Fachada da Igreja Paroquial de Nossa Senhora do Amparo
da autoria do Mestre Arquitecto João Francisco Ludovice
Joia dos tempos d'antanho.
És um corcel que cavalga
Os tempos que não apanho.
Quanto tu tinhas, decerto,
Palácios, fidalgos, campónios,
E ribeiras que corriam
A céu aberto.
Entre ti, no tempo antigo,
E a Lisboa ribeirinha
Havia o cheiro das hortas
E liteiras à tardinha
Trazendo os faias marialvas
E todo o povo que vinha
Seroar fora de portas!
Vinham mestres calafates,
Cadetes, marujos, arrais,
Fidalgos e alfaiates
E outros tantos, que tais!
E outros vinham mercar
Couves, repolhos, alfaces,
Fruta e vinho para dar
Mais saúde e cor às faces!
Vinham de noite à terra boa
Sempre a correr, sem vagares!
E no trote das muares
Levavam víveres a Lisboa!
Aos poucos, porém, a Cidade
Foi estendendo o seu braço
E mesmo velhinha, na idade
Benfica da antiga idade
Fechou-a num quente abraço!
E esse namoro não finda.
Por ti a grande Cidade
Torna-se tão atrevida
Que sobe a Benfica, ainda,
Porque a quer fazer mais linda
Dando-lhe mais cor e mais vida!
1990
Trabalho enviado para o antigo programa
"Passeio das Virtudes" da Antena Um
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