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segunda-feira, 27 de abril de 2015

A Natureza: espelho de Deus!




Disse Pascal, que a  natureza tem perfeições que mostram que é a imagem de Deus e defeitos que mostram que é apenas a imagem, donde ao olhar a beleza desta imagem, eu, seguindo o conceito do antigo matemático - e brilhante pensador - não posso deixar de concluir que ela é um espelho perfeito que nos mostra a imagem de Deus-Criador.

E não vejo que volta que se possa dar para negar tal evidência.

No poema "Quando Vier a Primavera" que se transcreve o que o heterónimo de Fernando Pessoa nos diz é que no rolar de cada Primavera - o homem pode já ter morrido - mas a força e a beleza das árvores e das flores repetir-se-ão, porque a sua realidade dispensa a sua presença física para continuar a maravilhar todos aqueles que cedem à cegueira das sua arrogâncias a beleza de se deixarem maravilhar... porque mesmo que teimem em não acreditar as flores florirão da mesma maneira.

E isto é assim, porque o Deus-Criador não deixará de se mostrar a cada geração de viventes.

Quando Vier a Primavera

Quando vier a Primavera,
 Se eu já estiver morto,
 As flores florirão da mesma maneira
 E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
 A realidade não precisa de mim.

 Sinto uma alegria enorme
 Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

 Se soubesse que amanhã morria
 E a Primavera era depois de amanhã,
 Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
 Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
 Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
 E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
 Por isso, se morrer agora, morro contente,
 Porque tudo é real e tudo está certo.

 Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
 Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
 Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
 O que for, quando for, é que será o que é.

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
 Heterónimo de Fernando Pessoa


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