in. "Jornal de Notícias" de 7 de Abril de 1016
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Escondam-se do "ferrabrás" que agora - por causa do poder que, pelos vistos, não merece ter - quer dar "um par de bofetadas" a quem não está de acordo com ele...
João Soares ainda não percebeu que a Democracia é um jogo plural e tem de conviver com quem o critica, ou julga ele, que aquilo que fez a António Lamas - demitido do Centro Cultural de Belém, em praça pública - foi um acto de se lhe tirar o chapéu?
E eu que tinha por João Soares um conceito elevado!
Não. Este senhor não merece respeito e, muito embora esta "guerra" não seja minha, indirectamente, diz-me respeito, porque não posso estar de acordo com este senhor que promete vinganças musculadas, quando é sabido, que só as ditaduras é que não permitem desacordos de opiniões.
Onde está a "ética republicana"?
Balelas, é o que é...
Onde está a "ética republicana"?
Balelas, é o que é...
Demita-se. Era um favor que fazia ao regime em que vivemos!
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Com a devida vénia reproduzimos as crónicas que incomodaram João Soares:
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Com a devida vénia reproduzimos as crónicas que incomodaram João Soares:
OPINIÃO
“Tempo velho” na
Cultura
AUGUSTO M. SEABRA
06/04/2016 - 10:12
A nomeação de
João Soares para ministro da Cultura foi uma surpresa que permanece
inexplicável, já que passados quatro meses não afirmou uma linha de acção
política, tão-só um estilo de compadrio, prepotência e grosseria. De resto, não
tinha qualificações particulares para o cargo.
A nomeação de
João Soares para ministro da Cultura foi uma surpresa que permanece
inexplicável, já que passados quatro meses não afirmou uma linha de acção
política, tão-só um estilo de compadrio, prepotência e grosseria. De resto, não
tinha qualificações particulares para o cargo, que não o era a sua gestão da
Cultura na Câmara Municipal de Lisboa em tempos idos, antes pelo contrário. E
sendo ele um derrotado nato – perdeu as eleições autárquicas em Lisboa e em
Sintra e para secretário-geral do PS –, mas também um caso de obstinação, esta
nomeação culminou uma reascensão vertiginosa, se recordarmos que nas últimas
eleições inicialmente nem estava em lugar elegível nas listas.
O argumento de
que também pode fazer sentido ter na pasta alguém com peso político esvaiu-se
com o quadro orçamental para este ano. Sendo ainda recomendável alguma
contenção, o certo é que o sector vive uma situação de emergência, consumada na
governação PSD-CDS, mas que vem dos tempos socialistas do socratismo, quando
ocorreu uma sistemática desorçamentação. Agora não só não houve aumento de
dotação, como mesmo acrescido desinvestimento na Direcção-Geral do Património e
no Fundo de Fomento Cultural!
Há que dizer que
desde o princípio António Costa esteve muito mal na sua relação com o sector,
seguindo o modelo tradicional do PS de o considerar como ornamento, acenando
apenas com a promessa imprescindível de restaurar um ministério. Logo no início
da sua caminhada houve uma iniciativa ridícula, um manifesto “A Cultura apoia
António Costa”, como se uns quantos agentes fossem “A Cultura” e dela
proprietários. Depois, noutra tradição socialista, o almoço em final de
campanha eleitoral, houve o prodígio de ser oradora quem tinha sido tornada “artista
do regime” pelo governo de direita, Joana Vasconcelos. E, assim, a nomeação de
Soares foi apenas o consumar político desta consideração do adorno. Mas abrindo
azo aos piores receios.
Que um governante
se rodeie de pessoas de confiança é óbvio. Mas no caso do gabinete de Soares
trata-se de uma confraria de socialistas e maçons. Depois começou a distribuir
elogios: foi à antestreia de Um Amor Impossível pela sua “grande admiração pela
obra notável de António-Pedro Vasconcelos”; destacou “o trabalho notável de
Paulo Branco”, quando foi à rodagem do filme de Fanny Ardant; foi às Correntes
de Escrita, porque “a Maria do Rosário Pedreira e o Manuel Alberto Valente” lhe
recomendaram. A isto se chama "amiguismo", o gesto mais clamoroso
sendo a nomeação de um velho apparatchik, Elísio Summavielle, para o CCB, em
lugar de António Lamas, que por muitas razões que houvesse para ser substituído
o foi de modo grosseiro. Mas Soares quer dar nas vistas pegando em questões
controversas que se arrastam. É o caso das obras de Miró. Logo enunciou que
gostaria que fossem expostas este ano em Serralves. Que a administração daquele
tenha aceite é um gesto “diplomático”, quando Serralves e o Estado têm ainda de
negociar a espinhosa questão do destino da colecção do Ministério da Cultura.
Mas não deixa de ser exorbitante que um ministro sugira programação ou a
aprove, como sucedeu, segundo o novel presidente do CCB, com a dos Dias da
Música, A Volta ao Mundo em 80 Concertos. Os concertos tinham de ser aprovados
por João Soares? Já não falando de outras coisas (a esdrúxula nomeação de
alguém reticente à arte contemporânea, Pacheco Pereira, para administrador por
parte do Estado de Serralves, Museu de Arte Contemporânea), o tão badalado
“tempo novo” é na cultura apenas o “tempo velho” dos hábitos socialistas. E
muito ainda promete...
OPINIÃO
Uma questiúncula
VASCO PULIDO
VALENTE 04/03/2016 - 00:05
No meio desta
cena de mau gosto não se ficou a saber ao certo o que na essência separava o
dr. Lamas do ministro.
João Soares
Ministério da
Cultura
Como o dr. João
Soares muito bem sabe, não tenho por ele qualquer respeito nem como homem, nem
como político. Houve pessoas – Teresa Gouveia e José Manuel Fernandes – que, a
propósito do “caso Lamas”, descobriram agora a insignificância e a grosseria
dessa lamentável personagem. Chegam tarde. Claro que o ministro podia ter
chamado discretamente o director do CCB para o demitir, alegando, como está no
seu direito, falta de confiança política ou pessoal. Mas João Soares preferiu
fazer do incidente um espectáculo público. Ameaçou o dr. Lamas, exibiu os seus
poderes (que lhe vêm exclusivamente do cargo) e no fim ainda se foi gabar para
a televisão. Não se percebe o motivo de toda esta palhaçada, excepto se
pensarmos que ele é no governo um verbo-de-encher e que o PS o atura por
simples caridade.
Infelizmente, no
meio desta cena de mau gosto não se ficou a saber ao certo o que na essência
separava o dr. Lamas do ministro. O dr. Lamas fizera uma obra extraordinária em
Sintra, restaurando monumentos, do palácio da Pena ao chalet da condessa de
Edla, reabilitando jardins, acabando com os crónicos prejuízos da parte
cultural da vila. Mas, transferido para o CCB em 2014, resolveu repetir a
receita e transformar a zona entre a Ajuda e Belém no seu segundo parque
turístico. Embora publicado na internet, nem a televisão, nem os jornais, que
discutem as mais sufocantes banalidades, discutiram o plano do dr. Lamas. Mesmo
o ministério da Cultura e a CML não se manifestaram. E quando o sr. Soares
desembarcou no governo decidiu liquidar a coisa sem uma palavra de explicação.
Isto de mandar no
povinho sem sequer o informar não é bonito. Sendo lisboeta, não me apetece
muito que entre a Ajuda e Belém apareçam durante o ano inteiro milhares e
milhares de turistas, tapando a vista e atravancando as ruas. Mas gostaria de
saber o que o dr. Lamas pensa sobre o assunto e já agora o que pensa, se pensa
alguma coisa, o sr. Soares. De resto, a mais preliminar consideração pelas
pessoas exige que os moradores do sítio sejam previamente consultados.
Reconheço que a vontade do país não é a grande preocupação do dr. Costa, mas
não custava muito ouvir as pessoas que, em última análise vão, ou não vão, ser
vítimas da fantasia urbanística do ministério da Cultura ou da CML.
Dissertações sobre a falta de maneiras do dr. João Soares não nos levam longe.
https://www.publico.pt/(7 de Abril de 2016)
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