Não passei distraído por aquele local da grande cidade, porque os meus olhos se fixaram na beleza deste arbusto sabiamente arredondado, escondendo as pontas soltas ou pontiagudas, mercê da arte do jardineiro que ali quis deixar para quem a pudesse reflectir - e eu dou graças a Deus por tê-lo feito naquele momento - uma reflexão da similitude que existe entre a harmonia daquela forma vegetal e a desarmonia de muitas vidas, por demais, cheias de arestas.
A reflexão é esta sobre o binómio harmonia e o seu contrário, mas neste aspecto, pensando apenas no lado humano das vidas com que nos cruzamos todos os dias, seja onde seja, vendo e sentindo um Mundo que parece ter perdido o equilíbrio da compostura em qualquer dos campos em que se desenrola a grande roda da vida.
Manda a boa educação atender que a diferença das ideias ou dos sentimentos deviam ser um motivo de ajuda no sentido da subida humana no seu respeito pelo outro e nunca serem um motivo de o achincalhar, passando-lhe por cima e ferindo-o com as arestas das palavras - senão da violência - e magoando-o, muitas vezes, sem retorno de um regresso atrás pela desculpa ou pelo abraço que trazem sempre com eles a harmonia que é preciso refazer.
Foi por isto, que as arestas cortadas daquele arbusto citadino me deixou a pensar na desarmonia de um Mundo cruel, onde a falta de educação cívica está a causar danos irreversíveis, tantas vezes, pois que, sendo lícito discordar do outro, tal atitude não pode nem deve ser de ofensa pessoal, na certeza que - como alguém disse - cada homem ou mulher é meu irmão ou irmã.
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