Passageiro Clandestino
No porta-mala do meu
automóvel
Levo um anjo
escondido...
Quando chegamos a um
descampado,
Ele sai lá de dentro,
estende as asas, belas como a vitória
E aí, então, nos seus
ombros, dou uma longa volta pelos céus da cidade...
Mario Quintana
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A este brasileiro do Rio Grande do Sul que tem nele um expoente literário de grandeza intelectual, em que a Poesia teve um papel preponderante na sua Obra, deve-se entre muitas belezas do seu lúcido pensamento este "Passageiro Clandestino", um tema inserido na liberdade poética de que, ao longo dos tempos milenares, os Poetas se têm servido para explanar os seus sonhos quiméricos, mas onde, sem deixar de existir uma esperança irrealizável, têm o condão de dizer a todos os homens que é possível, por vezes, sair fora da realidade... e sonhar...
Mas, quando preciso for, descer à terra e ter a noção da vida real, que é por aí que todo o homem deve construir a vida, como ele disse, um dia, nesta reflexão que nos devia inquietar, sobretudo, àqueles que vivem a vida por demais descuidados:
Mas, quando preciso for, descer à terra e ter a noção da vida real, que é por aí que todo o homem deve construir a vida, como ele disse, um dia, nesta reflexão que nos devia inquietar, sobretudo, àqueles que vivem a vida por demais descuidados:
Não faças da tua vida um rascunho. Poderás não ter tempo de o passares a limpo.
Mas do rascunho de que ele fala, se houver sempre o propósito de o passar a limpo, "não deixando para amanhã o que podemos fazer hoje", que nos momentos de lazer o homem de compraza e vá - Passageiro Clandestino - embarcado nas asas do seu anjo num desejo irreprimível de ver de cima os telhados da sua cidade, que a vida também se vive dos sonhos que vamos tendo!
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