O Mestre Pensador
Um ilustre mestre pensador, num certo dia, partiu com um dos seus aprendizes tendo com destino
uma floresta onde se chegava por um caminho muito difícil.
Caminhava
destemido é ágil enquanto o aprendiz escorregava a cada instante e outras vezes
acabava por cair.
Em cada queda
amaldiçoava o lugar onde havia caído.
Levanta-se, e entretanto, prosseguia a peugada ágil do mestre, deixando para trás nomes feios ao
caminho.
Depois de uma
longa caminhada, chegam a um lugar aprazível onde era costume fazer-se uma
paragem para ouvir as lições do mestre.
Porém, naquele
dia, estranhamente, o mestre deu meia volta e deu em fazer a viagem de volta e o aprendiz até chegar ao ponto de partida deu mais uma série
de tombos.
Foi então, que
ele, sem ter percebido o porquê de tão estranho passeio, fez a seguinte
pergunta:
- Mestre, caminhamos
horas e hoje nada me ensinou...
Responde o
mestre:
- Enganas-te, meu
filho. Se te lembras em cada um dos tombos praguejaste e, então, a lição ficou
para o fim...
- Há algum motivo, mestre?
- Há e grande. A razão de não termos feito uma paragem foi para eu ter a certeza que até ao fim praguejaste em cada queda, ou seja, por ti só nada aprendeste, mas agora repara: tens de aprender a lidar com os percalços da vida... que é, também, um caminho... e por vezes bem difícil.
- E como se lida
com eles? - perguntou curioso, o aprendiz.
- Muito simples. No passeio que demos em vez de teres amaldiçoado cada um dos locais onde escorregaste ou caíste,
devias ter pensado - sem pragas - nos motivos que te fizeram cair!
Autor Desconhecido
O meu comentário a esta Sabedoria do Mundo
Assim devia ser entendida para haver emendas futuras, algo que não fez aquele imaginário aprendiz, que no fim recebeu do mestre pensador - imaginário como ele - a bela lição de vida que nos devia fazer meditar na causa das nossas quedas, e não fazer delas um hábito, sobretudo quando o cair deixa de ser um caso a rever.
Neste passo recai todo o sentido do conto.
Não o podemos saber, mas sobre isto a escritora Clarice Lispector, possivelmente com o pensamento em alguém, disse o seguinte, tendo-se em conta que o escritor é um agente da vida de que se serve para tecer as suas análises: O hábito tem-lhe amortecido as quedas. Mas sentindo menos dor, perdeu a
vantagem da dor como aviso e sintoma.
Eis, porque, a dor de uma queda nos deve servir de aviso e não ser causa de maldição.
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