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sábado, 19 de novembro de 2016

Jubileu da Misericórdia - 8 de Dezembro de 2015 a 20 de Novembro de 2016


O logotipo oficial do Ano Jubilar, obra do Padre jesuíta Marko Rupnik, comemorativo da efeméride e o lema escolhido - MISERICORDIOSOS COMO O PAI - captado do Evangelho de S. Lucas (6, 36)  ofereceu uma síntese muito feliz do Ano Jubilar extraordinário que vai terminar amanhã, tendo sido proposto aos fiéis que a exemplo de Deus-Pai não se devia julgar nem condenar, e dar lugar ao Amor e ao Perdão - setenta vezes sete como Jesus disse a Pedro - e é com este gesto misericordioso de um Amor que salva em toda a sua amplitude eclesial que o Filho de Deus carrega aos ombros um homem perdido por caminhos contrários à fé.

Temos, assim, como esta esclarecedora imagem recuperou uma divisa emblemática da Igreja primitiva ao chamar a atenção para todo o Amor de Cristo, tendo a arte pictórica mostrado que Jesus ao tocar o homem - carregando-o aos ombros - anuncia que o Bom Pastor é capaz de lhe mudar a vida, salvando-o, com aconteceu com a cena evangélica encerrada na Parábola da "Ovelha Perdida".

É sintomático nesta imagem - se olharmos bem - que os olhos do homem perdido olham os do seu Salvador de um modo igual e se confundem com os d'Ele, ou seja, nesta troca de olhares existe o acto misericordioso de quem se aprouve a salvar aquele que andava perdido, recebendo do que é carregado aos ombros um expressivo olhar, como se este tivesse reconhecido em Jesus um novo Adão - cabendo-lhe representar toda a Humanidade - e recebendo no seu olhar misericordioso toda a Graça do Amor de Deus.

Não escapou ao feliz autor do desenho que este configurasse uma "mandorla", um halo formado pela intercepção de dois círculos que na arte cristã tradicional durante a Idade Média cercava a figura de Jesus, referindo-se o termo a uma forma semelhante a uma amêndoa que na língua italiana se traduz por "mandorla", representando-se com ela, iconograficamente, a presença de duas naturezas: a divina e a humana, sendo de realçar que naquela forma de representar Jesus as três ovais do logotipo são de cores variáveis que se vão abrindo desde o mais escuro para a claridade, sugerindo assim o movimento divino da figura de Cristo, que conduz o homem perdido da noite para a claridade do dia.


Foi para dar nos deixar uma lembrança do Ano Jubilar da Misericórdia que o Coro da Catedral de Coimbra recorreu à beleza da Música Sacra, neste belo momento de Paz e Amor divinos que se reproduz este vídeo magnífico, onde perpassa belo e misericordioso toda o empenho de Deus-Pai na salvação dos homens que passam ao nosso lado, tantos deles a necessitar que a nossa misericórdia continue para além do Ano Jubilar que o Papa Francisco dedicou.

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Para compreender o Jubileu prestes a ser encerrado, é sintomático que na Exortação Apostólica "Evangelii Gaudium", o Papa Francisco tenha escrito esta bela exortação no nº 24 daquele documento: 


A Igreja «em saída» é a comunidade de discípulos missionários que «primeireiam», que se envolvem, que acompanham, que frutificam e festejam. Primeireiam – desculpai o neologismo –, tomam a iniciativa! A comunidade missionária experimenta que o Senhor tomou a iniciativa, precedeu-a no amor (cf. 1 Jo 4, 10), e, por isso, ela sabe ir à frente, sabe tomar a iniciativa sem medo, ir ao encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos. Vive um desejo inexaurível de oferecer misericórdia, fruto de ter experimentado a misericórdia infinita do Pai e a sua força difusiva. Ousemos um pouco mais no tomar a iniciativa! Como consequência, a Igreja sabe «envolver-se». Jesus lavou os pés aos seus discípulos. O Senhor envolve-Se e envolve os seus, pondo-Se de joelhos diante dos outros para os lavar; mas, logo a seguir, diz aos discípulos: «Sereis felizes se o puserdes em prática» (Jo 13, 17). Com obras e gestos, a comunidade missionária entra na vida diária dos outros, encurta as distâncias, abaixa-se – se for necessário – até à humilhação e assume a vida humana, tocando a carne sofredora de Cristo no povo. (...)

Dizem os exegetas que foi a partir destas palavras que devemos ler a Bula de Proclamação do Jubileu "Misericordiae Vultus", onde Sua Santidade descreve o que se pretendeu com a vivência do Ano Santo começado em 8 de Dezembro de 2015 (Solenidade da Imaculada Conceição) que marcou a abertura da Porta Santa da Basílica de S. Pedro e o dia de amanhã, 20 de Novembro de 2016 (Solenidade de Jesus Cristo, Senhor do Universo) que o encerra após a realização de um calendário de celebrações de vários eventos eclesiais. 

É bom recordar que a Misericórdia tem na Parábola do Filho Pródigo uma dos maiores exemplos da misericórdia de Deus, estando este sentimento de amor pelo próximo que se deixou transviar recordado em muitas outras passagens bíblicas, como naquela cena de encontro de Jesus junto ao poço de Jacob no sentido de converter a pecadora de Samaria, como na cena da Cruz em que Jesus perdoa a Dimas, o ladrão arrependido, para deixar bem expresso que até ao último instante a misericórdia de Deus está presente.

Que este Ano Jubilar nos tenha alertado - com todas a celebrações que nos foram oferecidas - para termos um desígnio comportamental mais digno dos sentimentos misericordiosos, que a igreja divide em dois grupos de sete. 

Obras de Misericórdia Corporais (Dar de comer a quem tem fome; Dar de beber a quem tem sede; Vestir os nus;  Dar posada aos peregrinos;  Assistir aos enfermos; Visitar os presos; Enterrar os mortos), e nas Obras de Misericórdia Espirituais (Dar bom conselho; Ensinar os ignorantes: Corrigir os que erram; Consolar os tristes; Perdoar as injúrias; Sofrer com paciência as fraquezas do próximo; Rogar a Deus por vivos e defuntos).

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