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segunda-feira, 12 de maio de 2014

Os 1100 anos da construção da Igreja de São Pedro de Lourosa




  
  
Em Lembrança da data
Ocorrida no ano de 2012

Contextualização Histórica deste Exemplar
Ùnico do Estilo Moçárabe Existente em Portugal

  
1 –Lourosa um Centro de Crenças
nos Deuses Lusitanos e Romanos


Por esta localidade, possivelmente, como aconteceu em todo o território que hoje é abarcado pela Província da Beira Alta passaram alguns povos bárbaros, como: fenícios, gregos, celtas, romanos, suevos, alanos, godos e mouros, o que sendo um facto histórico, deixaram, contudo, uma névoa imensa que o devir dos tempos lança sobre os acontecimentos dos primeiros habitantes de Lourosa e, sobretudo, das suas crenças, sabido como é, que desde tempos imemoriais o homem foi um ser dotado de convicções em algo que está para além da sua natureza finita.

Mas há um acontecimento que é tido como verosímil: este pedaço do território nacional, crê-se, ter sido no decorrer do domínio romano da velha Lusitânia (1) um centro de culto não só dos deuses lusitanos, como: Atégina; Ares Lusitani; Bandonga: Bormanico; Cariocecus; Durbedicus; Endovélico; Mars Cariocecus; Navia; Trebaruna; Turiacus, como dos deuses importados que os invasores trouxeram na carga das suas crenças e que na localidade deixaram vestígios, com especial visibilidade na actual Igreja Matriz, na qual, e ao contrário do seu interior, a arquitectura da frontaria deste templo mostra uma nítida influência da arquitectura romana representada no seu arco de volta perfeita.

Este pequeno preâmbulo leva-nos a concluir que apesar de se ter como válido o ano 912 da era cristã que se encontra visível numa lápide sobre a verga da porta para situar no tempo a edificação da Igreja de Lourosa, pelo facto de terem sido encontrados e aproveitados para a sua reconstrução materiais romanos visigóticos e árabes quando se efectuaram trabalhos de restauro, este facto conduz-nos à presunção que aquele local teria sido utilizado para a prática de cultos antigos de que é prova uma ara dedicada a Júpiter ((2) considerado o protector do Estado romano e cujas legiões guerreiras penetraram na Península Ibérica com a subsequente conquista deste vasto território no período entre 218 – 201 a. C., sob o comando de Cipião no decorrer da segunda Guerra Púnica. (3) nascida das hostilidades entre romanos e cartagineses, visando, na época, Roma desferir um ataque a Cartago, como efectivamente veio a acontecer em Kissa (4) em 218, na luta acesa e sem tréguas entre as duas Repúblicas pela conquista do Mideterrâneo.

Levaram a melhor os romanos tendo ocupado quase sem resistência a região sul da Ibéria, com a expulsão dos cartagineses após a conquista do porto ibérico – a Nova Cartago – e que hoje corresponde ao actual município espanhol de Cartagena.
Aberto o caminho com a expulsão dos cartagineses da orla mediterrânica os romanos não tardaram no incremento da ocupação, tendo-se dado o primeiro confronto em terras que hoje são território de Portugal em 187 a.C., a que se viria a opor Viriato nascido em 180 na povoação de Lobriga (actual Loriga), com as consequências bem conhecidas e que levaram ao seu assassinato em 138 a. C.

A ocupação demorou até à queda do Império Romano do Ocidente em 476,  havendo assim que ter em conta que nesse longo período conhecido como: romanização da Península, este facto tenha propiciado, como aconteceu, uma profunda influência nos hábitos, costumes e construções habitáveis – e não só -  razão suficiente que torna credível a pré-existência de um templo no mesmo local onde se veio a edificar a actual Igreja de São Pedro de Lourosa, tendo os  mestres pedreiros que habitavam esta localidade utilizado parte dos materiais deixados pelos povos invasores para erguerem o templo (5)
Acresce ao que dizemos, referir uma asserção do P. Carvalho da Costa na sua Corografia Portuguesa, que aquele Monumento foi no tempo “uma fábrica de Mouros”, o que comprova a suposição daquele local – hoje uma Igreja dedicada ao culto cristão – ter sido uma morada de cultos aos deuses dos povos que residiram naquela localidade onde morrem – cansados das alturas e dos acidentes orográficos -  as últimas ondulações dos contrafortes ocidentais da Serra da Estrela.

  
2 – Os Visigodos na Origem da Comunidade Moçarabe
a cujo Estilo Obedece a Igreja de Lourosa


Decaído o poder pelo enfraquecimento do Império Romano nos finais do século II, um acontecimento que se acentuaria no século seguinte assinalado pela anarquia militar em que vários imperadores lutaram entre si devido à divisão do poder e dos territórios, os povos germânicos Vândalos e  Suevos e os Alanos, este, um povo nómada estabelecido no Cáucaso entre os rios Dom e Cáspio, invadiram em 409 a Península Ibérica onde implantaram reinos pós-romanos de duração efémera,  tendo cabido aos Alanos a expulsão dos últimos romanos da Lusitânia em 411 e o consequente domínio total dos Visigodos em 585, com a derrota final imposta aos Suevos.

Por este tempo estava em curso uma profunda crise religiosa na Igreja cristã primitiva começada em 319 por Ário, o Bispo de Alexandria fundador de uma teoria que ficou conhecida por arianismo a qual negava a existência da consubstancialidade entre Jesus e Deus, uma crença que foi sustentada pelos seus seguidores que a refinaram, dizendo que Deus seria um grande eterno mistério, oculto em si mesmo, e que nenhuma criatura conseguiria revelá-lo, visto que Ele não se podia revelar a si mesmo.

O povo visigodo seguia esta crença ao tempo em que alcançaram o apogeu em toda a Hispânia com Leovigildo, mas cujos filhos, Hermenegildo e Recaredo, em 579 abjuraram o arianismo professado pelo pai, possivelmente, influenciados pelo Édito de Milão (313) que há muitos anos havia acabado com toda a perseguição à Igreja de Roma, tanto no Ocidente como no Oriente.

Tendo-se convertido ao Catolicismo institucionalizaram os Concílios de Toledo, tendo conseguido que no III Concílio (589) fosse abolido o arianismo e conseguida a fusão com os hispano-romanos, recaindo nesse mesmo ano a proclamação do Cristianismo como religião oficial da Hispânia visigótica, pelo rei Recaredo I (586 - 601).
A conversão de Recaredo marca o início de uma estreita aliança entre a monarquia visigoda e a Igreja cristã ibérica desenvolvida ao longo do século VII, estando na origem de uma comunidade cristã que a História havia de vir a registar pelo nome de moçárabes, tendo assimilado a língua árabe durante o domínio muçulmano.


3 – O Domínio Muçulmanos de Toda a Península



O avanço dos àrabes - ou muçulmanos - na Península Ibérica 


Neste imenso território cuja ocupação começou em 711, Lourosa é um ponto minúsculo situado a sul do alto monte de Santa Cruz.
É uma povoação muito antiga com existência povoada desde o domínio árabe, como o atesta a sua Igreja (6) que é uma prova do domínio islamita que a História regista na Península quando as forças comandadas por Tarik (7) a partir de Tânger (árabes e berberes do Magreb) atravessaram o estreito de Gibraltar e penetraram profundamente na Península ocupando-a quase totalmente, salvo o enclave cantábrico onde se refugiaram os cristãos e de onde havia de partir a Reconquista Cristã.
Estes invasores tinham o islão como religião e o árabe como língua de comunicação, mesmo os berberes. (8)


4 – O rei Ordonho II Intrometido
na História de Lourosa e da Sua Igreja


Antes de situarmos a figura deste rei da Galiza (910) e de Leão (914) no tempo em que a sua figura se entronca em Lourosa em consequentemente, na sua Igreja – pelo facto de lhe ser coeva no aspecto temporal - sabe-se que o topónimo – Lourosa -  é muito anterior  ao tempo do rei Afonso III, pai de Ordonho II, não se sabendo, contudo, com alguma exactidão, a sua origem.

O que é exacto e historicamente correcto é que em Portugal a sua actual Igreja Matriz é um reflexo, após a transferência por Ordonho II da capital do Reino das Astúrias (Oviedo) para Leão, de que viria a suceder a imposição de um novo estilo arquitectural -  o da igreja moçárabe, -  diferenciado do asturiano ou mesmo da tradição visigótica.
Seguindo o costume das igrejas ao tempo edificadas em Castela e Leão estas ostentavam como suportes da construção superior os arcos de ferradura, os quais lhes davam um aspecto islâmico, que os moçárabes viriam a empregar nos territórios submetidos ao domínio muçulmano, onde viviam como cristãos, pois os maometanos, tolerantes, nos primeiros tempos lhes permitiam praticar o culto a Jesus Cristo.

A Igreja, é assim, hoje – orgulhosamente -  um marco que remontando ao ano de 912 faz deste ano o primeiro dado conhecidos quanto à sua existência, um facto que a torna coeva do tempo do rei Ordonho II (910-924).
Como apontamento histórico do clima irrequieto que marcava aqueles recuados tempos – a que não se furtou o nosso primeiro rei – deve referir-se que Ordonho II em conluio com os irmãos, Garcia e Fruela e com o apoio da mãe e da nobreza, desferiram um golpe palaciano que obrigou à abdicação do rei Afonso III, o Grande ou Afonso Magno (866-910), rei das Astúrias, a quem se ficou a dever no tempo da Reconquista Cristã iniciada por Pelágio em Covadonga ou Cangas de Onis (718) o repovoamento cristão até ao Mondego com o repovoamento de Portucale (origem do termo Terra Portucalense), Coimbra, Viseu, Lamego e Leão que viria a ser mais tarde, como já se disse a capital do Reino que só veria o seu fim em 1230.

É nele, que no ano de 914, se oficializa o centro oficial eclesiástico, ostentando à época a sua catedral dedicada a Santa Maria. (9)
Este Reino surgido com a Reconquista Cristã, ocupou até à data que assinala o seu fim, um imenso território, estendendo-se no actual território português desde Coimbra até à linha fronteiriça que hoje nos separa de Espanha.
  

5 – A Comunidade Moçarabe


Com a invasão muçulmana de 711 surgiu esta comunidade.
São designados por moçárabes – ou “arabizados” - os cristãos que ficaram nas terras dos Mouros, portanto, todos os ibéricos que viviam sob o governo muçulmano designado por  Al-Andalus. (10)

Os seus descendentes não se converteram ao Islão, mas adoptaram elementos da língua e cultura árabe. Eram principalmente católicos romanos de rito visigótico ou moçárabe.
Os moçárabes eram descendentes dos antigos cristãos hipano-góticos que se tornaram falantes do árabe durante o domínio muçulmano. Alguns eram cristãos árabes e berberes, juntamente com convertidos muçulmanos ao cristianismo os quais, na qualidade de falantes do árabe, se sentiam à vontade entre os moçárabes originais.
O moçárabe constituiu uma língua românica extinta na Península Ibérica.

Segundo se crê, na actualidade, apenas setecentas famílias moçárabes conservam vivo rito católico mais antigo da Península Ibérica
Poucas tradições persistiram à passagem dos séculos com a intensidade da comunidade moçárabe, que mantém viva a liturgia de origem hispano-goda desde que as suas terras estiveram sob domínio muçulmano. Na actualidade, a comunidade é formada por cerca de 700 famílias, a maior parte das quais de Toledo, Espanha.

Moçárabe (do árabe musta´rab, arabizado) denomina a pessoa, família, cultura e arte ibéricas que conservaram a sua identidade nos reinos árabes da Península.
As famílias que hoje em dia formam a comunidade moçárabe estão perfeitamente integradas na comunidade eclesial, embora no passado tenham gozado de grande autonomia, com líderes próprios mesmo a nível administrativo.

Uma das particularidades mais notáveis para quem se cruza com a liturgia moçárabe é a música, materializada no canto. Apesar de tudo, ainda hoje não se conseguem encontrar as chaves que permitam ler as melodias originais, escritas num conjunto de acentos graves e agudos similares ao canto gregoriano.
Outra singularidade do rito é que grande parte do mesmo é em Latim. A ordem da missa também é diferente, dado que a saudação da paz é antes da consagração e o Credo é rezado depois, enquanto no rito latino é ao contrário.

A comunidade conta com um ramo social, a Irmandade de Cavaleiros e Damas Moçárabes, onde as pessoas são admitidas aos 16 anos após uma cerimónia presidida pelo Arcebispo de Toledo, primaz de Espanha. (11)


6 – A Igreja Moçárabe de Lourosa



No século IX Lourosa era já uma terra libertada do poder mourisco


Num tempo em que a Reconquista  Cristã sacudia os invasores para sul, a cidade de Coimbra já libertada do poder mourisco havia formado com povoações situadas a norte  - entre as quais se encontrava Lourosa - uma forte comunidade moçárabe, tendo como centro territorial a cidade do Mondego que era naquele recuado tempo um importante entreposto comercial entre o norte recristianizado pelo avanço da  e o sul que ainda continuava sob o domínio dos mouros  que só viria a ter o seu epílogo com a sua expulsão definitiva de Portugal em 1249 e de Espanha em 1492, com a conquista de Granada, donde se infere que o domínio dos mouros na  Hispânia durou quase oito séculos.

É neste contexto histórico que aparece a primitiva Igreja de Lourosa, um facto que levou o historiador Damião Peres, na sua História de Portugal – ed. de Barcelos, vol. 1, pág. 448 e seg, - a referir que em 912 o território de Lourosa era já domínio dos cristãos.

Com a devida vénia, pela sua importância e rigor de análise do pormenor a partir do site: http://sigillum-militum-christi2.blogspot.com/2011/03/igreja-mocarabe-de-sao-pedro-de-lourosa.html, transcreve-se ipsis-verbis uma bela e pormenorizada descrição deste templo, cuja génese remonta aos tempos pré-românicos e configura um legado da tolerância religiosa transmitido pelos islamitas.

Planta longitudinal, regular, composta por nártex, corpo de três naves, transepto saliente e cabeceira tripartida, coincidindo o exterior com a organização interna.
Volumes articulados dispostos horizontalmente, com cobertura em telhado de duas águas no nártex, nave central, braços do transepto e capela-mor e em uma água sobre as naves laterais e absidíolos, continuando estes a cobertura exterior da capela-mor.

Fachada principal orientada, organizada em três corpos, sendo o central o único a dois registos; primeiro registo (corresponde ao nártex), saliente, definido por largo arco de volta perfeita, inserindo-se as aduelas numa moldura; telhado em empena triangular, assente em dois modilhões sem decoração; segundo registo do corpo central recuado, com ajimez axial, moldurado, definindo o telhado uma empena triangular; corpos laterais simétricos e lançados no prolongamento lateral do segundo registo do corpo central, definindo o telhado uma linha oblíqua descendente; ao centro de cada corpo, uma porta de arco recto, mais baixa e de vão menor que a do arco principal.

Fachadas laterais N. e S. simétricas, compostas por quatro corpos, correspondentes ao nártex, corpo do templo (com alçado das naves laterais e, mais recuado, o da nave central), transepto e cabeceira; a dois registos, definem-se os alçados da nave central e o corpos do transepto; corpos do nártex sem qualquer elemento divisor, assim como o das naves laterais, sendo estes os mais baixos, com telhado suportado, nos ângulos, por um modilhão de rolo; corpos do transepto com arco de descarga de volta perfeita sobre lintel recto, harmonicamente dispostos no alçado e, no segundo registo, uma pequena fresta, rasgada verticalmente; corpos da cabeceira correspondentes aos absidíolos (de menor altura e profundidade) e à capela-mor, todos sem elementos divisores. 

Fachada posterior organizada em cinco corpos, correspondentes às paredes fundeiras da capela-mor, dos absidíolos e da nave central e ao alçado nascente dos braços do transepto, divisão que tem correspondência em altura; capela-mor com uma fresta rectangular aberta a meia altura e telhado em empena triangular; absidíolos igualmente com uma fresta, mas de menor amplitude e linha de telhado oblíqua; alçados do transepto sem qualquer decoração; nave central com ajimez axial, de perfil idêntico ao da fachada principal e telhado definindo uma empena triangular.

INTERIOR: espaços diferenciados em nártex, corpo, cruzeiro, braços do transepto e cabeceira. Nártex rectangular protegido por grade de ferro; porta principal do templo com lintel recto, sobrepujado por arco de descarga de volta perfeita. Corpo do templo tripartido, com arcarias de aduelas rusticadas e molduradas sobre saiméis de grandes dimensões, comuns a duas arcarias, e colunas cilíndricas de bases e capitéis idênticos, sem decoração; suporte para baptistério no topo O. da nave lateral N., composto por base circular irregular escavada na rocha e um pequeno canal para águas; marcas da iconostase a anteceder o cruzeiro. 

Cruzeiro rectangular, separando-se da nave central por uma secção de parede sem arcarias, e dos braços por arcos diafragma em ferradura. Braços do transepto rectangulares, com cinco acessos, três interiores (para o cruzeiro, naves laterais e absidíolos) de idêntica configuração, em arco em ferradura, e dois exteriores (os virados a N. e a S.), de lintel recto com arco de descarga de volta perfeita, e duas pequenas portas voltadas a O., de vão recto, semelhante às dos alçados O. das naves laterais.

Cabeceira tripartida, não inter-comunicante, com arco triunfal em ferradura e espaços rectangulares, sendo o da capela-mor mais largo e profundo. Pavimento homogéneo em lajes de granito, à excepção de uma secção da nave central a anteceder o cruzeiro, de madeira, sobre os restos de uma necrópole.

Como já se disse a Igreja de Lourosa aponta o ano de 912 como o da sua construção – como o atesta uma lápide – tendo sofrido várias obras de manutenção e restauro como:  em 1188 a reforma de toda a parte alta da nave, logo a seguir à zona dos arcos englobando os do cruzeiro. No século XIV são executadas obras com vestígios nas fortes colunas monocilíndricas da nave e nos séculos XV, XVI e XVIII, são feitas novas obras nas capelas na zona da cabeceira e com a colocação do púlpito no arco médio e elevação do arco da capela-mor com a renovação dos suportes do coro-alto.

No século XX foram executadas obras de restauro de grande amplitude, das quais as fotos que se apresentam. (12)




As primeiras investigações provaram que nesta Igreja 
se ergue adentro da área de um cemitério bárbaro



 Perspectiva dos arco primitivos desde 
o ângulo noroeste do transepto, para as naves




Depois da restauração – perspectiva da Igreja internamente



Perspectiva geral da Igreja depois de restaurada
Ao fundo o campanário em sua nova posição


A Igreja de S. Pedro de Lourosa foi classificada como Monumento Nacional pelo Decreto 2445, DG 118, de 14-06-1916.


7 -  A Importância da velha Igreja


Bem conhecida nas redondezas a Igreja de S. Pedro de Lourosa impunha-se à admiração geral, distinguindo-se pela imposição do seu estilo arquitectónico contra outros Templos pré-românicos setecentistas, como:

 - Igreja de São Pedro de Balsemão, Lamego.
 - Igreja de Santa Maria de Meijinhos, Lamego.
- Igreja de São Amaro, Beja.
- Capela Funerária de São Fructuoso de Montélios, Braga.
- Ermida de S. Gião, Nazaré.

Sobre todas elas, a Igreja de S. Pedro de Lourosa apresentava-se altaneira, ostentando na edificação final a cultura moçarabe caracterizada pela utilização de arcos de ferradura que lhe davam a nobreza das linhas mais ampliadas que as do semicírculo, uma novidade na arquitectura da época no território que viria a ser – mais tarde – parte integrante de Portugal.
Não o podemos dizer com verdade, mas este facto por não ter sido de forma alguma despiciendo, naturalmente, foi decisivo para a aura desta construção ao gerar naquela época, um facto que ultrapassava a função eclesial da Igreja.

E tanto assim foi, que pelos motivos já apontados, ao tempo, fidalgos abastados chegaram a ter tribuna própria de onde assistiam os actos litúrgicos.
Este episódio é asseverado por José Fontinha Pereira (13) ao assinalar que tendo o Piódão pertencido durante vários séculos à freguesia religiosa de Lourosa – localidades separadas por cinco léguas -  alguns naturais daquela localidade, hoje considerada “aldeia histórica”, ali se deslocavam para tomar assento na sua tribuna, concluindo o autor que era a Lourosa que o povo do Piódão ia à Missa, fazer casamentos, baptizados e enterrar os seus mortos. (14)

Foi tal o entrosamento histórico que segundo o mesmo autor, ainda hoje existe em Lourosa uma casa denominada: “Casa do Piódão”.

  
8 – Alguns Acontecimentos Coevos


·         Na cadeira de S. Pedro sentava-se o Papa Anastácio III (911-913). Deve-se-lhe no seu breve magistério o pedido de apoio para a evangelização do continente europeu.

·         Em Córdoba, Espanha, os remanescente da dinastia omíada que incumbiu Tarik do comando da invasão muçulmana fundam um  califado sob o comando de Abd al-Rahman III proclamando-o Califa de Córdova e governante de todos os Mouros na Peninsula Ibérica (914)

·         Construção da Abadia de Cluny, em França.

·         Na Rússia é criado o Grã-ducado de Kiev.

·         A  Mesopotâmia e a Síria estão sob o domínio assírio de Assur-Dan II.

·         Afonso III, rei das Astúrias (848-910) manda edificar o actual tempo de Santiago de Compostela, dando-se início às peregrinações que atingiram um brilho imenso logo a partir da primeira década do século IX.

·         Carlos III  “O Simples”, rei de França, (898-922) cede parte do território francês aos Normandos (911) donde veio a resultar a actual Normandia.

·         Decadência da civilização Maia, a mais sofisticada e bela do Novo Mundo antigo.

·         23 de Novembro de 912 – nasce Oto I da Germânia, imperador do Sacro Império Romano.

·         Nasce (912) Minamoto,  futuro Samurai e importante figura da história do Japão.
·         23 de Novembro de 912, nasce Otão I, que viria a ser: Sacro Imperador Romano-Germânico.

·         Falece em 912, Abdallah ibn Muhammad, sétimo emir de Córdoba.

·         11 de Maio de 912, falece Leão VI de Bizâncio.

·         Fim do Império carolíngio em 911, com a morte de Luís, o Jovem.

·         Tomada de Garigliano (Itália) em 915, a última colónia muçulmana.



9 – Datas Assinaláveis  Directa  ou Indirectamente
Relacionadas com Lourosa  e a  sua Igreja 
entre os séc. XII a XXI (15)


Cronologia:

1119, 13 de Maio - Doação de Lourosa à Sé de Coimbra, feita pela Condessa D. Teresa;

1121, 8 de Fevereiro - D. Gonçalo Pais, bispo de Coimbra, doa Lourosa ao presbítero Osório, "com a obrigação de este edificar, plantar e povoar" (BARROCA, 2000, vol.2, t.1: 33);

1132, 2 de Novembro - D. Afonso Henriques coutou a povoação;

1188 - Inscrição apontada como indicadora da reforma românica *1;

1258 - Nas Inquirições, Lourosa é referida como propriedade da Ordem do Hospital;

1282, 14 de Agosto - primeira referência à comenda de Oliveira do Hospital como pertença da Ordem do Hospital;

1347, 6 de Fevereiro - primeiro foral da localidade, passado pelo Bispo de Coimbra*2;
Séc. XV-XVI - datação provável de quatro fragmentos de inscrições, alguns associados a uma capela de São Martinho, que terá existido "para a parte da cabeceira" (GONÇALVES, 1980: 43, 50);

1514, 12 de Setembro - foral manuelino;

Séc. XVI - construção de um retábulo maneirista, de que apenas se conhecem fragmentos (PESSANHA, 1927: 67);


1677 c. - Instituição da Capela de Nossa Senhora da Piedade, por Simão Tavares e Susana de Bárquia;

Séc. XVIII, primeira metade (prov.) - campanha de obras *3; existência de uma capela dedicada aos Mártires, de difícil localização (GONÇALVES, 1980: 51);


1811, Março - ataque napoleónico, com incêndio e destruição de imagens, pedras de ara e capelas privadas (CAETANO, 1989: 30);

1909 - Primeiras fotografias, da autoria de Marques de Abreu *4;

1911, Agosto - Visita de Vergílio Correia;

1911, Outubro - Visita de Joaquim de Vasconcelos; Data da primeira tentativa de reconstituição do plano original *5;

1912 / 1916 - picagem de paredes, pondo a descoberto arcos em ferradura e outros elementos de aparelho;

1916, Maio - segunda tentativa de reconstituição do plano original, por José Pessanha *6; primeira aproximação da igreja de San Pedro de la Nave *7;

1919 - Terceira tentativa de reconstituição do plano original, por Manoel Gómez Moreno *8;

1929, Abril - criação da DGEMN;

1929, Novembro - Primeiro projecto de José Vilaça *9;

1929 - Início das sondagens arqueológicas na cabeceira, com vista ao restauro;

1930 - Visita de José Vilaça à Galiza (Santa Comba de Bande; San Miguel de Celanova; San Pedro de Rocas);

1930, 1 de Junho - Discurso solene diante da igreja, com o objectivo de se iniciar o restauro *10;

1930 - Baltazar de Castro alarga a área de sondagem e encontra outros alicerces na zona da cabeceira; conclusão pela não adequação do projecto de Vilaça; Baltazar de Castro fica encarregue de apresentar novo plano;

1931 - arranque das obras; 1931 - conclusão de que as propostas de Baltazar de Castro não correspondiam à totalidade dos alicerces originais;

1931, Junho - Segundo projecto de José Vilaça *11;

1931, 28 de Julho - envio de cópia do projecto a Manoel Gómez Moreno, para parecer;

1931, 2 de Agosto - Resposta de Gómez Moreno, com indicações e propostas pontuais*12;

1931, Setembro - Projecto definitivo de José Vilaça *13;

1931, 22 de Setembro - João de Moura Coutinho, debatendo-se com problemas no restauro de São Frutuoso de Montélios, convida Manoel Gómez Moreno a visitar Portugal;

1931, 11 de Outubro - Carta de Gómez Moreno a Vilaça dando conta do convite de João de Moura Coutinho; Ruptura entre Marques de Abreu e Baltazar de Castro;

1931, Dezembro - Publicação do projecto definitivo de José Vilaça;

1932, Março / Abril - Baltazar de Castro ainda não havia apresentado o plano de restauro;

1932 - Data constante das plantas e alçados do projecto de Baltazar de Castro *14;

1934 - Monografia de Aguiar Barreiros, criticando erros do restauro, em particular as cérceas; reconstituição do possível arco triunfal original *15;

1938, 30 de Janeiro - Presidente da Junta de Freguesia de Lourosa queixa-se a Baltazar de Castro pelo lamentável estado do pavimento, em consequência da chuva que ultrapassa o telhado;

1948 - Direcção de Serviços de Lisboa da DGEMN pede à 4ª secção os desenhos e plantas para publicação do Boletim de Restauro;

1952 - António Nogueira Gonçalves propõe a existência de uma torre sobre o cruzeiro;

1953, 25 de Outubro - Homenagem da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital a Joaquim de Vasconcelos, realizada em Lourosa;

1953, 23 de Novembro - Fausto Lopes da Silva dá conta à DGEMN de que o pároco havia vendido um número incerto de imagens;

1966, 15 de Novembro - Pároco de Lourosa reclama obras;

1992 - Manuel Luís Real reconstitui hipoteticamente o friso de arquinhos cegos da torre cruzeira;

2002 - nova proposta de reconstituição do projecto original *16.
 
Elucidações das notas a que o texto cronológico alude:

*1 - Praticamente desconhecida. Admite-se que possa ter sido uma reforma estrutural e não decorativa, incidindo sobre as partes altas e sobre a organização espacial pré-românica: supressão da tribuna ocidental; supressão da iconostase; nova configuração da cabeceira, que terá passado a ser escalonada e quadrangular; destruição da torre cruzeira; adossamento de uma torre campanário à secção N. do nártex, ou prolongando o corpo da igreja, suprimindo-se também o nártex, que passou a estar integrado no corpo (FERNANDES, 2002: 217 e 220 - 227);

*2 - Apesar de Tarquínio Hall equacionar um foral anterior, cujo conteúdo e data se desconhece (HALL, 1993: 50);

*3 - Diversos trabalhos no interior do templo, com renovação de capelas e construção de um coro alto, de madeira. Terá sido nesta altura que se reformulou parte da cabeceira, hipótese ainda não inteiramente provada;

*4 - Informação de VASCONCELOS, Outubro de 1911: 78. Esta data é contrariada pelo próprio Marques Abreu (1930: 140), que dá a Primavera de 1811 como a das primeiras fotografias. PESSANHA, 1927: 76 indica que a data da visita de Marques Abreu é 1908;

*5 - Planta igual à de São Pedro de Balsemão, com três naves e cabeceira de dependência única, quadrangular. Diferia pelo maior prolongamento do corpo e pelo menor comprimento da capela-mor (em oposição às proporções de Balsemão);

*6 - Corpo de três naves (reduzido a metade do comprimento da proposta de Vasconcelos), transepto saliente e cabeceira tripartida escalonada de dependências quadrangulares, com a capela-mor mais larga e mais comprida que os absidíolos. Não coincidência da cabeceira com os muros existentes: arco triunfal situado mais a nascente; redução dos braços do transepto a um/quarto e desenho de dois absidíolos a ladear a capela-mor;

*7 - Então datada de época visigótica, embora hoje se equacione uma cronologia em plena primeira metade do Séc. X;

*8 - Corpo de três naves como proposto por Pessanha, antecedido por nártex de duplo compartimento (o central, mais largo e correspondendo à nave central e uma escadaria a N. dando para uma eventual tribuna superior); transepto e cabeceira idênticos aos propostos por Pessanha, com a adição de uma iconostase a separar a nave central do cruzeiro;

*9 - Manutenção do corpo de três naves escalonado proposto por Pessanha; nártex de compartimento único correspondente à largura da nave central e de altura idêntica à das naves laterais; ausência de transepto; cabeceira tripartida quadrangular, não saliente, com capelas intercomunicantes; pequeno presbitério a E. da capela-mor, de dimensões muito reduzidas e com acesso através de um arco em ferradura de menor vão que o triunfal. Ajimez axial sobre o nártex, no prolongamento da fachada principal; iluminação lateral da nave central através de três frestas harmonicamente dispostas e das naves laterais por duas frestas e por porta no tramo mais próximo da cabeceira; iluminação E. através de três janelas correspondentes aos três volumes (presbitério, capela-mor e nave central);

*10 - Discurso de Marques de Abreu. Estiveram presentes Alfredo Magalhães (Ministro das Obras Públicas), Henrique Gomes da Silva (Director Geral da DGEMN), Baltazar de Castro (Director dos Monumentos Nacionais do Norte), Manuel de Aguiar Barreiros e José Vilaça;

*11 - Nártex maior que no primeiro projecto; manutenção do corpo em três naves, com acrescento de uma sacristia a N., sensivelmente com as mesmas proporções que as naves laterais; transepto saliente; iconostase a separar a nave central do cruzeiro (de dois andares, o primeiro de tripla arcada e o segundo com três janelas em arco em ferradura harmonicamente dispostas em relação aos vãos inferiores); cabeceira tripartida e escalonada, quadrangular; colocação da torre sineira no prolongamento N. da fachada O. da sacristia, com ligação através de um arco em ferradura inventado; inexistência de frestas laterais na nave central, mas duas em cada alçado das naves laterais; inexistência de vãos de iluminação nos topos superiores do transepto; arco triunfal inserido em alfiz; capela-mor com telhado de três águas;

*12 - Recusa do local da torre e da construção de uma sacristia; recusa em construirem-se novas aduelas rusticadas; supressão de janelas nas naves laterais; colocação de aximezes nos braços do transepto; configuração tripartida da janela da cabeceira, à maneira asturiana;

*13 - Em relação ao anterior, supressão da torre, arco em ferradura e sacristia; colocação do altar a meio da capela-mor e não adossado à fachada E.; alteração do segundo registo da iconostase, passando a ter três séries de três arcos em ferradura; supressão de vãos de iluminação nas naves; colocação de aximezes nos torpos do transepto; capela-mor com telhado de duas águas; maior abertura do arco triunfal e supressão do alfiz que o envolvia; janela tripartida na fachada E. da capela-mor;

*14 - Nártex de compartimento único, maior que o proposto por Vilaça; manutenção do corpo de três naves; transepto saliente com arcos diafragma a separar o cruzeiro dos braços e estes das naves laterais; cabeceira tripartida escalonada e quadrangular, de capela-mor e dius absidíolos muito pequenos. Inexistência de solução a dar à iluminação E. da capela-mor e da nave central; ajimez no alçado O. da fachada principal; arco do nártex com aduelas inseridas numa moldura; arco da porta principal e das portas do transepto de volta perfeita, com lintel recto; inexistência de frestas nos alçados laterais; recusa de um museu no narthex; abandono da iconostase;

*15 - Composto por colunas classicizantes, com grandes impostas de rolos, material fotografado por Marques Abreu e ainda visível no local na altura do restauro;

*16 - FERNANDES, 2002: Igreja de planta longitudinal, antecedida por nártex de duplo compartimento em altura (com dependência térrea e tribuna superior dando directamente para a nave central), mas planimetricamente correspondendo à nave central. Corpo tripartido em naves de três tramos, separadas entre si por arcarias de tripla arcada em ferradura, com iluminação lateral para a nave central, através de janelas de arco em ferradura harmonicamente dispostas nos alçados e axialmente em relação ao fecho de arco das arcarias formeiras. Cruzeiro separado da nave central através de uma iconostase, de que se desconhece a configuração. Braços do transepto separados das naves laterais e do cruzeiro através de arcos-diafragma em ferradura. Cruzeiro rectangular com cobertura em madeira e abundante iluminação, através de quatro (ou dois) ajimezes integrados ao centro do friso de arcos cegos que decorava a torre cruzeira. Cabeceira tripartida, mas de configuração desconhecida, aceitando-se a forma escalonada actual ou, ao invés, de parede nascente única, correspondendo a uma maior profundidade dos absidíolos. Em altura, nártex e nave central deveriam estar à mesma altura, apenas superada pela torre cruzeira, espaço volumetricamente mais proeminente; naves laterais e braços do transepto mais baixos que a nave central; cabeceira desconhecida, sendo de aceitar uma gradação volumétrica entre capela-mor (mais elevada) e absidíolos;


10 – Notas Finais


1 – Visitei a Igreja de São Pedro de Lourosa em 1984, levando por companhia um saudoso Padre e meu ilustre amigo, que Deus já lá tem.
Na altura fez de meu cicerone e deu-me com a proficiência da sua vasta cultura eclesial um retrato fiel deste precioso e único Monumento.

Foi uma aula de História, de um tempo em que Portugal ainda não existia e que eu recebi dentro daquela velha Igreja, olhando as pedras antigas que pareciam falar enquanto o Padre José Vicente discorria e embelezava aquele momento com a sua ilustre palavra, cujo eco enchia o velho templo enovelando-se nos arcos em ferradura e subindo em timbres, que hoje são uma saudade, até se esbateram no mais alto da sua nave central.
Foram achegas que guardei, logo ali, de memória e, depois – num tempo breve – as retive e ampliei em letra que se visse para memória futura.

 De tal forma o fiz que pesem, embora, todos os defeitos, serviram em grande parte para a elaboração deste trabalho, muito longe de pensar que o labor literário da altura que teve – a meu pedido, por se tratar de um templo cuja história o meu cicerone conhecia muito bem -  o  parecer carinhoso  daquele ilustre Amigo,  viria a ter expressão no ano em que se comemoram os 1100 anos da construção da Igreja de São Pedro de Lourosa, tendo-se-lhe guardado mesmo com as obras de restauro que se fizeram o aspecto da arquitectura moçarabe que chegou até aos nossos dias para honra e glória dos homens bons que respeitaram aquela jóia e, que hoje, o querem continuar a fazer.

2 -  Todas as datas inseridas neste documento (a partir do séc. V) foram colhidas na “Tábua Cronológica da História de Portugal. Transcrição da Cronologia da História de Portugal, in Dicionário de História de Portugal, Dir. Joel Serrão, Porto, Livraria Figueirinhas, Lisboa, volume VI, 1985.

3 - As fotos que se apresentam são da autoria do arqueólogo Manuel de Aguiar Barreiros, ano de 1934 e que com toda a vénia se reproduzem neste documento pela importância histórica de que se revestem.  



(1)  -  A Lusitânia provém de “lusitani”, povo provavelmente de origem celta, das palavras “lus” e “tanus”, “tribo dos lusus”. Terá sido fundada no ano 900 a. C., logo muito antes da invasão de Roma. Abarcava o território desde o Tejo à costa cantábrica, tendo a Ocidente o Atlântico e a Oriente as terras de tribos célticas. Quando em 29 a.C. foi criada por Augusto a província Lusitânia, o limite ao norte passou a ser o Douro e ao sul ultrapassou o Tejo, anexando grande parte da Estremadura, Alentejo e Algarve e a oriente ocupou parte das terras dos célticos. Apesar de as fronteiras da Lusitânia não coincidirem com as de Portugal de hoje, os povos que aqui habitaram são a base etnológica dos portugueses do centro e sul. Desde épocas remotas que esta faixa territorial foi ocupada pelo homem.

(2)  - Na mitologia romana Júpiter é o pai do deus Marte. Assim, Júpiter é o avô de Rómulo e Rémulo os lendários fundadores de Roma. Júpiter é filho de Saturno e Cíbele

(3)  - A Segunda Guerra Púnica é o mais conhecido dos confrontos bélicos acontecidos no quadro das Guerras Púnicas entre as duas potências que então dominavam o Mediterrâneo ocidental: Roma e Cartago. A contenda acostuma datar-se desde 218 a.C., data da declaração de guerra de Roma após a destruição de Sagunto, até 201 a.C., em que Aníbal e Cipião acordaram as condições da rendição de Cartago. Foi através da vitória neste conflito que Roma começou sua grande expansão.

(4)  -  Trata-se de um local que  os alguns historiadores identificam com Guissona, na actual província de Lérida.

(5)  - Aliando a um fundo visigótico elementos árabes, a matriz de Lourosa encontra-se, por isso mesmo, integrada no estilo moçárabe; que é tal, à míngua de características bem definidas, o qualificativo que se convencionou dar a todas as igrejas conservadas ou edificadas pelos cristãos da Espanha que viviam sob o domínio muçulmano. (1n, "A igreja de São Pedro de Lourosa" - Manuel de Aguiar Barreiros, 1934

(6)  - in, Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. 15 – pag. 514

(7) -  Tarik  foi um general muçulmano que liderou a conquista visigótica da Hispânia em 711 sob as ordens do califa omíada Al-Walid I.

(8)  - Os berberes eram – como ainda hoje -  um conjunto de povos do Norte de África que falam línguas berberes, da família de línguas afro-asiáticas.

(9)  - P. Miguel de Oliveira, in Fátima, Altar do Mundo-vol.I, pág. 39

(10)  - Al-Andalus  foi o nome dado à península Ibérica pelos seus conquistadores islâmicos do século VIII, tendo o nome sido utilizado para se referir à península independentemente do território politicamente controlado pelas forças islâmicas.

(11) - in, Agência Ecclesia – 30 de Abril de 2011.

(12) - As imagens e legendas abaixo são excerto das Estampas do livro "A igreja de São Pedro de Lourosa do arqueólogo Manuel de Aguiar Barreiros, editado em 1934

(13)  - in, Livro PIÓDÃO, de José Fontinha Pereira - pág. 87.

(14) - Idem, ibidem, pág. 88.

(15)  - in, blogue SIGILLUM MILITUM CHRISTI – 7 de Março de 2011 - (fonte: IHRU)

1 comentário:

  1. gostei de ler. Cada um teve a sua aula de história e conta o que lhe contaram. Eu que sou descendentedos de um dos primeiros povoadores de Lourosa após de 1836, e com historia de familia e nao do padre Vicente. Os poucos documentos existentes deixam muitas lacunas onde os inventores fazem a sequência da sua historia.

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