Nos anos recentes – mais
concretamente, no último quartel do século XX – o mundo conheceu uma mudança
profunda no modo de conceber os valores morais, um facto que veio a ter
influência decisiva no modo de agir e de pensar das pessoas com todos os meios
de comunicação social a fazer reflexos das atitudes mundanas, onde passaram a
ter cobertura até as menos recomendáveis – por culpa directa – daqueles homens
e mulheres que perderam muito da dignidade pessoal que tinham o direito de
precaver, se não fora uma certa libertinagem que tomou conta deste mundo.
Nem tudo foi negativo, no
entanto.
Mas uma grande parte
destas mudanças comportamentais foram negativas, porque estando falhas de uma estrutura respeitadora dos princípios
básicos que formam os cidadãos de corpo inteiro, passaram a dar-se inequívocos
sinais violadores da dignidade humana, como foi a difusão da pornografia e da
violência a que esta conduz o homem e a mulher, que não raro, passaram a vender
os seus corpos no cinema da especialidade – e não só - no teatro, em vídeos, na publicidade,
deixando perceber às escâncaras uma sexualidade permissiva.
Passou-se a consentir a
exaltação da violência gratuita que sendo um mal que tem acompanhado o homem
desde todos os tempos, deveria ter merecido um tratamento mais condizente com a
urbanidade que se conquistou no seio dos povos, mas tal não aconteceu, como
seria de esperar, pois a pornografia ao alcance dos adultos – passou a estar,
do mesmo modo – ao alcance dos jovens que a passaram a ver escancarada a toda a
hora.
Ao corromper a sociedade,
em primeiro lugar, dos países mais ricos, como um polvo gigante estendeu os
seus tentáculos até aos países mais pobres, decapitando à nascença todos os
valores morais que eram inculcados aos jovens, que passaram a ter nos seus
próprios lares meios de divulgação inacreditáveis e só consentidos pelo
abaixamento moral dos pais que se viram ceifados por uma onda descristianizada
a que não puderam fazer frente, mercê de políticas liberalistas e permissivas
conduzidas por líderes ansiosos de glória e de vitórias conquistadas por votos
arregimentados a qualquer preço, como um tributo pago a uma modernidade
enganosa.
Sobre este estado de
coisas, continua, no entanto a ser aos pais que deve cumprir a tarefa primeira
de inverter a situação, começando por dar às crianças e jovens uma sadia
educação sexual, baseada no respeito pela outra pessoa – e não deixar isso à
Escola - de tal forma que eles cresçam sabendo discernir de tudo quanto lhes é
dado ver, fazendo do amor – não o método permissivo que temos hoje, um pouco
por todo o lado e em todos os graus do ensino – mas, antes, o meio verdadeiro
onde se caldeiam os sentimentos em ordem à assunção de uma vida plena de
comportamentos sadios, tendo em vista a felicidade, que só tem morada exacta,
onde existe esse campo da harmonia humana que faz dos actos e das palavras
meios de engrandecimento pessoal e, logo, da colectividade.
Há que ter neste campo da
palavra muita atenção, porque ela é um meio eficaz de que se serve a
pornografia para subverter a moral e os costumes.
Lê-se na Carta de S.
Tiago que “De uma mesma boca procedem a bênção e a maldição” (1) donde
se depreende a necessidade social de usarmos termos condignos da dignidade que
temos, enquanto cidadãos espirituais e responsáveis pela concertação do mundo,
que temos o dever de conseguir, cada um, nos locais onde decorre a sua
existência, não utilizando, por isso, a arma da
palavra obscena que ao sair da boca desde logo se vira contra o próprio,
retirando-lhe a dignidade humana de que é portador.
Tenhamos a certeza que neste mundo desbocado estão
faltando, precisamente, palavras semelhantes a bênçãos, proliferando em demasia
as que sugerem anátemas, como o do pornografia hodierna que se serve das
palavras impróprias para erguer – como o tem feito - o campo destruidor da
condição humana como deve ser vivida e não malbaratada como tem vindo a
acontecer.
(1) - Tg 3,10
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