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quinta-feira, 24 de novembro de 2016

A misericórdia: uma atitude para todos os dias!

CRISTO E A ADÚLTERA
Quadro de Tiépolo (Museu de Belas Artes de Marselha
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Jesus foi para o Monte das Oliveiras. De madrugada, voltou outra vez para o templo e todo o povo vinha ter com Ele. Jesus sentou-se e pôs-se a ensinar. Então, os doutores da Lei e os fariseus trouxeram-lhe certa mulher apanhada em adultério, colocaram-na no meio e disseram-lhe: «Mestre, esta mulher foi apanhada a pecar em flagrante adultério. Moisés, na Lei, mandou-nos matar à pedrada tais mulheres. E Tu que dizes?»
Faziam-lhe esta pergunta para o fazerem cair numa armadilha e terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se para o chão, pôs-se a escrever com o dedo na terra.
Como insistissem em interrogá-lo, ergueu-se e disse-lhes: «Quem de vós estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra!» E, inclinando-se novamente para o chão, continuou a escrever na terra. Ao ouvirem isto, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher que estava no meio deles.
Então, Jesus ergueu-se e perguntou-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?» Ela respondeu: «Ninguém, Senhor.» Disse-lhe Jesus: «Também Eu não te condeno. Vai e de agora em diante não tornes a pecar.» (Jo 8, 1-11)
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Intencionalmente o Papa Francisco abre a Carta Apostólica "Misericordia et misera" no termo do Ano Jubilar extraordinário da Misericórdia focando este texto bíblico do Evangelho de S. João que nos apresenta, segundo a tela de Tiépolo, Jesus rodeado da mulher adúltera e de um grupo de homens que lhe pediam a pena de talião, ou seja a morte à pedrada para a pecadora.

Jesus dobrou o corpo e escreveu no chão - por duas vezes algo que a Bíblia não diz -  mas que fosse o que fosse, da primeira vez em que fez aquela escrita incógnita deixou ao grupo daqueles homens assanhados a pergunta bem conhecida: Quem de vós estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra, para depois, um a um todos se terem ido embora, deixando que ficassem frente a frente Jesus e a mulher adúltera.

Eis, pois, como começa o documento do Papa:

Misericórdia e mísera (misericordia et misera) são as duas palavras que Santo Agostinho utiliza para descrever o encontro de Jesus com a adúltera (cf. Jo 8, 1-11). Não podia encontrar expressão mais bela e coerente do que esta, para fazer compreender o mistério do amor de Deus quando vem ao encontro do pecador: «Ficaram apenas eles dois: a mísera e a misericórdia». Quanta piedade e justiça divina nesta narração! O seu ensinamento, ao mesmo tempo que ilumina a conclusão do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, indica o caminho que somos chamados a percorrer no futuro.

É este caminho para onde somos convidado a percorrer no futuro que o Papa Francisco aponta após ter dedicado um Ano especial à Misericórdia, para lembrar que esse atributo divino - que Jesus teve para com a mulher adúltera -  tenha ressonâncias nos homens, individual e colectivamente, porque no arcaboiço físico que transportamos existe por um desígnio que nos escapa, o divino da nossa condição humana.

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