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segunda-feira, 25 de abril de 2016

A minha homenagem ao 25 de Abril



Guardo como uma lembrança o nº 1821 de 3 de Maio de 1974 da "VIDA MUNDIAL", uma Revista extinta em 1979, que neste tempo - como se impunha a uma Revista que tinha por lema "o Mundo numa semana", não deixou de dedicar a sua atenção gráfica e jornalística à Revolução de 25 de Abril de 1974.

De modo algum enjeito aquele evento que trouxe uma alvorada de esperança democrática a um povo que tinha sido vítima de um regime ditatorial, em que as eleições que haviam - quando haviam - eram manipuladas pelo poder da força contra o poder da razão, pelo que, foi com alvoroço que li o "Comunicado do M.F.A. de 25-4.74", um documento controverso, mas onde existiu desde a primeira hora o desejo de entregar o poder a uma Junta de Salvação Nacional.

Eis a sua transcrição "ipsis-verbis".

 Considerando que ao fim de 13 anos de luta em terras do Ultramar, o sistema político vigente não conseguiu definir concreta e objectivamente uma política ultramarina que conduza à Paz entre os Portugueses de todas as raças e credos;
 Considerando o crescente clima de total afastamento dos Portugueses em relação às responsabilidades políticas que lhes cabem como cidadãos em crescente desenvolvimento de uma tutela de que resulta constante apelo a deveres com paralela denegação de direitos;
 Considerando a necessidade de sanear as instituições, eliminando do nosso sistema de vida todas as ilegitimidades que o abuso do poder tem vindo a legalizar;
 Considerando, finalmente, que o dever das Forças Armadas é a defesa do País como tal se entendendo também a liberdade cívica dos seus cidadãos, o Movimento das Forças Armadas, que acaba de cumprir com êxito a mais importante das missões cívicas dos últimos anos da nossa História, proclama à Nação a sua intenção de levar a cabo, até à sua completa realização, um programa de salvação do País e da restituição ao Povo Português das liberdades cívicas de que tem sido privado.
 Para o efeito entrega o Governo a uma Junta de Salvação Nacional a que exige o compromisso com as linhas gerais do programa do Movimento das Forças Armadas, que através dos órgãos informativos será dado a conhecer à Nação, no mais curto prazo consentido pela necessidade de adequação das nossas estruturas, promover eleições gerais de uma Assembleia Nacional Constituinte, cujos poderes pôr sua representatividade e liberdade na eleição permitam ao País escolher livremente a sua forma de vida social e política.
 Certos de que a Nação está connosco e que, atentos aos fins que nos presidem, aceitará de bom grado o Governo Militar que terá de vigorar nesta fase de transição, o Movimento das Forças Armadas apela para a calma e civismo de todos os portugueses e espera do País adesão aos poderes instituídos em seu benefício.
 Saberemos deste modo honrar o passado no respeito pelos pelos compromissos assumidos perante o País e por este perante terceiros. E ficamos na plena consciência de haver cumprido o dever sagrado da restituição à Nação dos seus legítimos e legais poderes.

Sem, portanto, enjeitar, a Revolução, enjeito os que à sombra dela se tornaram libertinos, não sendo dignos da liberdade e isto vale, para o colectivo e para o individual, porquanto, a verdadeira revolução está por fazer, ou seja, aquela em no "Comunicado" aponta para "levar a cabo, até à sua completa realização, um programa de salvação do País", algo que por culpa dos que não foram dignos destas palavras têm, em vez de salvar o País, na Cultura - que devia ter andado em primeiro lugar, porque é dela que partem os valores sadios - na Economia do Estado e na particular, têm, ao inverso, mergulhado o País em resgates financeiros que a nossa geração não vai ser capaz de pagar.

Neste dia, não folgo em dizer isto, mas digo-o pelo respeito que devo a mim mesmo, pela alegria que senti no dia 25 de Abril de 1974 - de que a "VIDA MUNDIAL" deu a devida conta - e, sentir, hoje, que algo vai mal e que é preciso corrigir, a começar, pelo respeito dos valores sociais que têm de começar sempre - para serem autênticos - pela reforma da cultura que não basta a dos conhecimentos académicos, mas aquela que está fora das sebentas e mora, esquecida e maltratada no mais íntimos das criaturas.

Esta é a minha homenagem ao 25 de Abril de 1974, que hoje passa cheio de cravos nas lapelas... em muitas delas, como enfeite de vaidades políticas...


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