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terça-feira, 8 de novembro de 2016

A noite do remorso...


A noite do remorso anda espreitando a vida pela porta da alma.
Guerra Junqueiro

Remorsos

Onde contigo, um dia, me zanguei,
É hoje um sitio escuro que aborreço;
E sempre que ali passo, eu anoiteço!...
Ah, foi um crime, sim, que pratiquei!

Quantas negras torturas eu padeço
Pelo pequeno mal que te causei!
Se, ao menos, pressentisse o que hoje sei?
Mas não; fui mau; fui bruto; reconheço!

E sofro mais, por isso, a tua morte,
E dou mais choro amargo ao vento norte,
Mais trevas se acumulam no meu rosto...

Ó vós que n'este mundo amais alguém,
Seja linda criança ou pai ou mãe,
Não lhe causeis nem sombra de desgosto!

Teixeira de Pascoaes, in 'Elegias'

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