação de Jesus, que a Igreja celebra a 25 de Março, exaltando ao mesmo tempo o SIM e a fé da Virgem Maria, acedendo ao convite para ser a Mãe de Jesus.
Foi este SIM que deu cumprimento não só a Miqueias, como a Isaias - profetas do mesmo século - pertencendo ao segundo esta profecia admirável no capítulo 7, versículo 14: "Uma Virgem conceberá e dará à luz o Salvador"
O "Ângelus", segundo se crê, atribui-se ao Papa Urbano II e a tradição de o rezar três vezes por dia - 6 horas, meio-dia e 18 horas - foi iniciada pelo rei Luis XI, de França, em 1472, tendo havido o hábito em muitas localidades de tocar os sinos das Igrejas naquelas horas a que se chamou: "Horas da Ave-Maria"
Como sempre aconteceu os pintores nunca passaram ao lado deste Mistério, como aconteceu com Jean-François Millet, que viu assim o "Angelus" do meio dia.
Eu próprio assisti a esta devoção durante as minhas antigas visitas à aldeia de onde sou natural no momento em que na Igreja local se fazia ouvir o som do sino, ao qual, em jeito de recolhimento como se pode ler no quadro de Millet, ora paravam as tarefas agrícolas, ora as próprias pessoa se quedavam, descobrindo-se, pela ruas onde passavam
Costumes que sei - se perderam, porque na nossa sociedade mercantilizada, estas cenas espirituais estão quase desaparecidas.
E eu pergunto:
- O que tem ganho a Humanidade com este facto?
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