The Day of the Dead
William Addolphe Bouguereau
(in, Wikipedia)
(in, Wikipedia)
Lembrar os fiéis defuntos - aqueles que fizeram a vida connosco dentro da família ou na roda dos amigos - é um modo de, lembrando-os, nos lembrarmos de nós e do modo como devemos viver, pois é a sombra do nada para onde todos caminhamos que nos deve lembrar do tudo que somos - neste Dia de Finados - e, onde, um dia, tem de ficar viva a lembrança do que fomos...
Neste dia veio-me à lembrança uma poesia de António Nobre - de que se reproduz a primeira estrofe - e que ele dedica a uma doente que ele conheceu, tuberculosa como ele, e em que o choro da sua alma por ela, era o choro por si mesmo.
Chorar, como o faz a viúva no quadro de Bouguereau - e como o diz António Nobre - é, apenas, a lembrança de um nada em que se transforma o corpo que fomos e, ao mesmo tempo, a lembrança do tudo que deixámos do humano que fomos, como veio a acontecer com ele, cuja lembrança continua viva no tempo de hoje em que, do seu nada físico ficou o tudo do seu legado poético.
Chorar, como o faz a viúva no quadro de Bouguereau - e como o diz António Nobre - é, apenas, a lembrança de um nada em que se transforma o corpo que fomos e, ao mesmo tempo, a lembrança do tudo que deixámos do humano que fomos, como veio a acontecer com ele, cuja lembrança continua viva no tempo de hoje em que, do seu nada físico ficou o tudo do seu legado poético.
E é esta constatação da vida que acaba na morte, irremediavelmente, que nos devia alertar para sermos melhores e mais conscientes do nada que somos quando os nossos corpos finados - se o tiveram merecido - não sendo nada, não deixam de ser tudo no seio de Deus e na lembrança dos nossos familiares e amigos,
Pobre Tísica!
Quando ela passa á minha porta,
Magra, lívida, quase morta,
E vai até à beira-mar,
Lábios brancos, olhos pisados:
Meu coração dobra a finados,
Meu coração põe-se a chorar...
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António Nobre
in, “SÓ”
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