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sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Intrigante...

Os "amigos" que há por aí, no ciberespaço...
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Li, há dias, que um homem foi encontrado morto em casa, havia uma semana, e ninguém havia dado pela sua falta!

Depois, descobriu-se que tinha 3.500 "amigos" no ciberespaço!

"Amigos"?
Como é possível que esta palavra tão bela esteja de tal modo desvirtuada que se chame de "amigo" alguém que não se conhece ou, até, sem nunca se ter visto?

Meu Deus, que tempo o nosso, em que os nossos filhos e netos são colocados diante desta realidade virtual, deixando que se percam os sentidos das palavras como este de amigo, uma realidade que exige uma profunda troca de gestos, compromissos e, sobretudo, lealdade, atributos que o Poeta brasileiro Geir Nuffer Campos deixou implícitos no seu belo poema,
Cantar de Amigo

O claro pão
 que repartimos
 dá-nos um título:
 companheiros.

 A indagação
 que aprofundamos
 faz de nós, artesãos,
 camaradas.

 O olhar sem visgo,
 a voz precisa,
 o gesto mundo,
 eis-nos: amigos.

 Quantos, que marcham pela vida
 como quem carrega uma estrada,
 terão amigo, companheiro e camarada?

 in 'Canto Provisório'
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Efectivamente, quantos de nós andamos pela vida - carregando-a como se ela fosse uma estada - tendo parceiros certos, indefectiveis e humanamente válidos como sugere o Poeta - amigo, companheiro e camarada? - 

Eis, porque aquele homem que no facebook tinha 3,500 "amigos", na verdade, não tinha nenhum... e esta realidade dos nossos dias é intrigante, pois sem negar a valia das trocas de mensagens, de experiências e outras coisas semelhantes é um erro tremendo adulterar a palavra de amigo, que é sinónimo de afecto, dedicação ou de aliado, a ponto de, se preciso for, ser-se capaz de confundir sentimentos e sensibilidades ou, até, de fazer o contrário, discordando, ralhando e emendando, mas sempre a caminhar no mesmo caminho que tem por fim a meta da amizade vivida e convivida.

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