Tela de Frederico Andreotti (1847-1930)
in, Revista "O Occidente" nº 654 de 28 de Fevereiro de 1897
Queiroz Ribeiro, o autor deste poema "AO RETRATO" - que eu saiba - não deixou o seu nome associado às Letras Portuguesas, mas foi, como o comprova a célebre Revista "O Occidente" que se publicou em Lisboa entre os anos de 1878 a 1914, um seu colaborador, julgo não regular, mas acidental.
Nesta composição e cuja primeira quintilha - só por si - vale pelo conjunto do poema, sempre harmonioso, cândido e amoroso, deixa na última estrofe a queixa dolorosa de quem tendo começado por pedir desprega os olhos dos meus, com receio se tal não acontecesse, olhando a mulher requestada - Nunca mais te digo adeus! - no fim, depois de a querer longe da vista... mas perto do coração, há a mágoa desse alguém amado que tinha de lhe faltar...
AO RETRATO - é como se pode ler e meditar - um poema que é, um retrato da vida dos amores e desamores de que estão repletos desde todos os tempos os encontros e desencontros de pessoas - de sexos opostos - que no outro ou na outra, procuram achar a tal "cara metade", uma imagem simbólica que se enraizou na cultura ocidental a partir da mitologia grega que nos diz, que no princípio os seres humanos foram criados com quatro pernas, quatro braços e uma cabeça com duas faces, de homem e mulher e que, Zeus receando tal poder num único ser os separou, condenado-os a gastar as suas vidas na busca da metade perdida.
Queiroz Ribeiro, não deixou, sonante, o seu nome, nas teve a arte de 119 anos depois, o seu poema ficar aqui como um retrato efectivo de um tempo que não vai morrer jamais, enquanto na vida, os homens e as mulheres se comportarem como seres normais, procurando no outro ou na outra a "cara metade" que está plasmado na velha lenda grega.
Sem comentários:
Enviar um comentário