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quinta-feira, 1 de maio de 2014

A subversão da sociedade moderna



Nos anos recentes – mais concretamente, no último quartel do século XX – o mundo conheceu uma mudança profunda no modo de conceber os valores morais, um facto que veio a ter influência decisiva no modo de agir e de pensar das pessoas com todos os meios de comunicação social a fazer reflexos das atitudes mundanas, onde passaram a ter cobertura até as menos recomendáveis – por culpa directa – daqueles homens e mulheres que perderam muito da dignidade pessoal que tinham o direito de precaver, se não fora uma certa libertinagem que tomou conta deste mundo.

Nem tudo foi negativo, no entanto.
Mas uma grande parte destas mudanças comportamentais foram negativas, porque estando falhas de  uma estrutura respeitadora dos princípios básicos que formam os cidadãos de corpo inteiro, passaram a dar-se inequívocos sinais violadores da dignidade humana, como foi a difusão da pornografia e da violência a que esta conduz o homem e a mulher, que não raro, passaram a vender os seus corpos no cinema da especialidade – e não só -  no teatro, em vídeos, na publicidade, deixando perceber às escâncaras uma sexualidade permissiva.

Passou-se a consentir a exaltação da violência gratuita que sendo um mal que tem acompanhado o homem desde todos os tempos, deveria ter merecido um tratamento mais condizente com a urbanidade que se conquistou no seio dos povos, mas tal não aconteceu, como seria de esperar, pois a pornografia ao alcance dos adultos – passou a estar, do mesmo modo – ao alcance dos jovens que a passaram a ver escancarada a toda a hora.

Ao corromper a sociedade, em primeiro lugar, dos países mais ricos, como um polvo gigante estendeu os seus tentáculos até aos países mais pobres, decapitando à nascença todos os valores morais que eram inculcados aos jovens, que passaram a ter nos seus próprios lares meios de divulgação inacreditáveis e só consentidos pelo abaixamento moral dos pais que se viram ceifados por uma onda descristianizada a que não puderam fazer frente, mercê de políticas liberalistas e permissivas conduzidas por líderes ansiosos de glória e de vitórias conquistadas por votos arregimentados a qualquer preço, como um tributo pago a uma modernidade enganosa.

Sobre este estado de coisas, continua, no entanto a ser aos pais que deve cumprir a tarefa primeira de inverter a situação, começando por dar às crianças e jovens uma sadia educação sexual, baseada no respeito pela outra pessoa – e não deixar isso à Escola - de tal forma que eles cresçam sabendo discernir de tudo quanto lhes é dado ver, fazendo do amor – não o método permissivo que temos hoje, um pouco por todo o lado e em todos os graus do ensino – mas, antes, o meio verdadeiro onde se caldeiam os sentimentos em ordem à assunção de uma vida plena de comportamentos sadios, tendo em vista a felicidade, que só tem morada exacta, onde existe esse campo da harmonia humana que faz dos actos e das palavras meios de engrandecimento pessoal e, logo, da colectividade.
Há que ter neste campo da palavra muita atenção, porque ela é um meio eficaz de que se serve a pornografia para subverter a moral e os costumes.

Lê-se na Carta de S. Tiago que “De uma mesma boca procedem a bênção e a maldição” (1) donde se depreende a necessidade social de usarmos termos condignos da dignidade que temos, enquanto cidadãos espirituais e responsáveis pela concertação do mundo, que temos o dever de conseguir, cada um, nos locais onde decorre a sua existência, não utilizando, por isso, a arma da  palavra obscena que ao sair da boca desde logo se vira contra o próprio, retirando-lhe a dignidade humana de que é portador.

Tenhamos a certeza que neste mundo desbocado estão faltando, precisamente, palavras semelhantes a bênçãos, proliferando em demasia as que sugerem anátemas, como o do pornografia hodierna que se serve das palavras impróprias para erguer – como o tem feito - o campo destruidor da condição humana como deve ser vivida e não malbaratada como tem vindo a acontecer.



(1)  - Tg 3,10

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