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segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Para lembrar a Menina - Nossa Senhora

Apresentação da Virgem Maria 
no Templo de Jerusalém

Tela de Giordano


CARTA PARA a  MENINA - NOSSA SENHORA

Permite-me, MENINA-NOSSA SENHORA o tratamento que te dou de  -  tu, cá - tu, lá - que bem sabes, está cheio de respeito e amor.

Chegou até mim o conhecimento de seres um Menina de três anos quando entraste no Templo de Jerusalém e o Sumo - Sacerdote ao receber-te estava longe de suspeitar que o ser frágil - fisicamente falando - que tu eras escondia a força divina que desde um tempo de que só Deus sabia, tinha depositado na filha de Ana e Joaquim - teus velhinhos progenitores que haviam sido tocados pela Graça de Deus - quando, ao ver-te, sem o saber, estavam defronte do Grande Mistério que foi a tua vida.

Mistério é o termo exacto para começar a falar de ti, neste dia em que a Igreja lembra a tua memória, porque nem a Sagrada Escritura faz assento do dia em que nasceste e do mesmo modo não há relato da tua Apresentação - que não sejam escritos apócrifos - e a tradição oral que de geração em geração narram com detalhe que fora a um pedido teu que teus pais te levaram para seres apresentada no Templo de onde saíste aos doze anos, num tempo em que, já tendo morrido os teus pais, Deus providenciou que fosses colocada ao zelo de José, um descendente do rei David.

Sou levado a pensar neste Grande Mistério - e a aceitá-lo como sobrenatural - para concluir que tu sabias por inteiro o que se jogava na profundidade mais íntima do teu coração e que te levou a seres apresentada voluntariamente, ao Serviço de uma Causa Transcendente de fidelidade a um planto traçado por Deus, que veio a ter a mais alta consumação no nascimento de Jesus Cristo, o Prémio maior que a partir do teu ventre Imaculado veio a acontecer.

Neste dia, lembro-te MENINA-NOSSA SENHORA!

E lembro que o importante é a LUZ que sempre foste deste pequenina - ainda no ventre de tua mãe, a miraculada Santa Ana - interrogando-me do desígnio de Deus, que te fez compreender que tu eras, já em tenra idade, não uma LUZ qualquer, mas um CANDELABRO que iria ficar iluminado para sempre!

Os teus passos ignorados no Templo e, até, todos aqueles de que foste depois de adulta a protagonista maior, esses é que são os que, a partir deste dia - que hoje celebramos - os arautos que ficaram para marcar no Tempo e no Espaço a tua passagem luminosa sobre a Terra e é, por isso, que neste dia singular te quero agradecer MENINA-NOSSA SENHORA por me ter chegado um pouco da tua LUZ, que sendo a que pude alcançar, chega para eu te amar e para te dizer que às vezes, fico com pena de não saber como devo mergulhar "cientificamente" no silêncio que deixaste e sair desta intrusão mais sabedor de ti e com dados mais precisos, mas isso, MENINA-NOSSA SENHORA é a minha presunção intelectual a querer ultrapassar a minha condição de crente, a quem tem de bastar a IMENSA CLARIDADE que sinto existir no silêncio que deixaste e abandone de vez, a tentativa - que cheguei a alimentar - de escrever a HISTÓRIA DA TUA VIDA com citações, factos, datas... e eu sei lá que mais!

Eis, porque, neste dia te peço perdão pelas perdas de energia que tenho feito como se um fosse um matemático, um detective ou um contabilista, quando me devo bastar dos pequenos grandes nadas que me falam de ti os Evangelhos.

Um dia, recordo-me bem, a este propósito, servi-me duma Pessoa culta para a época em que viveste: o médico São Lucas, que pensei, ia resolver o meu problema, sem esquecer os outros Apóstolos.
Lembro-me daquela passagem em que, grávida do teu JESUS subiste a rampa, em AIn-Karin, que levava à casa onde morava tua prima Isabel que ao ver-te apontou para o teu sagrado ventre e anunciou que tu eras a Mãe esperada - havia séculos - do SALVADOR, a ponto de te fazer cantar o "MAGNIFICAT" que ficou para sempre.

E no acompanhamento da leitura, foi fácil constatar o nascimento de JESUS, a tua caminhada até Belém, a dificuldade em arranjar local condigno para nascer o FRUTO DO TEU VENTRE, a tua fuga com ELE nos braços guiada por São José até ao Egipto, a Apresentação d'Ele a Simeão e a estupefacção dele ante o FILHO DE DEUS.

Lembro-me, ainda, de na volta da Apresentação do teu MENINO no Templo - como tu fizeste no dia que hoje lembramos - teres voltado para trás ao ver que o teu MENINO faltava na comitiva que rumava a Nazaré e o teres encontrado a dar aulas aos doutores da CASA DE DEUS!

E, depois, ainda me lembro de com ELE teres estado naquela festa de casamento em Caná da Galileia - e do milagre que ali aconteceu - para, mais tarde, em Cafarnaum teres acompanhado JESUS naqueles trabalhos que teu deu O PREGADOR caminheiro até ao ponto culminante da CRUZ, onde estiveste, MÃE DAS DORES, para ficares a mandato de TEU FILHO Mãe espiritual de todos os homens!

Conheço estas cenas MENINA-NOSSA SENHORA, mas no meio de tudo isto e são algumas dezenas de anos - o que tenho de ti a soar -  alto e bom som -  é o teu SILÊNCIO que me diz, quem sabe destas coisas,  sendo obra de um ALTO DESÍGNIO, tu o guardaste no TEU CORAÇÃO.

Termino esta Carta, MENINA - NOSSA SENHORA para te agradecer tudo o que tens feito desde o dia em ficaste no Templo de Jerusalém, para no TEMPLO MAIOR do CALVÁRIO, depois de teres sofrido a morte física do TEU FILHO, teres aceitado o fardo pesado de seres MÃE de todos os homens, mesmo daqueles - como eu - que nem sempre ao longo da vida que levo - e já conta muitos anos - não ter sido, como devia, um filho grato, mas que hoje, ao lembrar-te neste Dia que te é dedicado, sente a culpa de o não ter sido e te pede desculpa de algum tempo perdido.

1 comentário:

  1. Desculpa, Mãe, a este teu filho que tão embevecido pelo que viveste, apenas omitiu um pequeno detalhe que resume toda a razão do que viveste. Faltou dizer o que verdadeiramente esperas de nós para justificar toda a tua história, que resumiste de forma singular e inexcedível: FAZEI O QUE ELE VOS DISSER.
    A.V.C.

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