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sexta-feira, 4 de novembro de 2016

"O Nicho das Almas" num velho Almanaque



Uma preciosidade que eu tenho é um velho "Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro" de 1860 que tem a magia de me levar até ele de vez em quando, porque no seu desfolhar que faço com reverência encontro um tempo passado em que, sem saudades bolorentas mas tendo delas a estima que me merecem os que tendo escrito os textos que o enformam me fazem lembrar os bisavós que eu tive e viveram naquela época.

Aqui, há dias, parei em cima de um pequeno texto intitulado - O NICHO DAS ALMAS - assinado por um correspondente do Porto - António Martins Leorne - cujo nome aqui fica como homenagem e cuja descrição me fez levar até às "ALMINHAS" da minha terra natal que também são "Nichos de almas" e que eu conheço desde menino e moço, e lembrar - aí, sim, com muita saudade - a explicação paterna, quando, um dia, quis saber o significado daquelas construções rústicas que eu via, aqui e ali, ao longo dos caminhos.

Numa delas, não há muito tempo vi este epitáfio que guardei e fica aqui para mostrar o sentido da oração dos caminhantes que passam junto das "Alminhas" ou "Nicho de Almas", como lembrança dos seus antecedentes ou das almas que estão na morada eterna do seio de Deus.

Parei aqui e rezei
Sentidamente, tão bem,
Que a alma que eu lembrei
Rezou comigo também.
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Mas, eis, o texto que está na origem desta postagem

O Nicho das almas

Na estrada nova que vai de Braga a Barcelos vê-se um nicho, e no fundo d'ele um painel singular. Tem na parte superior um Cristo entre dois santos,que de joelhos e mãos erguidas o adoram: são Santo António e S.Braz. 
No centro vê-se o purgatório: sobem da ardente fogueira muitas e grandes línguas de fogo, que parece quererem incendiar o pobre nicho; revolve-se n'aquele mar de chamas vermelhas e enxofradas um sem numero de condenados, entre os quais se vêem um rei, um bispo e uma freira, com seus atributos próprios, um velho d'óculos, e alguns janotas, de pera e bigode. Tem por baixo este letreiro :

Ó almas vivas, lembrai-vos
Das almas que estão já mortas,
Pedindo a Deus por elas
P’ra que Ele lhe abra as portas.

Rezai um P. N. e uma A. M. pelas almas do fogo do purgatório.  Amen

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