A noite do remorso anda espreitando a vida pela porta da
alma.
Guerra Junqueiro
Remorsos
Onde contigo, um dia, me
zanguei,
É hoje um sitio escuro que
aborreço;
E sempre que ali passo, eu
anoiteço!...
Ah, foi um crime, sim, que
pratiquei!
Quantas negras torturas eu
padeço
Pelo pequeno mal que te causei!
Se, ao menos, pressentisse o que
hoje sei?
Mas não; fui mau; fui bruto;
reconheço!
E sofro mais, por isso, a tua
morte,
E dou mais choro amargo ao vento
norte,
Mais trevas se acumulam no meu
rosto...
Ó vós que n'este mundo amais
alguém,
Seja linda criança ou pai ou
mãe,
Não lhe causeis nem sombra de
desgosto!
Teixeira de Pascoaes, in
'Elegias'
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